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sexta-feira, 25 de março de 2011

Viajar, cruzar fronteiras e atravessar barreiras


Por Rosângela Castelari


Qual o real objetivo de ir tão longe; à Índia? Difícil responder de forma simplificada como: vou praticar Ashtanga Vinyasa Yoga. É isso também, mas não só isso.


Há quatro anos esse caminho se abriu na minha vida, e eu optei por aceita-lo, viajar para o outro lado do mundo e, renunciando a muitas coisas, decidi viver o Yoga.


Como prática diária e espiritual, sigo a disciplina do Ashtanga Vinyasa e esse sempre foi o objetivo inicial das minhas viagens: ir a Mysore, seguir a tradição do método, praticar onde toda essa história que me envolvi de corpo e alma começou. E assim foi durante três anos consecutivos, minha casa aqui, minha casa lá, afinal é assim que me sinto quando chego à Índia, em casa, mesmo com tudo tão diferente de todos os padrões ocidentais. Assim "despadronizar" deixou de ser um problema e faz parte da minha história.


Desprogramada

Programando a quarta viagem, fui em direção a um lugar muito especial, Tiruvannamalai, no Estado de Tamil Nadu. Por lá viveu Sri Ramana Maharishi, indiano que entrou em contato com seu estado de iluminação aos 16 anos de idade, e assim viveu na montanha sagrada Arunachala, representação de Shiva. Todo seu ensinamento se dá direcionado a uma só explicação: o Self, em que tudo faz parte da mesma coisa, não há separação alguma, nem começo nem fim, somente a essência. E para se voltar a ele, devemos sempre ter em mente o autoquestionamento: “Quem sou eu?”.


Quando cheguei por lá, não conhecia nada sobre Ramana, e, por obra do destino, fui “obrigada” por uma torção a ficar por lá. Foram dias de meditação e silêncio. Dessa forma, por meio da experiência, absorvi grande parte do conhecimento. Entrei em um estado profundo de meditação e felicidade dentro da caverna onde vivia o sábio Bhagavan.


Após a intensidade da experiência voltada para dentro em Tiruvannamalai, chegou o momento de partir, mudar de direção e seguir o coração rumo a Goa. Onde consegui retornar ao sadhana praticando Ashtanga Vinyasa com Rolf, aluno antigo de Sri K. Pattabhi Jois.


Unir os insights da primeira parte da viagem com este “novo agora” foi o maior ensinamento, pois a absorção do conhecimento só vem a nós com a prática. E não estou falando somente da abençoada prática dos asanas e pranayamas, essas são as ferramentas. Falo da prática do Yoga na vida, no dia a dia, pois percebo que quanto mais estamos presentes nos acontecimentos, maior a nossa responsabilidade em saber lidar com tudo que chega a nós.


E assim, mais uma vez com a escolha do destino, a história dessa viagem transformadora se fecha em um único ponto, talvez o mais importante de nossas vidas. O amor.


Aquela palavra que aprendemos desde cedo, mas não compreendemos o significado real de amar. Por pura confusão da mente, esquecemos da simplicidade de viver com amor.


Seguindo o coração sem muitos questionamentos podemos absorver o conhecimento transmitido por nossos mestres em qualquer lugar do mundo. Já que não existem fronteiras, obstáculos ou caminhos a percorrer. A felicidade já está, basta enxergá-la no coração com amor.


Rosangela Castellari pratica e dá aulas de Ashtanga Vinyasa Yoga em São Paulo, no Instituto Brasileiro de Naturologia www.institutodenaturologia.org.br e no BioNathus www.bionathus.com.br. E escreve no blog youaregiventofly.blogspot.com



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