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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Fogo Digestivo

Por dr. José Ruguê Júnior

Agni é a capacidade de transformação dentro do nosso organismo. É o elemento fogo que tem o poder digestivo e metabólico. Este fogo digestivo é essencial para o processo de conversão da comida em nutrientes, é ele quem transforma o “não-eu” em “eu”, ou seja, transforma e metaboliza todas as refeições em nutrientes que possam ser assimilados pelas nossas células e fazer parte do nosso organismo.

A vida é dependente da existência da comida, da água e do ar que respiramos, mas para a sua utilização na geração a vida, eles precisam ser processados bioquimicamente. O Ayurveda considera o agni a raiz da saúde humana e, quando em desequilíbrio, é a causa de qualquer doença.

O brilho da pele, força, saúde, vigor, crescimento, desenvolvimento, digestão, vitalidade dependem do estado normal e saudável de nosso fogo digestivo.

Se o agni torna-se fraco, o processo digestivo e metabólico é prejudicado. A digestão incompleta ou anormal induz à formação de substâncias tóxicas no organismo chamadas ama, que provêm do alimento parcialmente digerido. Ama infecta os doshas aumentados e os torna tóxicos em natureza. Quando tratamos qualquer doença severa, ama deve ser eliminada primeiramente. Para isto, aumentamos a função do agni até o seu nível saudável e então o tratamento é direcionado para reduzir a quantidade aumentada do dosha relacionado com a doença.

Formado em 1981 em Medicina pela Universidade Federal de Uberlândia, com título de especialista em Terapia Intensiva pela AMIB em 1985. Chefe da UTI do Hospital Santa Genoveva de Uberlândia de 1985 a 1999, Dr. Ruguê foi diretor clínico desse hospital por vários anos. Conviveu com seu mestre, Sri Vájera Yogui Dasa (grande erudito da ciência védica e yóguica) no Brasil e no Chile, de 1973 a 1984. Membro do corpo docente da International Academy of Ayurveda, Presidente do Movimento Mundial de Ayurveda, com sede em Milão – Italia e membros em todo o mundo. Dá cursos por todo Brasil, Portugal, Itália. http://www.suddha.net


segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Sobre Rituais – Parte I

Por Carlos Eduardo Gonzales Barbosa

Se observado com atenção, o ritual é uma dessas necessidades que nos tornamos incapazes de reconhecer, mas cuja falta intensifica o impacto do estresse e prejudica a nossa saúde física e mental.

O ritual tem sido, desde tempos imemoriais, praticado de conformidade com regras herdadas dos antepassados, e sempre foi capaz de produzir o conforto psicológico de estarmos fazendo aquilo que se espera que seja feito. A ideia de ritual normalmente envolve práticas padronizadas que são realizadas regularmente em razão de uma prescrição religiosa ou apenas em obediência a uma convenção do protocolo social. Ao cumprir essas ações predeterminadas, o ritualista espera obter resultados práticos em seu próprio benefício ou no interesse de outros.

No entanto, é preciso compreender que o que mais caracteriza o ritual não é a obtenção dos resultados desejados, mas sim a sua capacidade de organizar e orientar a dimensão “tempo” em nossa vida. Um ritual típico é sempre a celebração que assinala o final ou o início de um período – único ou cíclico – pelo qual passamos. O ritual está vinculado e é regido pelo tempo. Sua importância é trazer para a consciência as características próprias daquela fase da vida, cujo começo ou término ele representa.

Ao longo de milênios, a humanidade foi orientada por rituais, dos quais talvez o mais importante tenha sido aquele que sinalizava o ingresso na vida adulta. Na língua sânscrita, com a qual foram construídos os fundamentos do hinduísmo, há duas palavras que expressam a ideia de ritual: karma e ritu. A primeira palavra indica toda a ação que tem o potencial de produzir frutos (resultados), aos quais o hinduísmo recomenda que se renuncie. A outra expressa o correr das estações do ano, a passagem do tempo, e é sobre ela que nos debruçamos nesta reflexão.


Carlos Eduardo Gonzales Barbosa é mineiro de Juiz de Fora, dedica-se ao estudo das culturas da Índia desde 1972. Cursou sânscrito na Universidade de São Paulo e, desde 1975, ministra cursos e palestras sobre temas relacionados à Índia, ao hinduísmo e ao Yoga. Em 2010, Carlos dará um curso de sânscrito falado pela internet. editor@yogaforum.org


quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Rituais

Por Lygia Lima

Os rituais são ações que nos conectam com o Divino, um meio de comunicação com outros planos. Suas diversas formas, tais como dança, comida, austeridades, sempre estiveram presentes na história da humanidade.

Na loucura da vida de hoje, a intenção ritualística em pequenas ações do dia a dia pode nos ajudar a “aterrar”, nos dar chão para aguentar o ritmo de vida.

Desta forma, acredito que o ritual não deve ser diferente das nossas atividades diárias, se fizéssemos de nossas vidas um ritual teríamos outro ritmo interno, mesmo com a velocidade que o mundo exterior anda.

Para alterar nosso ritmo interno precisamos colocar presença em nossas ações, fazer de nosso cotidiano uma meditação em movimento mantendo a atenção e intenção na atividade que estamos fazendo AGORA, sem esperar ou criar expectativas pela próxima ação.

Lygia Lima é carioca, bailarina, estuda e pratica Yoga há 28 anos e fará um Yoga Ritual Manipura Chakra dia 12 de dezembro no Yoga Flow em São Paulo.
http://nacaoyoga.blogspot.com
www.yogaflow.com.br


quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Yoga Hormonal

Por Eliane Calado Carvalho

O Yoga é uma prática importante em todas as fases na vida da mulher e pode - especialmente na fase da menopausa - auxiliar no equilíbrio e ativação dos hormônios.
Os ovários, as suprarrenais, tireoides e para-tireoides, são glândulas que têm um funcionamento "normal" até mais ou menos os 35 anos. Depois desta idade, pode haver baixas hormonais, que podem ter sintomas conhecidos como ondas de calor, atrofia das mucosas gênito-urinárias, osteoporose etc.

Havendo uma necessidade dessas glândulas se ativarem, as posturas do Yoga (asanas) e exercícios respiratórios (pranayamas) podem ser direcionados para ativar a energia prânica latente nestas glândulas. Além de beneficiar todo o corpo com fortalecimento da musculatura e dos ossos, aumento da flexibilidade e leveza de movimentos.

Sua Prática

A prática apropriada para esta fase está ligada à necessidade de cada mulher. Quando há baixa hormonal seguida de estresse, corpo cansado, dificuldade de concentração, a prática deve ser conduzida com posturas restaurativas, com uso de props, posturas e respiratórios que irriguem bem as glândulas e que ensinem ao corpo que é possível relaxar.

Quando o corpo está muito inerte, com falta de vitalidade, a baixa hormonal pode se manifestar de forma depressiva, com baixa autoestima e desânimo. Nestes casos a prática de posturas e respiratórios estimulantes (como bastrika durante a postura) ativa a energia nas glândulas.

O corpo de cada mulher tem os seus ciclos. A prática nos mostra quando o corpo precisa de mais movimento ou apenas de relaxar.

Dicas

- Escolha uma prática de Yoga que lhe traga vitalidade, mas que também seja restauradora.
- Encontre disponibilidade para a sua prática. Permita-se sentir-se bem.
- Combine a sua prática com uma alimentação própria para auxiliar o equilíbrio hormonal.
- Desenvolva a sua intuição para reconhecer as coisas que realmente lhe fazem bem.
- Combine a sua prática de Yoga com práticas esportivas ou hobbies.
- Faça todo dia uma prática meditativa.


Eliane é praticante de Yoga desde 1990, tem vasta formação em Yoga e Ayurveda, com professores do Brasil, Índia e EUA.
www.yogadinamica.com.br
yd@yogadinamica.com.br


terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Vata: ao sabor do vento

Este dosha controla todo o movimento biológico, como a inspiração e a expiração, a circulação sanguínea, os impulsos nervosos, os batimentos cardíacos, a comida que entra e sai, o fluxo dos pensamentos. Vata é responsável por começar as coisas – por isso, quando em desequilíbrio, a pessoa deste dosha fala muito sem chegar a nenhuma conclusão, gasta dinheiro à toa, compra demais sem, no entanto, adquirir nada necessário.

A energia de vata controla o sistema nervoso e concentra-se na região do cólon (intestino grosso), pélvis, juntas sacro-ilíacas e lombar. Quando o dosha entra em desequilíbrio, esses são os primeiros órgãos a apresentar problemas.

Características físicas

São pessoas altas ou baixas, porém sempre magras, de estrutura corporal pequena e angulosa. Têm ombros e quadris estreitos.

Podem comer muito e não engordar. No entanto, seu peso pode flutuar durante a vida e, ao envelhecer, às vezes ganham alguns quilos. O apetite é irregular e podem ter fome a qualquer hora, bem como pular refeições.

As juntas são secas, barulhentas e protuberantes. Os dentes são pequenos e também protuberantes. Têm mãos e pés gelados e sentem muito frio. Em geral têm olhos pequenos e cabelos finos e encaracolados. A pele é seca.

Dormem pouco – normalmente seis horas são suficientes – e em horários diversos. De sono leve, acordam com qualquer barulho. São superativas, mas se cansam com facilidade, podendo chegar à exaustão. Isso gera sensação de fraqueza, sobretudo se têm dificuldade para dormir. Necessitam de muito repouso e se beneficiam com rotinas e hábitos regulares.

Características psicológicas

Tendem a ser alertas, com uma mente rápida e ativa. Aprendem novos conceitos e ideias num piscar de olhos, mas tendem a esquecer o que aprenderam com igual rapidez. Como o vento, pensam, falam, andam e movem-se depressa, geralmente sem parar. Gostam de movimento e de novidades. Mudam de ideia e de humor o tempo todo. Amam a liberdade.


Texto retirado do livro Ayurveda, Cultura de Bem Viver, de Márcia De Luca e Lúcia Barros.


Pitta: pode vir quente que ele está fervendo

Dinamismo e paixão caracterizam as pessoas de pitta. O dosha do fogo representa o metabolismo, sendo responsável por todas as transformações químicas que ocorrem no organismo. Pitta faz a digestão, traz luminosidade para o olhar, regula a temperatura e é fonte de energia.

Este dosha se concentra na região abdominal: intestino delgado, parte baixa do estômago e fígado. Quando o dosha entra em desequilíbrio, esses são os primeiros órgãos a sofrer.

Características físicas

Pessoas de estrutura e constituição corporal média. Mantêm o peso sem flutuações importantes.

A pele é clara ou avermelhada, muitas vezes com sardas e com tendência a manchar. Como a temperatura do corpo é alta, transpiram e ruborizam com facilidade. Também por isso são avessas ao calor e à exposição prolongada ao sol.

Têm olhos penetrantes, de tamanho médio. Cabelo fino e sedoso, normalmente loiro, castanho claro ou ruivo. A tendência é ficarem com os cabelos grisalhos precocemente, e, no caso dos homens, carecas.

Têm excelente digestão e grande apetite. Ficam irritadas se pulam ou atrasam uma refeição. O intestino também funciona com regularidade. Costumam acordar no meio da noite com fome, sede ou calor. Dormem profundamente, por curtos períodos de tempo. Têm forte impulso sexual.

Características psicológicas

É o dosha de maior inteligência e também raiva. O raciocínio é rápido, enquanto a mente tem poder de foco e organização. São pessoas ordeiras, enérgicas e competitivas, além de corajosas e independentes. Têm a fala articulada e precisa. Têm iniciativa e costumam dominar as situações. Costumam julgar os outros.


Texto retirado do livro Ayurveda, Cultura de Bem Viver, de Márcia De Luca e Lúcia Barros.


Kapha: devagar e sempre

Representa estabilidade e pé no chão. É o dosha responsável por nossa estrutura e sistema linfático. Também é kapha que dá suporte e nutre o sistema nervoso, lubrifica o trato digestivo, as articulações e o trato respiratório, regula água e gordura.

Sua energia se concentra na parte alta do estômago e nos pulmões e vias respiratórias – os primeiros órgãos a adoecer quando kapha entra em desequilíbrio.

Características físicas

As pessoas de kapha têm uma estrutura corporal sólida, ganham peso com facilidade e têm tendência à obesidade e muita dificuldade para emagrecer.

A pele clara é lustrosa, suave e sedosa, e apresenta certa palidez. Têm lábios carnudos, dentes brancos e fortes, bochechas fofas e olhos grandes, de cílios longos. Cabelos grossos, pretos e brilhantes.

De digestão lenta, podem sentir-se pesadas após comer. Não têm muito apetite e toleram bem pular refeições. A eliminação é regular. Precisam de um período maior de descanso e seu sono é pesado e profundo. Transpiram pouco e detestam tempo frio e úmido. Têm tendência a acúmulo de muco.

Características psicológicas

São lentas em todos os aspectos, como movimentos e raciocínio. Aprendem devagar, mas têm excelente memória. Amáveis, cheias de compaixão, conciliadoras e de bom senso, as pessoas de kapha costumam ser excelentes como amigos e pais.

O apego a gente e coisas, bem como ao passado, faz parte de sua natureza. Não se preocupam nem ficam bravas com facilidade. Emocionalmente estáveis, são agradáveis e carinhosas. Pensam muito antes de tomar qualquer decisão.


Texto retirado do livro Ayurveda, Cultura de Bem Viver, de Márcia De Luca e Lúcia Barros.


A Força da Intenção

Por Márcia De Luca

Todos os vícios estão arraigados em nossa memória celular. São hábitos nefastos que fazem parte da nossa vida. Só conseguimos eliminar um mau hábito quando o substituímos por um hábito saudável.

Um imenso poder de realização e concretização dos nossos desejos está onde colocamos nossa atenção e intenção. Devemos determinar o que queremos e colocar intenção forte para conquistar nossos objetivos. Essa intenção é conhecida, dentro da filosofia do Yoga, como sankalpa.

Essa intenção, quando acompanhada de disciplina (tapas) é uma dobradinha infalível! Com essas duas práticas evoluímos como seres humanos e, aos poucos, percebemos que podemos absolutamente TUDO e a cada dia nossa autoestima estará mais elevada e nosso autocontrole mais presente.

Temos que ter intenção, determinação e disciplina para manter a prática por tempo suficiente, até que aconteça a troca dos hábitos.

Márcia De Luca é fundadora do CIYMAM (Centro Integrado de Yoga, Meditação e Ayurveda) em São Paulo. Há 29 anos dedicada aos estudos de Yoga e Ayurveda. Apresenta os boletins diários “Filosofia de Bem Viver” na Rádio Eldorado de São Paulo (92,9FM); é uma das organizadoras do evento Yoga Pela Paz e autora de 2 livros: A Idade do Poder (Editora Tornado) e Ayurveda: Cultura de Bem Viver.