Há momentos em que sabemos com toda a certeza que aquilo que acontece
realmente não tem nada que ver conosco nem com as decisões que acreditamos
tomar na vida. Eu estava com Ram Dass e um grupo de outros ocidentais em Bodh
Gaya no outono [segundo semestre] de 1970. (Bodh Gaya é o lugar na Índia onde o
Buda se sentou embaixo de uma árvore e atingiu a iluminação.) Nós tínhamos feito
cinco cursos de dez dias de meditação vipassana seguidos, e parecia
estar na hora de tentar encontrar Maharajji mais uma vez.
Alguém chegou ao lugar com um ônibus Mercedes de turismo e ofereceu uma
carona de volta a Déli ao grupo. Nós resolvemos ir para lá e tentar descobrir
onde Maharajji podia estar.
A viagem era longa, demoraria o dia todo. Um dos ocidentais que estavam
no ônibus tinha visitado o mela (um grande encontro em um local sagrado
em um momento astrológico altamente auspicioso) em Allahabad e disse: “Sabiam
que há milhões de babas e sadhus tomando banho no rio naquele
lugar sagrado? Que tal pararmos lá? Fica no caminho”. Se nós parássemos no mela,
as chances de chegar a Déli naquela noite não seriam muito boas, então Ram Dass
decidiu não parar. E, como ele era o mais velho, era o chefe.
Com isso, uma enorme discussão começou: cada pessoa no ônibus dizia o
que queria fazer. Durante muito tempo, Ram Dass foi incisivo na decisão de não
parar, mas finalmente cedeu: “Certo, nós vamos até lá e damos uma olhada de
alguns minutos, mas depois voltamos para o ônibus e vamos embora”.
Quando entramos no imenso campo no fim da estrada onde o mela tinha
acontecido, descobrimos que estava deserto. Os dez milhões de pessoas que
tinham estado ali uns dez dias antes tinham voltado para casa. Então, enquanto
o ônibus fazia uma curva enorme e longa no campo para voltar, alguém disse:
“Tem um templo de Hanuman ali... que tal nós irmos fazer uma reverência a
Hanuman antes de ir embora?”
O ônibus se virou na direção do templo e estava percorrendo uma trilha
para pedestres na beira do campo quando outra pessoa gritou: “Olhem, é
Maharajji!”
E, lá estava ele, caminhando de encontro a nós, meio que rindo sozinho.
Ele nem ergueu os olhos quando o ônibus passou. Mais tarde, o homem com quem
ele estava caminhando, que descobrimos ser Dada, nos contou que Maharajji tinha
dito: “Ah, eles vieram”, e continuou caminhando. O ônibus parou e nós todos
corremos para fora para falar com ele. Ele disse: “Venham atrás de mim, venham
atrás de mim”. Ele entrou em um riquixá pequeno com Dada, que saiu rodando
pelas ruas estreitas com aquele ônibus Mercedes enorme e reluzente atrás, com
todos aqueles ocidentais malucos dentro.
Nós o seguimos até uma casa, onde ele desceu do riquixá e entrou. Nós
não sabíamos o que fazer. Enquanto esperávamos parados do lado do ônibus, a
mulher de Dada saiu da casa e disse: “Venham, entrem e peguem sua comida. Hoje
de manhã, Maharajji nos disse para preparar comida para 26 pessoas”. Nós éramos
25, mais o motorista. Nós compartilhamos uma ótima refeição e passamos um tempo
maravilhoso com Maharajji naquela casa.
Eu repassei na mente os acontecimentos dos dois dias anteriores e todo o
planejamento da viagem a Déli para encontrar Maharajji. Lembrei toda a longa
discussão a respeito de parar ou não no mela. Se eu realmente tivesse
capacidade para entender, iria ver que ele mandava no show, e talvez
assim minha mente se entregasse.
20 de agosto: show e lançamento do livro no Espaço APAS. Ingressos AQUI.
21 de agosto: show gratuito no Parque Ibirapuera.
22 e 23 de agosto: workshop no YogaFlow CIYMAM. Inscrições: (11) 3168-5096
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