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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Sopa Ayurvédica do Manju


A comida que acompanha bem o estilo de vida de um praticante de Yoga é leve e satwica. O ideal é uma sopa com grãos. Segue uma receita dada no workshop de Manju Jois que aconteceu esse mês em Florianópolis (SC), ele garante que essa sopa deixará sua casa inteira com cheiro do Sul da Índia.


Ingredientes:

2 xícaras de lentilhas vermelhas

1 colher de chá de cúrcuma

3 colheres de óleo de gergelim

Pimenta calabresa a gosto

2 punhados de semente de coentro

1 punhado de cominho

1 colher de sobremesa de feno grego

1 colher de sobremesa de pimenta do reino em grãos

Leite de coco (opcional)

Sal e vinagre a gosto


Preparo:

Coloque as lentilhas em água fervente (o suficiente para cobri-las). Acrescente a cúrcuma e uma colher de óleo de gergelim. Enquanto a lentilha ferve, coloque o restante do óleo de gergelim em uma frigideira e acrescente todos os temperos, com exceção do sal e vinagre. Deixe que fritarem até sentir o aroma e moa tudo em um liquidificador. Se gostar de leite de coco pode acrescentar aos temperos enquanto bate.

Junte os temperos às lentilhas e deixe ferver por mais 15 minutos em fogo baixo. Finalize com sal e vinagre a gosto.

O professor ainda sugere acrescentar uma colher de arroz à sopa.


Agradecimento: Ana Cláudia Lopes

Foto: Rosangela Castellari



quinta-feira, 28 de abril de 2011

Kirtan online com Jai Uttal


Queridos amigos,


Por muitos anos devotos de todos os lugares do mundo me procuraram na esperança de organizar um evento em sua comunidade. Apesar de aceitar muitos desses convites, por causa das realidades da vida diária – as dificuldades de viajar e a doce alegria de ser papai – cada vez mais me sinto incapaz de alcançar os muitos cantos da terra pessoalmente para compartilhar meus cânticos. Pra mim é sempre muito difícil dizer "não".


A boa notícia é que, vendo milhares de devotos de kirtan online e interagindo diretamente comigo pelo Facebook, Twitter e e-mail, agora temos a oportunidade de assistir aos meus kirtans online.


Com o lançamento do BhaktiCast, oferecerei uma série de performances, aulas, conversas e concertos ao vivo, que você poderá experimentar no conforto da sua casa. Você também receberá acesso a arquivos de vídeos por seis meses após a transmissão. Seja parte do programa e sugira músicas, cânticos e tópicos de discussão.


Namaste,

Jai Uttal


inscreva-se aqui.



quarta-feira, 27 de abril de 2011

Yoga e Ayurveda

Por Gustavo Ponce

A maior parte dos ocidentais identifica o Yoga com posturas físicas (asanas), uma pequena parte dessa ciência milenar. Mas as posturas são um gancho para entrarmos em suas práticas espirituais, como os mantras e a meditação.

O Ayurveda é cada vez mais conhecido no ocidente como um sistema de medicina natural. Sem dúvida o aspecto físico da cura por meio de ervas e dietas é apenas uma pequena parte dessa ciência. A parte mais importante é a que trata da cura do corpo sutil e da mente (que inclui práticas iogues e meditação).

O que a maioria das pessoas desconhece é a relação estreita entre Yoga e Ayurveda. Primeiro de tudo, elas têm uma raiz comum: a tradição védica da Índia. Ambas as disciplinas se desenvolveram ao mesmo tempo e sempre foram usadas juntas. Por esse motivo, aqueles que se interessam por uma delas se beneficiam dos estudos da outra. A maioria dos livros de Yoga no ocidente fala muito pouco sobre o Ayurveda, mas não existe nenhum livro de Ayurveda que não fale de Yoga. Tanto o Yoga clássico quanto o Ayurveda enxergam o indivíduo como um todo, que não é apenas um corpo, mas sim mente e alma.

Aqueles que conheceram o Yoga apenas pelo aspecto físico podem não ter ideia da importância da sua conexão com o Ayurveda. O estudo combinado do Yoga e Ayurveda é de fundamental importância para cada disciplina e nos ajuda ver a vida de uma maneira totalmente diferente. O Yoga como terapia sempre foi prescrito no contexto ayurvédico. A terapia iogue clássica sempre foi ayurvédica em sua teoria e aplicação.

Se tomarmos como exemplo a prática das posturas, nos daremos conta que no Ayurveda existem três tipos principais de constituição física e mental que devem ser levados em conta para decidir que postura praticar e de que forma. Não podemos ignorar as particularidades individuais das estruturas corporais de cada indivíduo e suas características orgânicas. Os asanas devem ser usados como veículo para direcionar o prana (energia vital) para a parte do corpo que mais necessita dele. O prana tem efeito curativo e não o asana por si só.

Os três tipos de constituição no Ayurveda são: vata, pitta e kapha. As posturas feitas lenta e suavemente beneficiam vata; aquelas que têm por objetivo resfriar o corpo e relaxá-lo beneficiam pitta; e aquelas que são praticadas com rapidez, fluidez e calor beneficiam kapha. Há técnicas específicas de pranayamas (exercícios respiratórios) para cada tipo.

Um especialista em Ayurveda determina rapidamente qual sua constituição predominante. Os vatas normalmente têm um corpo fino e leve, com ossos pequenos. Tem grande flexibilidade e agilidade quando jovens, mas carecem de energia e resistência. Quando envelhecem ficam duros. Sofrem frequentemente de artrite depois dos 50. Sempre sentem frio, têm má circulação, pele seca e suas articulações estalam. São bastante nervosos e medrosos. Frequentemente adotam uma postura de desconfiança. Têm problemas na coluna como escoliose. Certos asanas são fundamentais para esse tipo e a falta de prática pode gerar sérios problemas, incluindo a inabilidade para meditar.

Os pittas têm uma constituição mediana ou normal, Não são nem muito altos nem muito baixos. Nem muito pesados nem muito leves. Geralmente têm boa musculatura e flexibilidade devido à sua circulação e lubrificação das articulações favorável. Psicologicamente os pittas são muito agressivos e gostam de brilhar em qualquer atividade. As posturas para esses biótipos devem ser aquelas que esfriam não apenas no nível físico, mas também mental e emocional.

Os kaphas têm um corpo físico pesado e grande, tendem a engordar com facilidade. Têm ossos curtos e em geral pouca flexibilidade. Por esse motivo os kaphas não devem fazer posturas como a do lótus e outras que não são apropriadas a esse biótipo. As mulheres kaphas podem ser magras quando jovens, mas frequentemente ganham muito peso quando envelhecem e principalmente depois de ter filhos. Os kaphas acumulam muco na região do peito. Tendem a ser sedentários e raramente estão fisicamente ativos, a não ser que sejam estimulados por alguém. Nesses casos são normalmente muito regulares em suas práticas. Têm uma digestão lenta e um metabolismo baixo.

Quando praticamos as posturas e pranayamas com alguns dos princípios básicos do Ayurveda em mente, nos beneficiamos de maneira ainda desconhecida até esse momento.



Cursos Relacionados:
Curso Intensivo de Especialização com Gustavo Ponce e Pedro Kupfer
Data: 03 a 15 de janeiro 2012
Local: Canal Om (Chile)

Curso Intensivo de Especialização em Sattva Yoga com Gustavo Ponce
Data: 14 a 26 de fevereiro 2012
Local: Canal Om (Chile) 

Gustavo Ponce é o criador do método Sattva Yoga, estuda e utiliza Yogaterapia, é a prova viva de que consciência pode levar à cura de qualquer doença e participará do Yoga pela Paz 2011. Para mais informações consulte www.sattvayoga.cl


terça-feira, 26 de abril de 2011

Saraswati - deusa do conhecimento


Por Márcia De Luca

É a deusa do conhecimento e, como consorte de Brahma, a mãe de toda criação. Também está ligada à fertilidade e à purificação. Ao pé da letra, Saraswati é aquela que flutua. No Rig Veda, ela representa um rio e a divindade que o controla.

Outros nomes conferidos a Saraswati podem ser:
- Sarada: a doadora da essência;
- Vagisvari: aquela que domina a fala;
- Brahmi: a mulher de Brahma;
- Mahavidya: o conhecimento supremo.

Saraswati é considerada a personificação de todo o conhecimento, artes, ciências, artesanato, habilidades e práticas espirituais. Como o conhecimento é o oposto da ignorância, representada pelas trevas, a cor associada a essa deusa é o branco. Ela costuma ser representada sentada sobre uma flor de lótus, acompanhada por seu cisne, que simboliza a beleza e a pureza. Nas mãos, em geral segura vina, instrumento com o qual toca os sons imortais dos Vedas; aksamala, o mala, que indica sua ligação com o espírito; e pustaka, livro que representa as ciências.

Está escrito nas sagradas escrituras Upanishads que: trascendemos a fome e a sede através das ciências seculares mas obtemos imortalidade somente através das ciências espirituais. Esse conceito é reforçado na representação de Saraswati porque ela aparece ao lado do pavão e do cisne. O pavão, com sua linda plumagem, significa o mundo em toda sua glória e a ignorância (avidya) advinda da ilusão mundana. O cisne, com sua capacidade de separar o leite das águas, representa a sabedoria (viveka) e o conhecimento (vidya).


Saiba mais sobre:

O poder dos arqétipos

Shakti - o poder da Deusa

Shiva - o destruidor


Ayurveda, A Cultura de Bem-Viver
, de Márcia De Luca e Lúcia Barros.



segunda-feira, 25 de abril de 2011

Faxina interna

Por Eduardo Sobrosa

Os kriyás são técnicas do Yoga para a purificação do corpo e da mente. São técnicas de limpeza e exercícios que ativam os plexos e glândulas do nosso corpo proporcionando uma melhor fluidez da energia (prána) pelos diversos canais existentes, entre eles os três principais ao longo da coluna vertebral (ida, pingalá e sushumná nádís).

Quando a energia flui naturalmente, nossa mente e nossas emoções também se reequilibram despertando nosso estado de Paz e Felicidades naturais do Ser.

Essas purificações ajudam na manutenção do corpo e da mente. Ao pensar de forma negativa ou sentir emoções fortes por longo período de tempo, obstruímos os canais de energia do corpo possibilitando uma disfunção do organismo. Quando isso acontece, na medicina chinesa usa-se a acupuntura como uma das formas de reverter essas obstruções energéticas. Na Índia, na tradição do Yoga, usam-se as técnicas de purificação, as posturas (ásanas) e respiratórios (pranayamas) para essa desobstrução, é como se fizéssemos acupuntura no corpo todo, mobilizando a energia para cada célula do organismo, aumentando a vitalidade e longevidade do nosso corpo.

A prática de kriyás possibilita ao corpo e à mente funcionarem em equilíbrio e abrir espaço para o despertar da consciência de quem somos, percebendo que a Paz e Felicidade que tanto buscamos já estão em nós e não nos objetos externos.

Para os órgãos internos

Nauli kriya é o isolamento do músculo reto abdominal, pressionando os órgãos internos contra a coluna vertebral, elevando o diafragma, ao mesmo tempo em que se movimenta a musculatura abdominal. O exercício é feito sempre com os pulmões vazios. Durante o nauli kriyá o abdômen faz uma concavidade, ficando totalmente recolhido contra a coluna e para cima, enquanto que o músculo reto abdominal permanece projetado para frente, deslocando-se sinuosamente.

Esse exercício tonifica muito o abdômen, promove uma ótima massagem nos órgãos dessa região, mobilizando a energia nesses órgãos da digestão e aumentando a circulação sanguínea.

Para realizar o exercício fique em pé, com os pés paralelos e separados na largura dos quadris, apoie as palmas das mãos sobre as coxas com os dedos voltados para dentro e flexione levemente os joelhos, inclinando-se um pouco à frente.

Inspire profundamente, solte todo o ar e contraia a parede abdominal para cima e para trás, forçando o músculo reto abdominal a projetar-se à frente. Transfira então o apoio do tronco para o braço direito, mantendo o abdômen contraído. O reto abdominal tenderá a deslocar-se para esse lado. Em seguida mude o apoio, deslocando-o para a esquerda. Por fim, pressione firmemente ambos os lados, projetando o músculo para frente. Treine bastante desta forma, até conseguir efetivamente isolá-lo.

Depois passe à fase dinâmica: expire e contraia bem o abdômen, provocando um movimento ondulante e girando o reto para ambos os lados: primeiramente em sentido horário, deslocando o reto para a direita, para o centro e para a esquerda, promovendo com isso uma ótima massagem nos órgãos internos. Repita essa movimentação até completar pelo menos cinquenta contrações, descanse durante alguns fôlegos e reinicie-o, depois faça o nauli kriyá no sentido contrário, mais cinquenta vezes.

Alternativa mais simples
No início, caso você ainda não consiga fazer o nauli kriyá, recomendamos como preparatório o agnisára dhauti, que é o recolhimento do abdômen, pressionando os órgãos internos contra a espinha dorsal sugando bem o abdômen e depois soltando, fazendo diversas contrações para dentro e para fora, enquanto puder reter sem ar nos pulmões.

Fazendo este exercício, com o tempo será natural que você consiga evoluir para o nauli kriyá. É ideal fazer todos os dias pela manhã assim que acordar ainda com o estômago vazio.

Para o sinus

Neti kriyá é a atividade de purificação das mucosas nasais, o jala neti se faz com água.

Uma ótima limpeza para combater rinite, sinusite, enxaquecas, corizas ou resfriados. É excelente para limpar as mucosas nasais e facilitar o processo respiratório mais amplo. É contraindicado para pessoas que sofrem de hemorragias nasais frequentes.

Para fazer o jala neti, usa-se um pequeno bule de cerâmica chamado lota. Nele coloca-se água morna com um pouco de sal para fazer a lavagem nasal retirando o excesso de muco e possibilitando maior fluxo de ar.

Como usar o lota:

  1. Aqueça 500 ml de água filtrada ou mineral até ficar levemente morna.
  2. Adicione uma colher de chá rasa de sal de cozinha.
  3. A água morna tem função vasodilatadora e o sal (cloreto de sódio), dissociando-se em cloro e sódio, age como bactericida e antisséptico. O sal ajuda, ainda, a proteger o revestimento da mucosa nasal, bem como manter sua hidratação, tornando-a mais resistente aos agentes alergênicos como fungos e ácaros. A água sem o sal irrita a mucosa, causando ardência e ressecamento. Para sinusites, é opcional usar duas gotas de extrato de própolis e, para rinites alérgicas, duas gotas de limão.
  4. Coloque a água com sal no lota até encher.
  5. Introduza o bico do aparelho numa das narinas de modo que se encaixe perfeitamente, incline a cabeça para frente e para o lado deixando a boca entreaberta e respire pela boca devagar.
  6. Vá inclinando o lota para que a água entre pela narina e espere que ela saia do outro lado.
  7. Use todo o conteúdo de um lado e assoe o nariz devagar.
  8. Repita o procedimento para o outro lado.
  9. Em seguida, assoe o nariz vigorosamente várias vezes sem tampar nenhum dos lados.

Como evitar os erros mais comuns:

  1. Se você estiver na pia do banheiro não olhe no espelho. Olhe para seu cotovelo que deve estar elevado.
  2. Não incline demais a cabeça para o lado, a água pode escorrer para a garganta, não tem problema nenhum, mas não é adequado.
  3. Não abra demais a boca para respirar, relaxe deixe apenas entre aberta.
  4. Assoe as narinas sem tampar nenhuma delas, lembre-se a água se infiltra pelos capilares e tampar as narinas pode ocasionar uma pressão no tímpano.


Eduardo Sobrosa é natural de Florianópolis, cursou administração na graduação e engenharia ambiental no mestrado. Praticante de montanhismo desde 1997, onde encontrou seu caminho da prática espiritual em contato com a natureza.

Praticante de Yoga desde 2004, participou em cursos de formação em Yoga pela Uni-Yoga com Lucila Silva e pela Aliança do Yoga com Pedro Kupfer.Atualmente coordena as aulas na escola de Yoga Kailash em Florianópolis. yogakailash.com.br



quinta-feira, 21 de abril de 2011

Yoga Dance – A prática da alegria de viver!


Por Fernanda Cunha

A prática de Yoga e a dança têm muito em comum! A junção de ambas deu origem ao Yoga Dance, que alia a consciência e os princípios do Yoga com a liberdade da dança de forma fluída e livre. Essa prática nos energiza ao mesmo tempo em que promove rejuvenescimento, utilizando uma dinâmica simples de dança e movimentos inspirados no Yoga.

Baseada no sistema dos chakras (vórtices de energia sutil no corpo), esta prática nos desperta para a expansão e o fluir com a nossa inerente alegria de ser, nossa autenticidade e nosso infinito potencial de amor, nos proporcionando estados de equilíbrio e bem-estar que vão além do físico.

Durante a prática são explorados elementos como respiração, presença, movimento, meditação e propósito em uma viagem aos sete chakras, e a relação entre música, movimento e chakra.

Liberdade
Vivemos em uma sociedade que nos incentiva a realizarmos mil tarefas ao mesmo tempo em níveis de perfeição muitas vezes inalcançáveis. Isso gera uma carga imensa de tensão que compromete o corpo e aprisiona o nosso espírito. Vivemos tão preocupados em como devemos nos portar, andar, nos vestir, nos mover que acabamos nos desconectando de quem realmente somos, passamos a ser apenas um produto da sociedade e das regras que ela nos impõe, vivemos em um “casulo” que nos aprisiona e nos limita.

O Yoga Dance vem para restaurar essa integração com a autenticidade, vem tirar esse peso de nossos ombros e nos mostrar que podemos e devemos sair desse “casulo” para sermos livres, nos identificando com quem realmente somos e o que mais desejarmos ser; permitindo que a alegria de viver flua livremente em cada célula do nosso corpo alimentando o nosso coração.

Durante a prática do Yoga Dance não há certo e errado, não precisamos nos mover de uma forma definida, mas sim deixar que o nosso coração dance da maneira que ele escolher em cada momento. Isso é liberdade! É aí que a prática se torna uma expressão do nosso coração e o corpo um veículo da alma.

O Yoga dance não se trata de uma prática de vinyasa (movimento sincronizado com a respiração), apesar de serem usados alguns elementos desse estilo de prática. Tampouco são sustentadas posturas durante o Yoga Dance, mas nos conectamos com o momento presente por meio da música, um elemento muito importante durante essa prática. Aprendemos a deixar a música vibrar de dentro para fora e os movimentos nascerem de maneira orgânica em cada momento.
Essa prática é acompanhada dos ritmos de todo o mundo, incluindo ritmos brasileiros, africanos, latinos, americanos, indianos, europeus, elementos da trance music e muitos outros.
A prática do Yoga Dance traz benefícios como:
• Mais equilíbrio para o seu corpo energético, através da fluidez dos chakras.
• Sentimento de mais entusiasmo, de estar mais vivo, feliz e confiante em seu corpo.
• Aumento na energia, na flexibilidade, no tônus muscular e na saúde cardiovascular.
• Relaxamento e rejuvenescimento.
• Experiência de imersão no momento presente.
• Exploração de todo o nosso potencial adormecido, nossa autenticidade, criatividade e essência.
• Despertar para a alegria de viver que é o potencial vibrante e inerente a todos nós.
• Começar exatamente de onde estamos, permitindo que o momento, o movimento, os chakras e a música nos levem.
• Libertação de qualquer julgamento e permitindo o dançar livremente no ritmo do coração de dentro para fora.
• Expansão do prana e exploração das infinitas possibilidades de cada momento.
Assim, o Yoga Dance é mais do que uma prática, é uma experiência de reconexão com nossa inerente alegria de ser e viver, vai além do físico e inclui a todos. Não é preciso ser um dançarino nem um iogue para se beneficiar desta prática.

Cursos com Fernanda Cunha:

Workshop de Yoga Dance
Data:06 de Novembro
Local: Espaço Nirvana (Rio de Janeiro – RJ)
Infos: AQUI

Aula especial de Yoga Dance
Data: 19 de Novembro
Local: Studio Terra Yoga e Meditação (Alphaville – SP)
Infos: AQUI

Primeira Formação de professores em Yoga Dance do Brasil
Data: 05 a 18 de Dezembro
Local: Centro de Yoga Montanha Encantada (Garopaba – SC)
Infos:AQUI

Fernanda tem levado a prática do Yoga Dance e criado uma grande diversidade de práticas para diferentes populações nos EUA. Também oferece muitos workshops para todas as idades. Atualmente morando em São Paulo, ministra workshops por todo o Brasil sendo precursora da prática no Brasil. Em dezembro ministrará a primeira formação para professores de Yoga Dance no Brasil no centro de Yoga Montanha Encantada em Garopaba – SC. Para mais informações sobre seus programas e horários, visite: www.fernandacunhayoga.com


quarta-feira, 20 de abril de 2011

Mantra para Ganesha



Ganapathya Atharvasirsopanishat, seguido do maha Ganapati e maha Sarasvati mantras.

Agradecimento: Rosangela Castelari



Cânticos védicos


Trecho retirado da apostila do workshop de Sri Manju Jois

Foto: Rosangela Castellari


A recitação de mantras védicos é Mantrayoga. Uma forma de conseguir controle das nadis (canais de energia sutil) é pela prática do Raja Yoga, onde o pranayama (exercícios respiratórios) é a ferramenta mais importante. O Mantrayoga é a outra. Quando vocalizamos uma sílaba, o alento vital é descarregado no espaço, interferindo em nossa garganta, língua, lábios, parte superior e inferior da boca etc. É criada uma vibração nas nadis localizadas nessas partes do corpo por onde a respiração vital circula.


Como são os mantras védicos nesse contexto? Recitá-los significa verbalizar sílabas de forma que causem vibrações benéficas nas nadis, vibrações essas que produzem estados da mente que levam ao bem-estar e, em última instância, à libertação. Nenhum outro tipo de vibração é causado pela recitação de mantras.


Som e a criação

O que é o som? De acordo com a ciência moderna é vibração. "Se examinar o núcleo de um átomo perceberá que toda a matéria é única." Essa conclusão Advaita entrou em acordo com a ciência nuclear e os conceitos de Einstein. Todo esse mundo é uma inundação de energia (shakti), tudo é um fluxo eletromagnético. Mas a quem creditamos a manifestação de diferentes objetos? Deve ser atribuída a tipos diferentes de vibrações.


Onde tem vibração tem um som. Em contrapartida, para produzir um som, a vibração correspondente a ele deve também ser criada. O conceito científico de que diferentes vibrações da mesma energia são a causa da criação é o mesmo da crença de que o mundo foi criado com a respiração do Paramatman (alma suprema) se manifestando como o som dos Vedas.


Considere os seres humanos e as outras criaturas. O que determina sua saúde e sentimentos? A respiração que passa por nossas nadis (canais de energia sutil) e vasos sanguíneos produzem uma vibração e dela depende nosso estado de saúde. Aqueles que mantêm sua respiração sob controle pela prática de Yoga são saudáveis em níveis impressionantes. A razão é que esses mantêm a vibração das nadis sob controle durante a respiração.


A respiração é vital não apenas para o corpo, mas também para a mente. A mente, que é fonte dos pensamentos, e a energia vital (prana), fonte da respiração, são a mesma coisa. Saudáveis ou não, os pensamentos são atribuídos as diferentes vibrações das nadis. Você pode fazer esse teste, perceba como respira quando está em paz a frente de uma imagem de deidade ou na presença de um grande sábio e como respira quando sua mente está tomada pelo desejo ou raiva. A felicidade que você experimenta quando participa de algo divino, como um bhajan (música devocional), deve ser diferente do prazer que tem com gratificações sensoriais: a vibração das nadis também será correspondentemente diferente.


Quando experiencia uma alegria do tipo mais elevado, a passagem da respiração será pela narina direita, mas quando está aproveitando prazeres sensoriais, a respiração será pela esquerda. Quando medita, com concentração crescente na fonte de todos os nossos impulsos e sentimentos, o ar passara por ambas as narinas lenta, ritmada e uniformemente. Quando você está absorto no objeto de sua meditação a respiração cessa, mas a vida continua. Nesse momento a grande consciência chamada de jnana florescerá.


Mais sobre o poder do som:

O que é Nadabrahma? (yoga.pro.br)

Mantra para Ganesha, o removedor de obstáculos.




terça-feira, 19 de abril de 2011

Medicina Ayurvédica: Experiências de um médico ocidental

Por dra. Susana Urrutia


Introdução a um sistema de saúde natural que enfoca a vida do ser humano integralmente para promover a saúde perfeita


Introdução

O ser humano necessita de um sistema de saúde individual que não apenas identifique o distúrbio do corpo e da mente, mas também um programa que analise integralmente o indivíduo, levando em conta seu temperamento, sua constituição, as emoções, os hábitos alimentares, sua rotina de sono, a estrutura mental, entre outros fatores, para formular uma prescrição que seja um verdadeiro manual de vida diário para alcançar assim um nível mais alto de saúde e harmonia.


A ciência médica milenar mais antiga, a Medicina Ayurvédica, oferece um programa de saúde que integra as características específicas e as necessidades pessoais de cada indivíduo.


É muito interessante e benéfico a um médico com formação convencional focar sua prática diária com as mensagens desta medicina milenar para ampliar o entendimento da saúde tanto em sua promoção e prevenção quanto no tratamento de pacientes que sofrem de distúrbios crônicos e que podem equilibrar seus desequilíbrios com uma visão que integra a saúde com a vida do ser humano, ao contrário da nossa medicina ocidental que enxerga esses fatores como caminhos separados.


História

O Ayurveda tem mais de 5 mil anos, é a medicina tradicional da Índia e o sistema medicinal mais antigo e completo do mundo. Há mais de três décadas um caminho foi aberto no ocidente para dar expressão a esse sistema de saúde oriental e vários médicos e vaidyas (médicos ayurvédicos) se destacam na "ocidentalização" dessa ciência, como dr. Vasant Lad e dr. David Frawley, além da participação relevante de Maharish Mahesh Yoghi, fundador da técnica de Meditação Transcendental, que se uniu aos vaidyas mais importantes da Índia e a médicos ocidentais parar reformular cientificamente esse sistema de saúde tradicional criando universidades no Ocidente para validar por método científico os efeitos, já conhecidos há tanto tempo, na saúde e na harmonia da vida do ser humano.

Em 1985 a Organização Mundial de Saúde reconhece a medicina Ayurvédica como uma prática de saúde a ser exercida sob a atenção médica convencional. Em 1999 a Comissão Europeia para a saúde abre suas portas para as fórmulas fitomedicinais ayurvédicas.


Estrutura e pilares básicos

É importante reconhecer as características mais importantes desta medicina, que com um enfoque tão diferente da medicina convencional é absolutamente complementar a ela, o que permite ao médico ampliar a visão da fisiologia do ser humano e estendê-la à complexidade que resulta na vida do indivíduo.


A definição da palavra Ayurveda é "ciência da vida" e tem foco nos quatro pilares mais importantes da vida do ser humano: mente, corpo, comportamento e meio ambiente. São esses quatro pilares que devemos analisar quando diagnosticamos e prescrevemos aos nossos pacientes. As ações desses quatro aspectos influenciam diretamente na gestão de equilíbrio e desequilíbrio do mente-corpo.


Entenderemos que a consciência tem um papel fundamental na estrutura básica desta medicina, já que temos influência diária em nosso corpo a partir da dimensão do equilíbrio máximo dessa consciência para assim estendermos ao equilíbrio de nossa fisiologia, a qual define a necessidade de integrar em nosso dia a dia uma rotina que incorpore uma técnica mental, exercícios de respiração e posturas de Yoga a fim de neutralizarem o estresse diário e promover integração entre a mente e o corpo.


É importante mencionar que algumas técnicas como a Meditação Transcendental, a Técnica do Som Primordial e o Kriyayoga (de Yogananda), entre outras, cujos efeitos foram medidos cientificamente e permitem realizar uma boa promoção da saúde além de prevenir doenças. Esses fatos contam com respaldo de mais de mil estudos realizados em faculdades como Harvard, Yale e Stanford, entre outras.


Outro aspecto importante é definir o estado de equilíbrio da fisiologia em termos de três grandes princípios metabólicos sutis que governam a dirigem todo o eixo mente-corpo: vata, pitta e kapha. Eles nos permitem conhecer o tipo de constituição de cada indivíduo de acordo com a combinação entre eles. Isso é de grande importância para definir o programa de alimentação personalizado, o uso de suplementos fitoterápicos ayurvédicos, rotinas diárias e sazonais, promovendo assim a integração e equilíbrio dos ritmos biológicos e também definir a rotina de exercícios mais apropriada.


Os conceitos de nutrição e digestão são um grande capítulo a considerar na medicina ayurvédica, não apenas nos ensina a escolher nossos alimentos de acordo com nossa constituição e nossos desequilíbrios, mas também para considerarmos se temos um metabolismo apropriado para digeri-los. Caso contrário, seremos os geradores de nossas próprias doenças.


Os alimentos não nutrem apenas nossas células, mas também os níveis quânticos de nossa fisiologia, o que significa que chegam as instâncias onde de dirigem e governam todo nosso organismo, realizando uma ação terapêutica. Por exemplo, em um caso de câncer devemos reduzir todos os alimentos que tendem a proliferar as células neoplásicas.

É importante destacarmos que os alimentos têm propriedades sutis que afetam a mente, por exemplo, os alimentos picantes e ácidos produzem uma mente agressiva, comidas velhas produzem uma mente negativa e os alimentos de fácil digestão e sabores doces (arroz, leite), frutas e verduras produzirão um estado calmo e positivo da mente.


Outro ponto importante é a massagem ayurvédica como parte de uma rotina periódica, já que tem um resultado poderoso na imunidade, reduz o estresse e melhora o ritmo metabólico da fisiologia. Destacamos aqui a validação científica realizada principalmente na Universidade de Miami (EUA).


Por fim gostaria de destacar uma poderosa terapia ayurvédica de purificação e rejuvenescimento chamada panchakarma, cientificamente comprovada como ferramenta para reduzir a enorme quantidade de radicais livres acumulados no organismo e por diminuir a idade biológica dos pacientes, depois de duas terapias anuais. Também foi comprovado seu efeito nas doenças crônicas (que a incidência atinge um terço da população, principalmente em países desenvolvidos) como as doenças cardiovasculares, autoimunes, inflamações gastroentestinais, entre outras.


Dra. Susana Urrutia (Chile) médica cirurgiã pediatra (Conacem) Universidad de Chile Estudos em medicina ayurvédica: 4 mil horas na Escola de Medicina Védica Maharishi (USA e Holanda). Amrut Ayurveda Nursing Home (FRLHT) Bangalore. Índia



segunda-feira, 18 de abril de 2011

Manju Jois em Florianópolis

Por Madu Cabral
Fotos: Rosangela Castellari

Manju foi o responsável pela divulgação do Ashtanga Vinyasa Yoga pelo mundo. Foi graças e ele que seu pai, o percussor do método Pattabhi Jois, começou a ensinar aos ocidentais. Foi ele também quem trouxe o pai pela primeira vez aos Estados Unidos, onde a prática começou a ser divulgada e é hoje um dos métodos mais praticados de Hatha Yoga.

Em um workshop de três dias, seguido por um intensivo apenas para professores, o indiano que ao lado de sua irmã foi por algum tempo único aluno de Pattabhi compartilhou com alunos de todo o Brasil sua prática de asanas (posturas do Yoga), de pranayamas (exercícios respiratórios) e de recitação de mantras.

Esse conjunto de práticas era todo dia seguido de sessão de perguntas e respostas, onde o professor falou sobre a origem do Ashtanga Vinyasa, sobre a cultura do Yoga, além de seus benefícios e cuidados com a prática.

Esta semana, dividiremos um pouco desse conteúdo com os leitores do blog, com vídeos, textos e um álbum de fotos no Facebook.



quinta-feira, 14 de abril de 2011

Iluminação wireless - Carlos Eduardo Barbosa


Por Carlos Eduardo Gonzales Barbosa


Os ensinamentos do Yoga estão abertos desde a sua origem. Nunca foram secretos. As Upanishadas que inauguram essa doutrina se expressam com clareza poética e a doutrina de Patanjali não oculta significados misteriosos. Mas o Yoga caiu no esquecimento por muitos séculos em razão do predomínio budista na Índia.

Quando o Yoga foi restaurado pelos natha-siddhas, ele foi cercado pelos segredos típicos do tantra, pois foi essa a cultura que resgatou o Yoga doutrinário para os hindus. São, no entanto, segredos relacionados aos códigos de prática tântricos e não interferem na compreensão da doutrina do Yoga.


O perigo de se disponibilizar a literatura tântrica do Yoga é ficar com o prejuízo moral ou físico decorrente da dificuldade de se compreender a linguagem utilizada. Como são poucos os interessados capacitados para ler o original em híndi ou em sânscrito, a maior parte dos leitores fica exposta às opiniões pessoais dos tradutores, nem sempre capazes, nem sempre bem-intencionados. Não há normas internacionais que orientem essas traduções, pois os códigos iniciáticos variam de família para família. Mesmo os comentários originais em sânscrito são questionados por estudiosos respeitáveis na Índia. Os comentários de Vyasa aos Sutras de Patanjali, por exemplo, contêm algumas gafes, embora este seja tido por muitos instrutores de Yoga como um texto canônico inquestionável.


Na tradição hindu, o sábio é chamado de poeta (kavi) e a visão privilegiada de um poeta é o que permite enxergar a sabedoria que um texto tântrico carrega em sua linguagem velada. O leitor racional tem toda a probabilidade de se afastar do sentido original do texto em favor de teses que seu intelecto aceite como mais plausíveis.


Por outro lado, a disponibilidade desses textos leva à liberação da obra para um esforço coletivo de tradução e compreensão. O Yoga é uma herança da Índia para a humanidade como um todo e jamais foi concebido como um privilégio para poucos. Ao sair do círculo fechado de iniciados que se arroga o privilégio exclusivo de traduzir um texto antigo, o ensinamento ali presente se afasta dos vícios de leitura que aquele grupo em particular possa estar conservando. Mentes abertas e corações atentos podem, coletivamente, levar as traduções ou comentários com uma fidelidade à inspiração do autor jamais obtida anteriormente.


Carlos Eduardo Gonzales Barbosa dá aulas de sânscrito e de culturas da Índia desde 1982. Desde 2004 tem foco no sânscrito falado. Dedica-se ao estudo da tradição do Yoga, em especial dentro da perspectiva dos nathas.
Contato: carlos.eduardo@mais.com
site: www.yogaforum.org



segunda-feira, 11 de abril de 2011

O fácil acesso à Tradição Védica na atualidade


Por Patrick Van Lammeren
 
A Tradição Védica nos ensina a respeito da verdade fundamental do eu, e apresenta um estilo de vida pelo qual é possível adquirir a harmonia e equilíbrio necessários para que aquela verdade possa ser compreendida claramente. 

Este estilo de vida é chamado Yoga e inclui todos os aspectos da vida. Asana e pranayama, ainda que sejam as disciplinas mais conhecidas, são apenas uma fatia do que é de fato Yoga. A Tradição Védica abrange muitas outras, como o canto de mantras, meditações e pujas, além de uma atitude frente a todas as situações da vida, agradáveis e desagradáveis. De fato, uma vida de Yoga não se restringe às horas semanais dedicadas às posturas, mas a todas as horas do dia, seja no trabalho ou em casa, com patrões, funcionários, pais, companheiros ou filhos.

Na medida em que se vive no estilo de vida de Yoga, obtém-se uma capacidade maior de observação da própria mente, um entendimento sobre si mesmo e sobre a própria vida. Inicialmente, Yoga tem como objetivo acelerar um processo que todos os seres eventualmente vivem: o questionamento a respeito de sua própria natureza.

Vivemos sempre buscando alcançar determinados objetivos e conquistar objetos, na certeza de que resolverão definitivamente nossas carências e angústias. A não satisfação do desejo nos leva a mais sofrimento, e a satisfação mostra-se insuficiente, ou por não suprir as expectativas que foram alimentadas ou por ser demasiadamente efêmera, o que nos leva a desejar novos objetos e situações. Em um dado momento, compreende-se que nenhum objeto pode verdadeiramente resolver as carências, e vislumbra-se este que é o problema fundamental de todos os seres: toda busca por objetos nada mais é que uma busca por completude e suficiência. Por detrás de todos os desejos, sempre havia este que era o maior de todos: o desejo por não mais sofrer, mas ver-se completo, livre de limitação. Este é um grande momento, uma vez que fica claro o que verdadeiramente se deseja. Sabendo qual o objetivo, pode-se buscar um meio apropriado para alcançá-lo. 

Todo o estilo de vida de Yoga tem como objetivo imediato esta maturidade, conduzindo a um questionamento a respeito de si mesmo. Para estes buscadores, chamados mumukshus, a Tradição Védica disponibiliza um meio de conhecimento, chamado vedanta, literalmente “o final dos Vedas”. Através do estudo adequado destes textos, com um professor qualificado, obtém-se moksha, a liberação da sensação de limitação. Tais escrituras evidenciam que a sensação de limitação se dá unicamente por causa de uma ignorância a respeito de si mesmo, e que verdadeiramente já somos completos e livres de limitação. Desta maneira, vedanta revela a natureza fundamental do Eu, pondo fim a todo o sofrimento definitivamente.

Tradicionalmente, é dito que este conhecimento é o maior segredo, não por ser mantido escondido das pessoas, mas porque trata de um assunto tão evidente, e ao mesmo tempo tão desconhecido: o Eu. Não há nada que seja tão íntimo quanto eu mesmo, mas ainda assim poucos são os que têm conhecimento claro a respeito dele. Este Eu é o maior dos segredos, por estar tão próximo de todas as pessoas, mas oculto devido à ignorância, “escondido na caverna do coração”, como dito tradicionalmente.

Mas de fato o estudo de vedanta nem sempre esteve tão acessível quanto atualmente. As escrituras eram passadas oralmente, sendo mantidas de geração a geração. Cada indivíduo aprendia a cantar uma parte dos Vedas, que era guardado por sua família, mas o significado não era inteiramente revelado. Para tanto, era necessário desejar entender claramente sobre si mesmo. Apenas quem verdadeiramente era um mumukshu tinha acesso ao significado das escrituras, e seria necessário que buscasse um professor qualificado para tal. Geralmente, só o encontraria em uma floresta, ou no alto do Himalaia.

Encontrar um professor qualificado não era tarefa fácil – assim como hoje. Contudo, após encontrá-lo era necessário mostrar que seu desejo pelo conhecimento era legítimo. O professor fazia muitos e muitos testes, para ver o quão comprometido o buscador estava. Finalmente, verificando que se tratava de um mumukshu de fato, o professor o aceitava como discípulo.

Assim era feito há até não muito tempo. Um dos casos mais próximos é a história do Swami Chinmayananda Saraswati, mestre do famoso Swami Dayananda Saraswati. Swami Chinmayananda, chamado Balakrishna Menon à época, era um jornalista comunista do sul da Índia que considerava o hinduísmo como o grande atraso da nação. De modo a ter argumentos mais consistentes para miná-lo, buscou pelo também famoso Swami Shivananda Saraswati, que ensinava sobre a Tradição Védica focando muito nas disciplinas de Yoga, mas sempre as conectando com o objetivo maior que era o autoconhecimento adquirido através do estudo de vedanta. Seu estudo se dava na cidade de Rishikesh, aos pés do Himalaia. Em pouco tempo, Balakrishna percebeu que tudo o que ele achava saber sobre o hinduísmo estava equivocado, e que de fato havia muita sabedoria em sua tradição natal. Seu desejo pelo conhecimento acendeu como fogo em contato com gasolina, e logo fez voto de renúncia, tornando-se Swami Chinmayananda Saraswati.

Apesar de todo o ensinamento passado por seu mestre, Swami Chinmayananda desejava estudar mais. Swami Shivananda sabia que nem todos estão prontos para escutar vedanta, já que nem mesmo havia o real interesse. Por este motivo, seu foco era ensinar as diversas disciplinas e orientar seus discípulos na direção do autoconhecimento, mas não oferecia os estudos mais profundos. Desta forma, ele orientou seu discípulo a procurar um grande professor de vedanta, chamado Swami Tapovan Maharaj. Tal mestre ensinava em Uttarkashi, uma vila no meio do Himalaia a 1.300 metros de altitude. Lá, Swami Chinmayananda teve acesso ao ensinamento das Upanishads e outros textos profundos, como Brahma Sutra, durante oito anos.

Ao final, seu desejo era divulgar este ensinamento a todos, e decidiu ensinar na planície. Swami Tapovan inicialmente foi contra, uma vez que aqueles que realmente desejam o conhecimento sempre alcançarão um bom professor, ainda que seja apenas no alto do Himalaia. Contudo, Swami Chinmayananda estava determinado, e tentou convencê-lo de que seria uma boa ideia. Seu mestre o alertava para o fato inevitável de que ninguém iria escutá-lo, mas após seu discípulo prometer que retornaria às montanhas caso suas tentativas falhassem, Swami Tapovan finalmente deu sua bênção, e Swami Chinmayananda iniciou suas aulas na planície. Além disso, ele decidiu que suas aulas seriam em inglês, permitindo que um público maior fosse contemplado, incluindo estrangeiros. Isto também era uma grande mudança, já que se desconfiava seriamente dos estrangeiros, e temia-se não apenas que eles não teriam o comprometimento necessário, como também que o ensinamento seria mal entendido. De fato, houve muitas traduções ocidentais das escrituras no século XIX, com erros graves de interpretação e segundas intenções por trás, e isto só aumentava a desconfiança. 

Como seu mestre havia dito, as primeiras tentativas de Swami Chinmayananda foram falhas. Em uma delas havia um único ouvinte durante todos os dias de aula e, após o fim do evento, descobriu-se que na realidade tratava-se do zelador do espaço, que não entendia uma palavra de inglês. Ainda assim, novas tentativas foram feitas, até que finalmente seus esforços deram resultado. Em pouco tempo, seus discípulos fundaram o chamado Chinmaya Mission, que até hoje ensina vedanta a inúmeros indianos e estrangeiros. Um dos mais ilustres alunos foi Swami Dayananda Saraswati, atualmente o maior nome em termos de vedanta e hinduísmo. Seus ashrams na Índia e EUA ensinam a milhares de pessoas desde a década de 70, sendo responsáveis por manter e divulgar a Tradição Védica por todo o mundo. Reconhecida pelo próprio Swami Dayananda como um de seus mais brilhantes discípulos, a professora Gloria Arieira estudou durante cinco anos em seu ashram na década de 70, trazendo este precioso conhecimento para o Brasil. Atualmente, através de sua instituição, o Vidya Mandir, milhares de pessoas são beneficiadas com o ensinamento tradicional de vedanta em português, aqui e no exterior. Nada disto seria possível caso Swami Chinmayananda não tivesse a audácia de ensinar vedanta nas planícies, em inglês, e para estrangeiros.

Claramente, a abertura do ensinamento foi uma grande bênção a todos nós, e Swami Chinmayananda não foi o único nem o primeiro a fazê-lo. Contudo, também há perigos nisto tudo. A ideia de se manter vedanta restrita garantia que apenas os mais qualificados e realmente comprometidos estudariam. O resultado é que o conhecimento seria rigorosamente preservado para todas as futuras gerações que verdadeiramente desejassem. A abertura do ensinamento, porém, aliada ao advento da internet, fez com que este assunto tão importante fosse tratado como mera filosofia por muitos, além de ser facilmente mal compreendido. Esta má compreensão se espalha rapidamente, e com isto é gerado o que se chama Andha-Parampara, ou seja, uma linha de sucessão mestre-discípulo que vai ao caminho contrário ao conhecimento.

Se antigamente era importante buscar um mestre qualificado, os dias atuais requerem mais que o dobro da atenção neste quesito. Mais que isto, faz-se fundamental entender que o ensinamento não é passado de forma escrita, mas oral. As escrituras nunca foram feitas para serem lidas – de fato apenas muito recentemente elas passaram a ser guardadas graficamente. O estudo de vedanta requer um professor, não apenas porque se trata de um conhecimento muito profundo, mas também porque é através dele que o significado das palavras é revelado. De fato, as escrituras foram feitas contando com um professor que as explicasse. O processo de ensinamento consiste não apenas em escutar as palavras, mas também em questioná-las, eliminando todas as dúvidas com o professor. Sem professor, o estudante irá fatalmente interpretar de sua própria cabeça, levando a conclusões equivocadas. 

Sem dúvida é uma grande bênção termos a Tradição Védica e o estilo de vida de Yoga à disposição para aqueles que buscam por ela. Os tempos são outros, com certeza, e a adaptação à atualidade beneficia a todos, além de ajudar a preservar uma tradição tão magnífica e profunda. Contudo, a preservação também se dá na medida em que se mantém a forma tradicional de estudo, ainda que adaptada à modernidade. Há de se tomar todos os cuidados, portanto, para não cair em um Andha-Parampara, tampouco em misturar conceitos de outras tradições, interpretar de sua própria cabeça ou tentar ensinar antes da hora. O apoio e a orientação de um professor qualificado se fazem fundamentais, e são, portanto, o maior de todos os desafios para quem deseja mergulhar no estilo de vida de Yoga. Contudo, para aqueles que têm as bênçãos de os encontrar, o conhecimento é só uma questão de tempo.

Patrick Van Lammeren é professor de vedanta, simbolismo védico e sânscrito, estudante de física pela UFF e estudante de vedanta desde 2004, além de fazer parte da equipe do Centro de Estudos Vidya Mandir, dirigido pela professora Gloria Arieira.


quinta-feira, 7 de abril de 2011

Iluminação wireless - Anderson Allegro


Por Anderson Allegro


O Yoga era uma disciplina secreta, com o objetivo de impedir o acesso de pessoas despreparadas. As práticas mais adiantadas de Yoga exigem algum domínio sobre a mente e o corpo, por isso eram reservadas àqueles que tinham preparo e poderiam usufruir delas. Mesmo que uma pessoa despreparada ouvisse aqueles ensinamentos, não seria capaz de compreendê-los. Hoje podemos encontrar na internet várias traduções dos Yoga Sutras, mas nem por isso as pessoas se iluminam rapidamente. Qualquer um pode ler o texto, mas para entendê-lo serão necessários vários anos de estudo e, não raro, um instrutor que lhe auxilie.


Por serem bastante seguros, não vejo muitos perigos em disponibilizar esses conhecimentos das práticas do Yoga. As pessoas despreparadas não compreenderão ou não se sentirão inclinadas a praticar o que não é possível para elas. Eu próprio já li muitos livros que continham técnicas avançadas, mas não as colocava em prática por achá-las difíceis e só quando fui iniciado nelas percebi que eram fáceis e comecei a utilizá-las. Acho difícil que algum curioso leia e comece praticar o que não está de acordo com sua capacidade e, assim, o principal perigo é o leigo não ter condições de saber quais sites ou livros são confiáveis ou não.


Por outro lado, a acessibilidade a essas informações facilita a divulgação do Yoga. Quando comecei a praticar, há 30 anos, não havia muita informação. Era difícil saber o que era o Yoga ou experimentar algumas posições antes de matricular-se em alguma escola. Hoje, você entra nos sites das escolas, pode ver como é o espaço, ter uma ideia das aulas, conhecer o currículo dos professores. Acho que a disponibilidade de informações ajuda as pessoas a se interessarem pela prática e procurarem uma escola De qualquer forma, cabe aos autores e àqueles que editam sites serem criteriosos e não divulgarem técnicas muito avançadas. Em meu site coloco asanas (posturas) e pranayamas (exercícios respiratórios) que considero apropriados para iniciantes e curiosos. Já recebi agradecimentos e feedbacks de muitas pessoas que começaram a praticar pelo site e, depois, foram para uma escola de Yoga.


Anderson Allegro é professor de Yoga há mais de 20 anos e biólogo. Aprendeu Ashtanga Yoga com Baptiste Marceau, professor francês, discípulo de Pattabhi Jois e participou do Planet Yoga Teacher Training com Leeann Carey em Hermosa Beach, Califórnia. Atualmente, dirige o Aruna Yoga, onde ministra o Curso Livre para Formação de Instrutores de Power Yoga há mais de dez anos. É diretor e um dos idealizadores da Aliança do Yoga. www.arunayoga.com.br