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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Torcicolo

Por Marise Berg

O torcicolo espasmódico (o tipo mais comum) é causado por uma contratura dos músculos do pescoço, gera dor e dificuldade de movimento. Esse tipo de contratura pode ser causada por tensão emocional, má postura, sobrecarga física, trauma por deslocamento súbito, permanência na mesma posição por períodos prolongados ou uso de travesseiro inadequado.

A Ayurveda (que em sânscrito significa "ciência da vida") recomenda um tratamento sistêmico que inclui a eliminação dos fatores causais, massagens e aplicação de calor local, uso de óleos herbáceos, além de cuidados para amenizar o estresse e a tensão.

Toda doença começa com a influência de um fator causal. É fundamental descobrir o fator e fazê-lo parar de influenciar de forma negativa (corrigir a postura, trocar o travesseiro, aliviar a tensão).

Como tratamento local, recomendam-se as massagens com aplicação de óleos relaxantes e anti-inflamatórios (de arnica ou alfavaca, por exemplo), seguidas de calor úmido (swedana – sauna localizada).

A alfavaca (Ocimum Gratissimum) tem ação antiespasmódica, com efeito de relaxante muscular e induz o sono em casos de insônia por tensão muscular. O chá pode ser preparado na proporção de quatro a cinco gramas da planta fresca ou dois a três gramas da planta seca para cada 100 ml de água. Tomar 100 ml de duas a três vezes ao dia (CARNEIRO, 2009). Também se pode aplicar compressa de suas folhas frescas na região da tensão muscular.

Como tratamento sistêmico, aplica-se o nasya – a administração nasal de óleos herbáceos – que limpa e rejuvenesce os tecidos da cabeça e pescoço, clareia os órgãos dos sentidos, remove toxinas, nutre e tonifica a região, além de eliminar os doshas em excesso.

O estresse é a soma das respostas físicas e mentais causada pela exposição aos estímulos externos de forma pontual ou contínua e prolongada. Ele é o resultado da maneira individual de percepção, assimilação e resposta aos acontecimentos da vida.

A contração da musculatura esquelética responde a estímulos elétricos enviados pelo sistema nervoso. Ou seja, quando o nosso sistema nervoso determina que estamos tensos, automaticamente os nossos músculos se contraem. Quando a tensão for a causa principal da contração muscular, os principais tratamentos aplicados são:

Shirodhara – massagem seguida da aplicação de um fio de óleo morno na região da testa (com ênfase no ponto energético entre as sobrancelhas – ajña chakra, relacionado com a consciência espiritual e a intuição. Estimula a glândula pituitária que induz a produção de serotonina, levando a um relaxamento profundo, sensação de prazer, equilíbrio e clareza mental.

• Yoga, pranayamas (exercícios respiratórios), e meditação.

Também é importante repor a energia gasta durante o dia, dormindo adequadamente (em quantidade de horas e em qualidade de sono).




Fontes:
CARNEIRO, Danilo. Ayurveda, saúde e longevidade na tradição milenar da Índia. São Paulo. Pensamento, 2009.


Anatomia do Torcicolo

Por Gerson D'Addio

Torcicolo é uma alteração do tônus muscular na região cervical e ombros, caracterizado por contratura, normalmente de um lado, alteração na postura e dificuldade na movimentação da região. 

Há vários tipos de torcicolos: os mais comuns são denominados "repentinos" e são causados por fatores como estresse, má postura principalmente ao dormir (às vezes com travesseiros e colchões também impróprios), movimentos bruscos e alterações climáticas (principalmente frio, umidade e vento). Outros tipos de torcicolo são mais graves, como o congênito e o espasmódico. Nestes casos, as causas envolvem mecanismos mais centrais e tratamentos como massagens, Yoga e outras técnicas corporais são apenas paliativos.

Cuidado com o Yoga 

Algumas técnicas de Yoga podem até gerar contraturas cervicais quando mal executadas ou quando aplicadas sem respeitar contraindicações específicas. Exemplo clássico disto são as posturas invertidas como o sirshasana (invertida sobre a cabeça).

A prevenção de torcicolos repentinos inclui alongamentos e fortalecimento cervicais. No contexto do Yoga, técnicas como halasana (postura do arado) e matsyasana (postura do peixe) podem ser bons preventivos pelo alongamento que proporcionam respectivamente para músculos posteriores (trapézio, esplênio) e anteriores (esternoclidomastoídeo), porém são fortes demais para quem está com o problema.

brahmamudra (símbolo de Brahma) pode ser de grande valia, alongando e acionando moderadamente os músculos mais acometidos, como o esternoclidomastoídeo e o trapézio. Shavasana (postura do cadáver) também pode ajudar muito, pois o relaxamento profundo reduz o tônus muscular cervical, porém pode ser necessário um apoio para a cabeça em casos de pessoas que não a acomodam bem no chão quando em decúbito dorsal (deitados de barriga para cima).

Estas últimas técnicas, além do efeito preventivo, podem auxiliar no tratamento, desde que executadas com muito vagar e moderação, sem exigências que façam aumentar a dor ou a rigidez. No caso de torcicolos espasmódicos, é imprescindível o acompanhamento médico.


Gerson D'Addio da Silva é comunicador social e educador físico formado pela USP, pratica Yoga há 19 anos e leciona há 14. Formado em Yoga pela UniFMU e Kaivalyadhama Institute de Lonavla – Índia – é mestre em ciências pela FMUSP. Coordena o curso livre de formação da Humaniversidade e é professor no Colégio Marista Arquidiocesano e em vários cursos na área.


Respire Aliviado

Por Flávia Maimoni Ribeiro

Ujjayi (ud = para cima, de nível superior, soprar, expandir, proeminência, poder; jaia = conquista, vitória, triunfo, sucesso, coerção, restrição) – respiração onde os pulmões são completamente expandidos e o tórax se torna dilatado como o de um orgulhoso conquistador

Instruções:

1. Sente-se confortavelmente em sukhasana (pernas cruzadas) ou numa cadeira, com a coluna ereta, olhando para frente;
2. Durante uma expiração prolongada, murmure a palavra “haaaaa” de forma que esta respiração produza um ruído de leve fricção ao passar pelo palato (entre a boca e a garganta); é um som semelhante ao de embaçar um vidro, ou ainda o som que ouvimos no interior de uma concha.
3. Experimente fazer com os lábios abertos e quando estiver sentindo a vibração suave do som na parte de trás da garganta, passe a fazer a respiração de lábios fechados.
4. Sentindo facilidade, experimente produzir o mesmo som ao inspirar.
5. Complete o ciclo da respiração-inspiração – pausa com o ar nos pulmões e expiração – repetidas vezes. O tempo deve estabelecer uma proporção de 1–2–2, ou seja, se for inspirar em quatro segundos, retenha oito e exale oito segundos.
6. Esta prática deve ter a duração média de 15 minutos.

Dicas importantes:

1. Observe se o som de sua respiração é seco como o vento e oco e não nasalado.
2. As narinas devem estar relaxadas (não puxe o ar com força, deixe a respiração acontecer naturalmente).
3. Algumas pessoas conseguem realizar esta respiração com facilidade, outras levam mais tempo para aprendê-la. No entanto, não desanime. Faça quantas respirações precisar com os lábios abertos até conseguir!
4. Não faça se estiver com irritações ou inflamações na garganta.

Efeitos benéficos deste pranayama:

1. Acalma a mente e os sentidos.
2. Traz leveza, bem-estar e tem efeito energizante.
3. Promove tranquilidade e, ao mesmo tempo, força para lidar com as adversidades da vida.


Flávia Maimoni Ribeiro – psicóloga, instrutora de Yogaterapia e terapeuta ayurvédica. Busca integrar os conhecimentos da saúde milenar do Yoga e do Ayurveda com a ciência moderna ocidental.


Abra Seu Coração

Por Flávia Maimoni Ribeiro

“Abra seu coração, abra seu sentimento, abra seu entendimento, deixe de lado a razão e deixe brilhar o sol escondido em seu interior”.

A culpa e a dificuldade de perdoar, segundo o Yoga e o Ayurveda, estão diretamente relacionadas ao desequilíbrio do quarto chackra (chamado de anahata) da nossa anatomia sutil. Os chackas são como filtros que nos permitem trocar informações, sentimentos e impressões com o exterior e, por sua vez, recebem as impressões vindas do mundo.

O quarto chackra, também conhecido como cardíaco, governa sutilmente o coração, sistema circulatório, pulmões, ombros e braços, costelas e seios, diafragma e tem sua correspondência bioquímica com a glândula timo.

Timo vem de tymus, palavra grega que quer dizer energia vital. Esta glândula está bastante ativa na primeira infância e vai gradativamente diminuindo suas funções ao chegar à maturidade. Quando esta glândula está ativa o organismo não envelhece. O timo é um dos pilares de sustentação de nosso sistema imunológico, juntamente com as glândulas adrenais. É extremamente suscetível às emoções como o amor ou o ódio.

Estudos psicológicos diversos pesquisaram o impacto que nossos relacionamentos têm no sistema imunológico e concluíram que compartilhar sentimentos e situações que nos incomodam pode ter um impacto bastante positivo sobre nossa imunidade. É preciso desenvolver as qualidades positivas do quarto chackra que são amor incondicional e a compaixão. Para que o amor seja despertado, é necessário curarmos as feridas emocionais (mágoas) através do perdão e da liberação do passado e suas influências no presente.

A prática de Yoga pode ser bem benéfica para iniciarmos um processo de liberação das emoções reprimidas. Algumas sugestões de prática:

Ustrasana – postura do camelo (ustra = camelo)

Postura:

1. Ajoelhe-se e fique com joelhos e pés unidos, peitos dos pés apoiados no chão com os dedos relaxados.
2. Encaixe o quadril, deixe o abdome firme e a coluna ereta.
3. Apoie as mãos espalmadas na base da coluna, parte posterior do quadril.
4. Leve os ombros e cotovelos cada vez mais para trás com a intenção de aproximar os cotovelos.
5. Mantenha o quadril na mesma linha que os joelhos, não projete o quadril para frente ou para trás, fixando-o.
6. Ainda com o quadril encaixado, contraia glúteos e abdome, incline o tronco para trás e aponte seu queixo para cima.
7. NÃO projete o quadril para frente com a pressão das mãos.
8. Apoie as duas mãos espalmadas na sola dos pés, abrindo ainda mais o peito, apontando-o para cima.
9. Caso tenha dificuldade nesta etapa, tente as seguintes alternativas:
• Afaste um pouco os dois joelhos um do outro.
• Apoie as mãos nos calcanhares.
• Apoie as mãos nos calcanhares com os dedos dos pés virados para o chão.
10. Se ainda for difícil, pule os passos 8 e 9.
11. Intenção de crescer a coluna e o pescoço para cima e para trás.
12. Mantenha a postura estável e confortável.
13. Concentre-se em respirações profundas e tranquilas (5 a 12 respirações no início).
14. Finalizando: com a força dos pés e joelhos empurrando o chão, volte o apoio das mãos na base da coluna, leve o tronco na mesma linha que o quadril, voltando para a posição vertical.
15. Para descansar, leve o quadril na direção dos calcanhares, testa na direção do chão e braços ao longo do corpo.

Dicas importantes

1. Evite esta postura se estiver com problemas intestinais, pressão alta, dor de cabeça ou se for cardíaco.
2. Fique atento à posição do quadril e das pernas, o mais importante na postura é mantê-los estáticos enquanto a inclinação ocorre somente na parte superior do corpo.
3. Proteja a sua lombar mantendo o encaixe do quadril a todo momento.
4. À medida que inclina o tronco para trás, cresça a coluna. Tanto a parte posterior como a anterior do tronco devem estar alongadas.

Caso sinta desconforto na coluna torácica ou lombar, diminua a inclinação do tronco para trás.

Efeitos benéficos da postura:

1. Diminui a rigidez das costas, ombros e tornozelos, mantendo a coluna flexível e saudável.
2. Alonga da região anterior dos braços e do corpo.
3. Fortalece o sistema imunológico.
4. Abre o coração, mantendo a disponibilidade e a entrega para as relações afetivas.


Flávia Maimoni Ribeiro – psicóloga, instrutora de Yogaterapia e terapeuta ayurvédica. Busca integrar os conhecimentos da saúde milenar do Yoga e do Ayurveda com a ciência moderna ocidental.


Sinta-se Livre

Por Maisa Misiara
Foto: Thiago Calazans

A culpa é um sentimento tão antigo quanto a história da humanidade. Parece que já nascemos com essa “tatuagem” em algum lugar do nosso ser. No Ayurveda, quem conhece um pouco as famosas constituições energéticas, chamadas doshas (vata, pitta e kapha), pode imaginá-la em diversas situações; um vata medroso e inseguro diria: por que tive medo e não fiz o que tinha que fazer? Um pitta, de temperamento “quente”, diria: por que fiquei tão irritado e não me controlei? E um kapha, o mais ressentido dos três, cheio de mágoas: por que não consigo esquecer e me perdoar?

Fato é que, com razão ou não, todos nós sentimos e compartilhamos esse sentimento. O “diferencial divino” entre os seres está em como lidamos com isso, na capacidade de compreender e perdoar, quer seja a nós mesmos ou ao outro. Como vemos e processamos os fatos da nossa vida!

Se olharmos para o presente com peso das marcas do passado, utilizamos um filtro viciado, que turva e obscurece nossa visão, e tudo, então, passa pelo condicionamento dessa lente. Passamos a agir e reagir de uma maneira diferente do que realmente gostaríamos, e a viver uma vida distinta da que sonhamos viver. Deixamos nossos sonhos e o que é pior, adoecemos. Assim iniciam-se uma série de desajustes orgânicos.

Essa desconformidade entre o que vivemos e o que nosso Eu profundo, nossa alma, anseia viver é a origem do adoecimento vata (medos, inseguranças, problemas articulares e neurológicos); do pitta (cólera, indignações, hepatites, doenças inflamatórias, hipertensão e problemas cardiovasculares); e do kapha (apego, depressão, edemas, obesidade, problemas metabólicos e diabetes).

Por sermos parecidos por natureza, mas em essência tão diferentes uns dos outros, estranhamos as ações que não nos fazem sentido. Magoados, brigamos, nos afastamos. Passamos a viver uma vida separada não apenas dos inimigos, dos aborrecimentos, como também dos amigos, do que nos traz alegria e de nossas crenças. Deixamos de ver o mundo de forma sadia.

Se retirarmos os óculos das experiências negativas, nossos olhos limpos não restringirão sua visão apenas à realidade criada pela mente, mas sim, perceberão a verdade da nossa realidade. Olharemos em essência. Seja justo ou não o que tenha nos acontecido, é possível renovar e reescrever uma nova mensagem.

A proposta do Yoga e do Ayurveda é simples e transformadora: somos recriados a todo o momento, corpo e mente. Escolher com sabedoria o que nos formará está em nossas mãos. Desintoxicá-los e nutri-los com alimentos e hábitos adequados à nossa constituição; viver com o foco em cada ato singular e com a atenção plena no que está acontecendo são os ensinamentos dessa milenar arte de curar.

A escolha livre de paradigmas do passado reescreve um novo caminho; como diz o texto bíblico, seguir sem olhar para trás! Isso significa perdoar. Nossos registros de sofrimento podem ser mudados.
As práticas de meditação e pranayamas ajudam a ampliar e renovar a nossa percepção e consciência. Respirar é relaxar! Respirar é trazer para nosso sangue um novo fluxo de oxigênio, um novo fluxo de pensamentos e de vitalidade. Assim como o ar entra e sai, o que não é mais necessário pode sair e o novo entrar.

Perdoar não apenas deixa-nos livres de doenças e das amarras emocionais do passado, mas traz à vida o perfume e o frescor do tempo presente.


Maisa Misiara – Médica Homeopata, Ayurveda. Docente do Instituto de Cultura e Escola de Homeopatia, responsável pela Clínica Cítara Saúde.

Leia mais sobre os doshas


Autocrueldade

Por Flávia Lippi

De todas as violências que sofremos, as que cometemos com mais frequência são as que cometemos contra nós mesmos.

Nessa violência, nesta crueldade, não se derrama sangue, mas se derrama dor e com isso se constroem paredes, e atitudes limitantes que passam a nos sufocar por dentro.

Atitudes limitantes são martelos incessantes em nossa alma e sem dúvida a mais dissimulada de todas as agressões. Elas vêm enfeitadas de falsas virtudes, aplausos de pessoas e que mesmo assim continuam internamente delimitando e esmagando brutalmente nossa alma.

Algumas pessoas buscam sempre a admiração e aceitação dos outros, numa tentativa incessante de calar as atitudes limitantes que calam também suas almas. Buscam constantes elogios, colecionam reverências e títulos inúteis, sorrisos marcados e ainda assim não sabem o preço que pagam por isso. Vivem distantes de si mesmas.

A autocrueldade só pode ser combatida, com amor a si mesmo e a declaração interna de que é necessário fazer diferente do que sempre fez, para que seja respeitado pelo que é e não pelo espelho que se carrega.

A alma pode ser sim o reflexo mais sincero do que somos.

Seja. Simplesmente, seja.


Flávia Lippi é Master Coach pelo Behavioral Coaching Institute – EUA, Trainer pelo Instituto Integral de Coaching y Desarrollo Personal – Espanha, Busines Coach e Personal & Professional Coach pelo International Coaching Council – ICC. Membro emérito da SBC. Terapeuta Ayurveda pela Fundação Sri Vájera (Escola Yoga Brahma Vidya, ligada à Sudda Dharma Mandalam International, Índia). Trainer e Speaker Internacional. Docente em instituições nacionais e internacionais. Diretora do Instituto Idemap – Brasil – México e Instituto IDHL – Brasil – Londres. Autora dos livros, Coaching in a Box e Guia de Beleza Natural pela Matrix Editora do Brasil. Autora convidada do livro Ferramentas de Coaching, publicado em Portugal e com previsão de publicação no Brasil.
www.idhl.com.br / www.institutoidemap.com.br
Tel.: 11 96389637
flavialippi@flavialippi.com.br


quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Yoga na Educação


Por Madu Cabral

A doutora em Letras Americanas, Michelline Flack, começou seu caminho no Yoga quando descobriu que seu autor predileto, Henry David Thoreau, passou dois anos isolado em uma floresta para descobrir o significado da vida e levou apenas dois livros: Homero e a Bhagavad Gita. O caminho indicado por Thoreau a levou a uma das mais importantes escolas de Yoga do mundo, a Bihar School na Índia, onde estudou com Swami Satyananda Saraswati.

Professora de inglês na época, Michelline começou a experimentar algumas das técnicas do Yoga (alongamentos, respiração e relaxamento) em seus alunos durante as aulas. Apesar das dificuldades pela falta de divulgação, conhecimento e livros sobre Yoga (falamos de 1973), a professora viu o benefício que haveria para os alunos e começou a desenvolver um método para ensinar a milenar filosofia da Índia para seus pequenos estudantes. Todos gostaram: pais, alunos e escolas, hoje Michelline é fundadora do RYE – Research of Yoga in Education, uma instituição presente em muitos lugares do mundo (inclusive no Brasil) que incentiva, estuda e pratica o Yoga para as crianças nas salas de aula.

Como foi o início de seu trabalho com as crianças e o Yoga?
Percebi o benefício que essas técnicas poderiam oferecer ao aprendizado infantil e o interessante é que as crianças gostavam muito. No começo, os pais desconfiaram um pouco de uma professora de inglês ensinando "ginástica" na sala, mas expliquei que isso as ajudaria a aprender melhor. Dava pequenos exercícios de Yoga em inglês e meus alunos, além de se tornarem muito bons no vocabulário do corpo, passaram a entender que o corpo é nossa verdadeira casa, não nosso quarto ou uma cozinha, e passaram a cuidar dele melhor.

E como isso se organizou na França?
Passei a ser conhecida com esse trabalho, no começo recebi muitos jornalistas para falar sobre isso. Esse movimento cresceu, comecei a ser muito procurada por professores e hoje, apesar de não ser reconhecido oficialmente, as escolas vêm com bons olhos um professor formado pelo RYE, sabem a qualidade e os benefícios dos nossos programas.
O Yoga não deve ser obrigatório, é contra tudo que os textos antigos nos ensinam. Ao ensinar Yoga nas escolas apresentamos o método, o que não significa que todos queiram praticar. Por isso começamos a ensinar aos professores, para que as técnicas possam acompanhar o dia a dia das escolas. O importante é observarmos que se o professor só aprender a técnica e não praticar Yoga regularmente a técnica não funciona em sala de aula, depois de um tempo deixa de ser interessante.

E quais os benefícios?
A primeira coisa que percebemos foi que ao apresentarmos o Yoga imediatamente há uma mudança na relação entre os alunos e os professores, é PAZ, a atmosfera da sala muda. Se o professor propõe um jogo em que os alunos entrem o mais quieto possível na sala sem fazer barulho, a atividade começa mais tranquila e apresentamos uma novidade às crianças: o silêncio!
Tanto para crianças quanto para adultos o Yoga aumenta a atenção no momento presente, traz equilíbrio, e melhora a imunidade, faz bem para o corpo. Queremos que as crianças sejam pessoas autônomas e bem equilibradas, que tomem responsabilidade por suas vidas e que mantenham a mente crítica.

Como as crianças recebem o Yoga?
Eles são ótimos embaixadores do Yoga! Ensinam o que aprendem uns aos outros. As crianças fazem as coisas sem perder muito tempo pensando como fazer. O Yoga para as crianças não pertence a nós, ensinamos e eles fazem o resto.


Micheline Flak (Swami Yogabhakti) estudou Yoga com seu mestre Swami Satyananda, referência mundial em Yoga. Doutora em Letras Americanas pela Sorbonne, começou a introduzir técnicas de Yoga em suas aulas em 1973. Foi professora de Ciências da Educação no Institut Supérieur de Pédagogie Paris XII, de 1985 a 1994. Diplomada em Yoga pela Fédération Française de Hatha Yoga e formada pela Bihar School of Yoga, Índia, onde estudou com Sw. Satyananda Saraswati, de quem é discípula direta e recebeu o título de Swami. Fundou e preside a RYE – Recherche sur lê Yoga dans l’Education (Pesquisa de Yoga Aplicado à Educação) – hoje presente em 11 países.


Consciente coletivo - Episódio 2/10



Fonte: Akatu


Consciente coletivo - Episódio 1/10

Em 10 episódios, a série Consciente Coletivo faz reflexões, de forma simples e divertida, sobre os problemas gerados pelo ritmo de produção e consumo de hoje. Entre os assuntos estão sustentabilidade, mudanças climáticas, consumo de água e energia, estilo de vida, entre outros, que permeiam o universo da consciência ambiental. O projeto é uma parceria entre o Instituto Akatu, Canal Futura e a HP do Brasil.



Fonte: Akatu


Administrando o tempo em paz

Por Camila Reitz

O tempo está cada vez mais escasso para todos nós. O mundo, com tantas novidades tecnológicas, por um lado nos ajuda a fazer tudo de forma mais rápida e desperdiçando menos tempo. Por outro lado, faz com que tenhamos cada vez mais coisas para fazer, além é claro, da obrigação de fazermos tudo com mais eficiência e rapidez.

Antigamente escrevíamos cartas para amigos no exterior ou em alguma cidade distante. Lembro que era prazeroso escrever em papel, fazer um desenho e enviar uma foto junto. Demorava um tempão para a resposta chegar, demorava tanto que nem ficávamos preocupados esperando a tal resposta, e era uma alegria ver o carteiro chegando. Hoje, carteiros só trazem contas para pagar. E o meio de comunicação é o computador. Escrevemos mais e-mail de trabalho do que qualquer outra coisa. Uma amiga disse um dia: “é ótimo quando você responde o e-mail, pois você passa o problema para frente, e ele só volta quando a resposta voltar”.

Mas mantenha a calma, pois há de existir uma forma de resolver essa situação de falta de tempo. A principal forma é termos a consciência de que o tempo tem duas características que não mudam nunca: o tempo não para, e nunca volta atrás. Temos que aceitar e saber lidar com o que já passou e também administrar a falta de tempo em paz.

No momento estou numa situação de falta de tempo terrível. Parece que tudo está acontecendo ao mesmo tempo, e realmente está! O prazo para entrega desse texto está esgotado, e com calma tenho que escrever. Então as dicas que escrevo aqui são as que eu mesma estou utilizando. A primeira coisa a fazer é escrever todas as tarefas num papel. A grande vantagem de fazer uma lista é retirar as tarefas da cabeça para criar espaço e leveza para solucioná-las. Tome um tempo para refletir o que é realmente imprescindível fazer agora e o que pode ser feito depois, priorizando as tarefas. Parar para relaxar e tomar um tempo para si tem uma extrema importância durante o processo de executar tarefas. Dessa forma a mente fica mais calma e quanto mais calma, mais alerta e capaz para solucionar problemas.

Muitas vezes menos é mais. Aprendi isso com um aluno da formação para professores. Pedi para todos escrevessem os compromissos que iriam assumir durante o curso, e ele falou: “vou me comprometer a fazer ao menos o mínimo”. Pensei, como assim, vai se comprometer a fazer o mínimo? E ele complementou: “mas vou tentar ao máximo, fazer o máximo”. Então, observe a sua lista de tarefas e comprometa-se a fazer pelo menos o mínimo que é necessário ser feito, e se puder, faça o máximo, o melhor que puder.

Sugeri para mim mesma e sugiro para você fazer uma resolução interior. No Yoga chamamos essa resolução de samkalpa, existe uma forma específica de fazer essa resolução. Deve ser uma frase curta, positiva e conjugada no presente, pois o subconsciente só capta informações no presente. Para manter a paz sugiro algo como: “faço uma coisa de cada vez” ou “resolvo tudo em paz”. Repita seu samkalpa pelo menos três vezes ao dia, ou sempre que estiver ansioso para resolver algo. Respire fundo, feche os olhos e visualize-se em paz resolvendo qualquer situação que possa aparecer. Com certeza isso irá ajudá-lo.

Existem teorias que dizem que os dias não têm mais 24 horas. Chego a pensar que isso realmente pode ser verdade. Afinal não dá mais tempo de fazer tudo o que temos que fazer, quem diria fazer tudo o que queremos fazer. Mas será que a solução não seria querer menos?

Bem, talvez essa seja uma das soluções, afinal muitas vezes menos é mais. Mas no momento não tenho tempo para refletir sobre isso, vou colocar essa reflexão na minha lista de tarefas, assim o assunto não vai ficar pendurado na minha cabeça, ocupando espaço que deveria estar preenchido de paz.


Camila Reitz pratica Yoga há 16 anos, estudou no Brasil, Índia, Estados Unidos e Austrália, criou a marca Devi e ministra curso de formação para professores de Yoga. www.devi.com.br


Navaratri – as Nove Noites de Devi

Dentro do hinduísmo, o Divino é visto como o Todo, que inclui todas as formas, todo o Universo e todos os seres. Uma vez que tudo inclui, o Todo pode ser visto por detrás de qualquer objeto, situação ou criatura, e com isso podemos viver nossas vidas sem perder de vista a presença deste Divino.

Algumas formas são consideradas especiais, por evocarem mais facilmente a apreciação para com este Todo, além de transmitir o conhecimento da tradição por meio de símbolos. Tais formas são as Divindades, que representam aspectos do Todo como o Conhecimento, a Prosperidade, dentre outros. As divindades masculinas são chamadas Devas, e as femininas são chamadas Devis.

As Devis exaltam o Todo na forma de Shakti, o poder que existe inerente ao Universo, e que permite sua manifestação, manutenção e dissolução. Dentro do simbolismo hindu, Shakti é sempre associada ao feminino, sendo a beleza, a multiplicidade das cores e todas as capacidades.

Esta Shakti é vista como tendo três aspectos principais: o poder de conhecer, o poder de desejar e o poder de agir. Cada um deles é visto como uma Devi: Saraswati, Lakshmi e Durga, respectivamente, sendo as consortes de Brahmaa, o criador, Vishnu, o mantenedor, e Shiva, o destruidor do Universo.

No festival de Navaratri, Shakti é homenageada ao longo de nove noites (“nava-ratri”). Nele, uma das mais importantes histórias associadas a Shakti é lembrada, contando o surgimento de Durga. É dito que um terrível Asura (demônio) chamado Mahisha fez muitas disciplinas, e por conta disto obteve a bênção de Brahmaa, o criador. Mahisha pediu pela imortalidade. Contudo, Brahmaa negou seu desejo, já que tudo o que nasce necessariamente morre. Assim, Mahisha pediu para que só pudesse ser derrotado por uma mulher. Como ele considerava impossível ser vencido em batalha por uma mulher, para todos os efeitos ele estaria imortal.

Com esta grande bênção, Mahisha foi capaz de derrotar até mesmo os Devas, dominando todo o Universo e levando o caos a toda parte. Sem saber o que fazer, os Devas pediram auxílio a Brahmaa, Vishnu e Shiva. Ao ouvirem as atrocidades de Mahisha, todos ficaram muito raivosos, e da testa de cada um deles emanou uma luz, suas Shaktis, que se uniram em um único ponto no espaço, manifestando Devi em uma única forma com diversos braços, cada um portando a arma de um Deva, ela mesma montada em um leão.

Após ouvir o que os Devas tinham a dizer, o leão deu um imenso rugido, e Durga partiu para o encontro com Mahisha. Centenas de exércitos de asuras, após terem ouvido o rugido do leão de Durga, correram para ver qual a origem daquele estrondo, prontos para guerrear. Ao vê-los do alto de uma montanha, Durga deu uma gargalhada, e partiu contra os asuras. Milhares caíram mortos com o som de seu sino, outros milhares com a lâmina de sua espada, e outros ainda devorados por seu leão.

Tendo ouvido sobre o massacre que Durga fazia em seu exército, Mahisha enviou cada vez mais tropas, com seus melhores generais, todos derrotados pela Devi. Finalmente, o próprio Mahisha foi a seu encontro. Uma terrível batalha seguiu-se. O asura transformou-se diversas vezes em vários animais para atacar Durga, que rapidamente os decaptava. Contudo, cada vez que o asura perdia a cabeça, uma nova forma se manifestava da anterior, adiando o fim da batalha.

Finalmente, Mahisha assumiu a forma de um búfalo, indo de encontro a Durga, que fincou sua lança no coração do animal. Desta vez, contudo, Mahisha saiu de dentro do búfalo em sua forma original, e Durga pulou de seu leão, caindo sobre o asura e pisando em sua garganta, evitando que ele saísse por completo com sua nova forma. Enquanto Mahisha se debatia sob os pés da Devi, ela cortou sua cabeça, de forma definitiva, derrotando-o enfim.

Vendo tal derrota, os asuras restantes fugiram, escondendo-se nas profundezas da terra e do oceano. Todos os Devas cantaram em homenagem a Devi, lançando flores sobre ela, comemorando o fim de Mahisha e o restabelecimento da ordem no Universo.

Tal história representa a vitória do conhecimento sobre a ignorância, representada por Mahisa. Devi representa todas as tendências da mente que conduzem ao autoconhecimento, objetivo último dentro da tradição védica. A batalha entre Durga e Mahisha, portanto, representa o conflito que há nas mentes de todos, entre Dharma e Adharma, clareza e confusão, conhecimento e ignorância. A vitória, porém, será sempre do conhecimento, para aqueles comprometidos com uma vida de disciplina e valores, que é o estilo de vida de Yoga.

No festival de Navaratri os hindus celebram esta história, com todo o seu significado, pedindo à Devi que os abençoe com tudo o necessário para a aquisição do autoconhecimento. A história da vitória sobre Mahisha é contada, mantras são entoados, Pujas são celebradas e bhajans cantados. Nos três primeiros dias, Devi é lembrada como a própria Durga, a capacidade de ação, consorte de Shiva, para que todas as tendências negativas da mente sejam eliminadas. Nos próximos três dias, Devi é lembrada na forma de Lakshmi, toda a prosperidade, consorte de Vishnu, para que a mente seja enriquecida com clareza e discriminação, tornando-se terreno fértil para a aquisição do conhecimento. Nos últimos três dias, Devi é lembrada na forma de Saraswati, que é todo o conhecimento, esposa de Brahmaa, para que nos abençoe com o autoconhecimento.

Finalmente, após as nove noites, no décimo dia é feita uma grande cerimônia, consagrando a aquisição do autoconhecimento. Este dia é chamado Vijaya Dashami, o dia da vitória, quando Devi derrotou Mahisha, a ignorância, representando simbolicamente a aquisição do conhecimento à respeito deste que é o Eu. É dito que este é um ótimo dia para iniciar qualquer empreendimento, principalmente disciplinas para Devi, em qualquer uma de suas formas, e para refletir especialmente sobre o ensinamento que a tradição védica transmite: o de que já somos toda a plenitude que sempre buscamos, bastando apenas ter entendimento sobre isto; nós e Devi somos, de fato, o mesmo. Este é o maior ensinamento de Navaratri.

Patrick van Lammeren é professor de simbolismo védico e estudante de Vedanta desde 2004, e faz parte da equipe do Centro de Estudos Vidya Mandir, dirigido pela professora Gloria Arieira.

Contato: sheratan@superig.com.br
Vidya Mandir: www.vidyamandir.org.br


quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Bolo de Banana

Por Rita Tarborelli


Banana é incrível: é gostosa, barata e não dá preguiça de descascar (como a manga), além do mais, ela adora o solo brasileiro. Consumir ingredientes locais é de alta importância. Não faça sua comida viajar, gasta mais energia que o necessário e você acaba não conhecendo a horta do vizinho! Mas no caso dos grandes centros, converta as hortas dos vizinhos para o que se vende na feira, quase sempre o que tem de mais longe são os aspargos chilenos!

Esse é um bolo superfácil de fazer, leva praticamente oito minutos para preparar e serve oito estômagos educados (digamos assim).

Ingredientes:

- 4 bananas nanicas

- 4 ovos orgânicos

- 1 xícara de óleo ou ghee (manteiga clarificada)

- 4 colheres de sopa de cacau orgânico

- 2 xícaras de farinha comum ou integral

- 1 e 1/2 xícara de demerara orgânica

- 2 colheres de chá de canela

- 1 colher de chá de gengibre em pó

- 1 colher de chá de cardamomo

- 1 pitada de sal do himalaia

- 4 colheres de chá cheias de fermento químico



Preparo:
Aqueça o forno a 208 graus. Bata os quatro primeiros ingredientes no liquidificador. Em seguida, peneire o restante dos ingredientes em um bowl e despeje a mistura líquida, misture bem e coloque para assar em fôrma untada por 18 minutos.

Para tomar com chá de jasmim.




Rita começou a assar biscoitinhos com seis anos de idade, quando ganhou um fogãozinho de verdade de seus pais. Hoje ela cozinha em eventos particulares, escreve, desenha, pinta, faz Yoga e adora viajar.
 www.taraborelli.blogspot.com


Respiro, logo emagreço

Por Marise Berg

Marise dará uma aula gratuita de culinária (Temperos e sua saúde) no SESC Ipiranga como parte da programação do Yoga pela Paz 2011 - Inscreva-se AQUI!

A respiração é a função mais urgente do nosso complexo organismo. É ela que nos provê energia vital (prãna). Podemos passar dias sem comer ou beber, mas, cinco minutos sem respirar são suficientes para dar um curto-circuito irremediável no organismo. O prãna (elemento Ar) flui criando movimento, pulsação, vibração e vida. A palavra espírito tem origem no latim “spiritus”, que literalmente significa respirar.

A Ayurveda (que significa "ciência da vida") entende que somos compostos de corpo físico, mente e consciência. Mente e consciência são termos abstratos enquanto a respiração é uma realidade fisiológica concreta. O estudo da consciência começa com o estudo da verdadeira ciência de respirar. A ciência de controle do prãna é conhecida como prãnãyãma, uma das áreas da Hatha Yoga.

No último congresso de Ayurveda, realizado em agosto de 2010 em São Paulo, foi apresentado um trabalho do Hospital Patanjali Yogpeeth (Haridwar, Índia), mostrando os efeitos da prática de prãnãyãmas na regulação do metabolismo, favorecendo o emagrecimento.

Como assim?

A etapa catabólica do metabolismo é o conjunto de reações químicas que acontece nas células, responsável pela transformação dos nutrientes ingeridos pela alimentação em energia livre (ATP).

Esse processo é bem complicado e envolve um monte de reações químicas, estimuladas por 26 enzimas diferentes, um monte de Carbonos, Hidrogênio, Fosfato e co-fatores como o Magnésio e a Tiamina que interagem sequencialmente, ou seja, o produto de uma reação é utilizado como reagente para a reação seguinte.

Na ponta inicial dessa “fila” de reações encontra-se o nutriente (Glicose), e na ponta final, “puxando” essa cadeia de reações, encontra-se um elemento fundamental, o “guia” da excursão: o Oxigênio!

Tudo o que empobrece o fornecimento de oxigênio para o organismo enfraquece e desacelera o metabolismo: o sedentarismo, o cigarro, a poluição, a Anemia Ferropriva, o estresse (que altera o fluxo da respiração tornando-a peitoral e superficial), obstrução nos seios da face e doenças obstrutivas das vias respiratórias.

Tudo o que enriquece o organismo com Oxigênio contribui para o bom funcionamento do metabolismo: exercícios aeróbicos, pranayamas (exercícios respiratórios), respirar ar puro, controle do estresse, limpeza dos seios da face (Jala Neti ou Nasya) e – muito importante – a dieta.

Os pranayamas que mais estimulam o metabolismo são o Suryabheda (rejuvenescedor), Kapãlabhãti, Ujjãi e o Bhastrika. Esses exercícios são muito simples, mas tão poderosos, que só devem ser praticados com a supervisão de um mestre ou de um especialista. Essa prática é contraindicada em caso de pressão alta.

Além do Oxigênio, três componentes dos alimentos – uma vitamina e dois minerais – são fundamentais na manutenção do metabolismo: a Tiamina (vitamina B1), o Ferro e o Magnésio.

A Tiamina (B1) – vitamina do complexo B – está presente na casca do arroz integral, da aveia, no milho, ervilhas, gérmen de trigo, sementes de girassol, leveduras e algumas frutas e verduras como o abacaxi, manjericão e o espinafre.

O ferro é essencial para a formação das células vermelhas que “carregam” oxigênio por todo o corpo. Esse mineral também é parte de algumas enzimas que tornam a energia disponível. Encontra-se ferro em vegetais folhosos verde-escuros, espinafre, couve, beterraba, damasco, ameixa, feijão, grão-de-bico e tofu. A ingestão de Vitamina C potencializa a absorção do ferro de origem vegetal.

Encontramos o magnésio na água (pura e fresca), iogurte natural, na clorofila, no gérmen de trigo, aveia, chocolate, em nozes, sementes de girassol, amêndoas, brócolis, quiabo, acelga, soja, tofu, damasco, laranja, figo, uva passa e coco.

Parece muito simples, mas, assim como a prática de pranayamas, a escolha da dieta deve ser orientada por um profissional especializado.

Há milênios os sábios mentores da Ayurveda e a Yoga nos ensinam a ter a consciência de que somos o resultado da síntese dos alimentos físicos e energéticos que ingerimos (oxigênio e impressões sensoriais), fornecedores do material necessário para o processo metabólico que nutre a vida. Como podemos perceber, a Nutrição Clínica não discorda desse ensinamento, só usa outra linguagem e outros métodos para chegar às mesmas conclusões.

O sobrepeso é construído por fatores concretos e sutis, físicos e mentais. Lidar com essa condição não deve ser encarado como uma batalha a ser lutada sob a pena de nos tornarmos inimigos de nós mesmos e, em seguida, dos outros. Ao invés disso, podemos desenvolver a consciência para aprendermos a transformar as nossas dificuldades em amigos que estão se apresentando para nos ajudar. Eles nos dão oportunidades pra compreender profundamente as causas das nossas dificuldades. Somente a partir da consciência podemos trilhar a transformação na direção da boa forma, do prazer de viver e da paz.

Veja também:
Entrevista com Marise Berg
Consciência Alimentar
Yoga e Nossa Digestão
Rotina Saudável

Referências Bibliográficas
SILVA, Sandra. Tratado de Alimentação, Nutrição e Dietoterapia. Roca, 2007.
JOHARI, Harish. Breath, mind and consciousness. Destiny Books, 1989.
SWAMI TIRTHA, Sadashiva. The Ayurveda encyclopedia. AHC Press, 2007.

Marise Berg - Terapeuta Ayurvédica dedicada à prática da Alimentação Natural Ayurvédica e de Rasayana (rejuvenescimento). Formada pela Escola Yoga Brahma Vidyalaya – Fundação Sri Vájera e Ciymam (curso creditado pela International Academy of Ayurveda – Índia); com extensões em Rasayana (rejuvenescimento) pela Kerala Ayurvedic Chikitsalayam – Pune, Índia; em Ayurveda pela Vishwanath Panchakarma Centre – Rishikesh, Índia; e em Nutrição Ayurvédica pela International Academy of Ayurveda – Pune, Índia. Atualmente cursando a graduação em Nutrição no Centro Integrado São Camilo, São Paulo.

E-mail: mariseberg@hotmail.com
Blog: www.ayurvedicamente.blogspot.com
Tel: (11) 8201-3647
Local de atendimento: Cítara Saúde, Vila Madalena, São Paulo


O sono do yogi

Por Anderson Alegro

Yoga Nidra é uma técnica de relaxamento profundo desenvolvida por Swami Satyananda Saraswati nos anos 60, baseada no antigo sistema do Tantra e em pesquisas contemporâneas. Ela permite nos beneficiarmos das qualidades de um sono profundo, num curto espaço de tempo – o tempo da prática. Além de reeducar nosso sono, harmoniza o complexo corpo-mente. Ela nos conduz ao despertar e nos dá a possibilidade de expandir nossa consciência e criatividade.

Ao explorar o reino de nossa mente subconsciente, vastas áreas do nosso cérebro podem ser ativadas. A prática regular das sequências sistemáticas da Yoga Nidra é uma ferramenta poderosa para remodelar nossa personalidade e estabilizar nossa mente, maltratada pelo excesso de estímulos do mundo externo e do estilo de vida moderno. Por todo o mundo, a Yoga Nidra tem auxiliado homens, mulheres e crianças a recuperarem seu equilíbrio. É a mais poderosa técnica de relaxamento conhecida nos dias de hoje.

O Estado de Yoga Nidra

Existe um estado de relaxamento muito profundo onde conectamos com a mente subconsciente. Entramos nesse estado quando vamos dormir e ao acordar, quando o cérebro emite ondas alfa. Porém, estamos condicionados a dormir logo que relaxamos e perdemos a chance de conectar com nosso subconsciente, que é muito poderoso. Na Yoga Nidra, treinamos estar relaxados, mas acordados. Assim, podemos abrir as portas de nossa percepção e contatar com o subconsciente, alimentando-o com imagens positivas que nos conduzem a uma vida mais saudável, mais feliz e significativa.

A técnica inicia com uma interiorização dos sentidos e continua com a conscientização e o despertar da inteligência de cada parte do corpo, respiração consciente, imagens e histórias simbólicas. A Yoga Nidra é a técnica que nos prepara para a meditação e para as práticas mais avançados do Yoga, que requerem concentração e relaxamento simultaneamente. Ela é parte integrante das aulas da Bihar School of Yoga.


Venha desfrutar de uma aula no estilo ensinado pela Bihar School of Yoga, com asanas, Yoga Nidra (relaxamento profundo) e meditação. Com Micheline Flak.

Saiba mais sobre Yoga Nidra aqui

Micheline Flak (Swami Yogabhakti) estudou Yoga com seu mestre Swami Satyananda, referência mundial em Yoga. Doutora em Letras Americanas pela Sorbonne, começou a introduzir técnicas de Yoga em suas aulas em 1973. Foi professora de Ciências da Educação no Institut Supérieur de Pédagogie Paris XII, de 1985 a 1994. Diplomada em Yoga pela Fédération Française de Hatha Yoga e formada pela Bihar School of Yoga, Índia, onde estudou com Sw. Satyananda Saraswati, de quem é discípula direta e recebeu o título de swami. Fundou e preside a RYE – Recherche sur lê Yoga dans l’Education (Pesquisa de Yoga Aplicado à Educação) – hoje presente em 11 países.
Dia 18 de outubro, das 19h às 20h30 e
Dia 20 de outubro, das 12h às 13h30



quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Se correr demais

Por Madu Cabral

É muito comum entre os esportistas acordar com o corpo dolorido indicando o exagero do dia anterior. "Em atividades físicas de longa duração, o suprimento de oxigênio nem sempre é suficiente", explica Dr. Antonio Sergio Tebexreni em texto inicialmente publicado no site da Corpore (corpore.com.br). "O organismo busca esta energia em fontes alternativas, produzindo o lactato. O acúmulo desta substância nos músculos pode gerar uma hiperacidez, que causa dor e desconforto logo após o exercício".

A próxima vez que isso acontecer você pode experimentar algumas alternativas naturais antes de usar pomadas anti-inflamatórias e relaxantes musculares.

Mais espaço

Algumas posturas de Yoga podem promover o estiramento das fibras musculares, evitando que os músculos se tornem encurtados e também eliminando uma pequena quantidade de ácido lático, evitando ou reduzindo o desconforto.

A terapeuta especializada em Yoga Massagem, Puja Punita, acrescenta que esse alongamento deve ser feito com bastante consciência e foco na região dolorida (veja mais posturas).

Mais conforto

Uma automassagem também é uma solução bem simples e eficiente. Puja dá a seguinte receita de óleo:

15 ml de óleo vegetal de uva ou gergelim.
5 gotas de óleo essencial de hortelã pimenta (restaura, revigora e combate o cansaço).
5 gotas de cipreste (excelente para circulação).

A terapeuta ainda acrescenta que massagem não precisa de nenhuma técnica específica, apenas passe o óleo no local dolorido até que ele seja absorvido.


Fontes:
By Samia Aromaterapia
Corpore
Puja Punita


Madu estuda e pratica Yoga e Ayurveda (medicina natural indiana) e ajuda a organizar o Yoga pela Paz, um evento sem fins lucrativos que reúne todos os anos o máximo de pessoas possível em uma meditação coletiva pela paz, no Parque do Ibirapuera.


Corrida protegida

Por Tiago Bastos

Correr já se tornou uma atividade facilmente relacionada com lesões. O impacto repetitivo nos pés causa compressão nos tornozelos, joelhos, quadris e parte baixa das costas. A falta de equilíbrio entre os maiores músculos utilizados também é responsável por essas lesões, principalmente canelas inflamadas e a síndrome da banda íliotibial. Com o tempo os atletas podem acabar entrando no grupo dos esportistas machucados em seus tendões e tecidos conectivos. Na esperança de frear essas consequências muitos atletas estão optando por uma prática de Yoga como complemento ao treino de corrida.

Em uma prática específica para corredores, o maior objetivo durante os asanas (posturas do Yoga) deve ser despertar a consciência corporal para evitar lesões durante a prática de esportes.

Para que o movimento aconteça usamos as articulações, junções entre um osso e outro compostas por ossos, músculos, tendões e ligamentos. Os ligamentos, assim como os tendões, são estruturas fibrosas que se alongam somente 4%. São superimportantes para firmeza e estabilidade das articulações e têm como característica se alongarem, mas não se retraem novamente. Todo o alongamento que queremos em uma prática de Yoga deve ser focado no centro do músculo e não perto das articulações. Pois uma vez que o tendão ou o ligamento é excessivamente alongado, ele não volta ao tamanho normal, produzindo instabilidade na articulação. Caso isso aconteça, é muito importante fortalecer os músculos que envolvem essa articulação.

Vice-versa

Esse fortalecimento é importante também para quem pratica Yoga. Infelizmente temos a ideia de que para ser um "bom iogue" devemos ser flexíveis, mas a flexibilidade excessiva pode ser prejudicial à saúde, pois instabilidade nas articulações produz lesões com o tempo. Portanto, a prática da corrida pode também equilibrar o corpo do praticante de Yoga.

Um músculo somente flexível não é saudável, pois não sustenta adequadamente os ossos, que são passivos e dependem totalmente dos músculos para produzirem movimentos e serem sustentados. Então, tenha em mente que os músculos devem sustentar os ossos e não o contrário.

Percebemos então que é muito importante o equilíbrio entre força e flexibilidade. Para conseguir manter esse equilíbrio, ao praticar e ao correr observe em que regiões do corpo você é bastante flexível, e então equilibre esta flexibilidade trabalhando a força, e vice-versa, para que seus músculos e tendões continuem protegendo suas articulações, cumprindo sua verdadeira função.

Para o corpo de quem corre

Algumas posturas podem contribuir para uma sessão de alongamento equilibrado antes do treino.

Posturas do guerreiro I e II (virabadrasana) para abrir o quadril, permitindo uma passada mais larga na corrida. Os corredores podem elevar o dedão dos pés nessas posturas para tirar a pressão do joelho flexionado.

Postura do cachorro olhando para baixo (adhomuka svanasana) para alongar os músculos posteriores das coxas.

Postura da cabeça da vaca (gomukasana) alonga os braços e alto do peito, pode ser feita antes do treino de corrida, facilitando o movimento dos músculos respiratórios e a coordenação equilibrada dos membros inferiores e superiores durante a corrida.

Depois do treino é recomendado fazer eka pada raja kapodasana (postura da pomba real), uma torção sentada e pashimottanasana (postura da pinça).

Durante a corrida os atletas referem-se a “estar na zona” ou a sensação de runners high. Nesse estado a mente chega num ponto de ondas alfa que frequentemente estão presentes na meditação. Uma sugestão é iniciar o treino com saudações ao sol para corrigir e equanimizar as respirações e cultivar o equilíbrio de mente, corpo e respiração.

Tiago é formado em psicologia (puc-sp), professor de yoga ha 10 anos, inciado em meditação Vipassana em Dharansala (india) e massagista na abordagem da yoga massagem.
sirshasana@hotmail.com
(11)9558-8855


Respire fundo



Por Madu Cabral
Foto: Thiago Calazans

A respiração durante a corrida é uma das principais chaves para a melhora de desempenho e conforto durante o treino. Uma das principais práticas do Yoga são os exercícios respiratórios, os pranayamas.

A necessidade de expandir nossa consciência da respiração é explicada pelo médico indiano especializado em Ayurveda (medicina tradicional indiana) Acharya Balkrishna: "De acordo com estimativas, nossos pulmões podem absorver de 180 a 200 polegadas cúbicas de ar. Inspiramos 30 polegadas cúbicas e expiramos a mesma quantidade. Fica claro que aproximadamente 150 polegadas cúbicas permanecem nos pulmões o tempo todo".

O médico ainda explica que os exercícios respiratórios do Yoga podem nos ajudar a inspirar e expirar até 100 polegadas cúbicas de ar. Estudos também comprovaram que os pranayamas limpam e ativam todo o sistema respiratório (nariz, boca, faringe, traqueia, brônquios, pulmões e tórax) que passam a fornecer uma quantidade suficiente de oxigênio para o corpo todo.

Para pular da cama

Nem sempre é fácil sair da cama para o treino no parque ou para a aula de Yoga, mas essas manhãs de preguiça podem ser um bom motivo para começar a praticar pranayamas. A professora de Yoga especializada em Ayurveda, Márcia De Luca, ensina um exercício simples e eficiente para ajudar a levantar de manhã: depois de se espreguiçar um pouco, sente-se em uma posição confortável, com a coluna ereta, apoie as costas se for mais confortável. Faça alguns ciclos de respiração profunda e consciente pelas narinas. Faça então uma inspiração profunda seguida de uma expiração forte e vigorosa, sinta como se tirasse todo o ar dos pulmões. Deixe que a inspiração seja lenta e natural, sem esforço e repita a inspiração vigorosa.

Comece com cinco ciclos completos e depois, de olhos fechados, respire por alguns minutos normalmente. Essa respiração é chamada de kapalabhati, respiração do crânio brilhante, o que se refere à possível sensação de formigamento no topo da cabeça. Perceba o calor gerado no corpo e sinta-se mais acordado. Não continue o exercício se sentir tontura.

Para desacelerar

O contrário também pode acontecer, quem treina à noite chega em casa e não consegue diminuir o ritmo. Para esses casos Márcia recomenda o exercício respiratório com as narinas alternadas, um clássico do Yoga, simples e eficiente. Esse é um exercício que equilibra nosso estado (espanta a letargia ou acalma a ansiedade) e, para os que falam essa linguagem, limpa os dutos energéticos do nosso corpo. A seguir, a explicação do professor de Yoga, Pedro Kupfer, sobre como realizar esse exercício no site por ele editado (www.yoga.pro.br):

"Sentado em uma posição firme e agradável, com as costas eretas, esvazie por completo os pulmões. Obstrua a narina direita e inale pela esquerda. Retenha o ar nos pulmões. Feche a narina esquerda e exale pela direita. Aqui você completou um ciclo. Inspire por essa mesma narina e retenha o ar.

Com os pulmões cheios, troque de narina, expirando pela esquerda. Faça 20 ciclos, lembrando sempre que só deve trocar a narina em atividade com os pulmões cheios e nunca quando eles estiverem vazios. (maiores detalhes e práticas mais avançadas: http://www.yoga.pro.br/artigos/308/3030/nadi-shodhana-pranayama)

Fontes:
Yog In Synergy with Medical Science – Acharya Balkrishna (vários estudos científicos acompanhados pelo autor em ashram na Índia).
Site editado por Pedro Kupfer: www.yoga.pro.br

Mais sobre pranayamas: leia aqui.

Estudos sobre pranayamas:
www.divyayoga.com
www.academicjournals.org

Aulas de Yoga para corredores: ciymam.com.br


Madu estuda e pratica Yoga e Ayurveda (medicina natural indiana) e ajuda a organizar o Yoga pela Paz, um evento sem fins lucrativos que reúne todos os anos o máximo de pessoas possível em uma meditação coletiva pela paz, no Parque do Ibirapuera.


Equilíbrio

Por Márcia De Luca


Vivemos em uma era de extremo movimento, correria e competição.


Corremos atrás do próprio rabo como cachorrinhos domesticados e treinados a ser sempre melhores do que os outros. E, quando não conseguimos, nos sentimos fracassados e infelizes.


Mas é chegada a hora de mudarmos nosso padrão de comportamento. É chegada a hora de deixarmos de lado nossos hábitos obsoletos e antigos que nos fazem mal para abrirmos espaço para novos que nos proporcionem bem-viver.


Ayurveda, o sistema de cura indiano mais antigo do mundo, nos ensina através de sua sabedoria milenar que existem três grandes qualidades que regem o universo:


Rajas – a qualidade do movimento e ação (que já existe em demasia no mundo atual).


Tamas – a qualidade do ócio e do aquietamento (pouco observada nos dias atuais).


Sattwa – a qualidade do equilíbrio, do contentamento e bem-estar que todos queremos atingir.


Indo além, a milenar Ayurveda nos ensina que para atingirmos o equilíbrio tão almejado é preciso unir os opostos em quantidades certas para otimizarmos o nosso propósito.


Em uma era de excesso de rajas (movimento), temos que trazer tamas (aquietamento) para encontrarmos sattwa (o equilíbrio). Simples assim, basta aprendermos esse conceito e colocá-lo em prática!


Os atletas em geral estão sempre em movimento, treino após treino com o intuito de ser sempre o melhor, de vencer. É chegada a hora de mudarmos os paradigmas de nossas vidas, de inovarmos, de recriarmos.


O momento é de aquietamento, de calma que conseguimos através da prática do Yoga, da meditação e dos conceitos básicos de bem-viver preconizados por Ayurveda. Esses conceitos são o complemento ideal para os treinos de corrida e trazem o equilíbrio para o corpo e a mente do atleta.


Atrás do turbilhão de nossos pensamentos, existe um campo – o campo da pura potencialidade – onde está inserido nosso potencial maior de produtividade, criatividade, inteligência, poder de foco e concentração. Somente aquietando a mente podemos penetrar neste campo e resgatar a nossa verdadeira essência, entrar em contato com o âmago do nosso ser. E por incrível que pareça, ao penetrar neste campo nos tornamos seres humanos melhores a cada dia e vamos aperfeiçoando nossas aptidões.


O atleta que tiver a sensibilidade de perceber este novo conceito proposto aqui e agora, sem dúvida, estará anos luz à frente de qualquer outro e o melhor: com muito menos esforço.


Experimente, vale a pena tentar! A partir daí você será simplesmente o melhor. Sem competição!



Curso com Márcia De Luca:


Yoga Ayurveda e Liberdade


Márcia De Luca e Pedro Kupfer

Data: 29 e 30 de outubro
Horário: sábado das 9h às 17h domingo das 9h às 13h
Local: Yoga Flow CIYMAM (São Paulo-SP)
Infos AQUI

Márcia De Luca é praticante, estudante e professora de Yoga e Ayurveda, autora de diversos livros sobre o assunto e idealizadora do projeto Yoga pela Paz e da Filosofia de Bem-Viver. http://marciadeluca.com/ 
Contatos: (11) 3168-5096 ou andrea@marciadeluca.com.br



quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Um jantar na casa da Maharani de Jaipur

Fotos e texto: Marlei Caroli

“Tinha dia e hora marcada, mesa e roupa especialmente preparada. Todo o Universo conspirando, mas nós não sabíamos de nada!”

No dia anterior, fomos à loja de um amigo que vende joias, tapetes e sáris de seda incríveis, com cores e padrões que fazem uma mulher se sentir uma rainha.

Cada uma escolheu o seu e prontamente o alfaiate tomou nossas medidas para fazer um “Salwar Kameez” com a mais fina seda de Jaipur. Sugeriu modelos que mesclavam os estilos oriente e ocidente, brilhos e “bias binding” para finalizar. Saímos de lá encantadas com o tratamento de Maharanis!

Os rapazes escolheram batas maravilhosamente bordadas e tentamos convencê-los a usarem turbantes coloridos, mulheres sempre tentam...

Rumo ao mercado em busca de sapatinhos bordados, pulseiras, brincos, parecíamos um bando de adolescentes comprando acessórios para brilhar aos olhos de alguém naquela noite. E nem imaginávamos quem!

No dia seguinte, chegou a entrega devidamente embrulhada e enlaçada por uma grande fita que traduzia a cor do sári, assim cada uma identificou logo seu pacote. Um buquê de lótus e um prato com docinhos (os mais esquisitos) envolvidos em ouro e prata. Ouro e prata comestíveis!

Com a tarde livre, cada um planejou seu ritual de beleza. Eu escolhi uma massagem ayurvédica, aparar as unhas e esmaltar com um verniz transparente. Lavar e secar os cabelos que depois prendi deixando grossos cachos caírem dos lados e atrás. A maquiagem poderia ficar para sempre: olhos bem marcados, até com cílios postiços e meu bindi de rubi para arrematar. Very Maharani!

O Rambagh Palace faz a gente ter um gostinho de realeza – luxo e extravagância, reservado apenas para reis e rainhas. Quartos elegantemente decorados, corredores de mármore, varandas frescas, majestosos jardins, um eco da história em cada canto.

Nossa reserva era no Suvarna Mahal. Eu já havia estado lá como hóspede e visitante, mas desta vez ansiava por apresentar aos meus companheiros o ambiente grandioso, garçons educados, talheres de prata, pratos banhados a ouro, porcelana chinesa, copos de cristal, taças de rubi, um grande e preguiçoso ventilador de teto, castiçais de cristal, abajures de alabastro, espelhos florentinos.

A adega com uma extensa opção internacional, música clássica ocidental e rajastani ao vivo. Com essa assinatura o menu não poderia ser diferente: meticulosamente baseado na cozinha das casas reais da Índia (Jaipur, Mewar, Awadh, Hyderabad, Vijayanagar, Kashmir, Patiala, nomeando algumas delas).

Estávamos finalmente saboreando aquela comida deliciosa quando uma movimentação diferente, uma urgência começou a movimentar os garçons, os músicos, os cozinheiros. Pensei, um RATO, oh pobre de mim, tanto esforço, tanto preparo, tanta pompa, um jantar tão caro, por quê? Por quê? Por quê?

Não é que passa bem do meu lado! A Maharani de Jaipur, Gayatri Devi, a dona da casa! Que parecia flutuar num sári verde jade.

Eu li em seu livro coisas que me encantaram: uma vida política bem sucedida, beleza reconhecida e listada pela revista Vogue, ícone fashion, fundadora de uma escola para meninas em Jaipur e trabalhou para resgatar e promover a arte do Blue Pottery que eu amo. Com 86 anos mantinha toda sua majestade e traços visíveis de sua história de amor e glamour.

Por incrível que pareça nosso garçom disse que era a primeira vez que ela visitava o restaurante e que se alguns estavam avisados, eram poucos. Ela morava em Lilypool e quando tinha VIPs no hotel convidava-os para uma taça de champanhe ao fim da tarde em sua casa.

Mérito nosso, naquela noite ela veio até onde nós estávamos. Brindamos a ela: obrigada Maharani! Você fez aquela noite ainda mais inesquecível para nossos corações.


Nota: Daily Telegraph obituary – Year 2009
Gayatri Devi, who died on July 29 aged 90, was an Indian princess of renowned beauty whose life encapsulated the glamour and romance of the Raj.

(Maharani Gayatri Devi with Jacqueline Kennedy in 1962 Photo: TIME LIFE PICTURES/GETTY )



Jaipur para iogues

Fotos e texto: Marlei Caroli

Madhavanand Girls College
– aulas grátis de Hatha Yoga das 6h às 7h. C19, Behari Marg, Bani Park. Telefone 220 0317

Yoga Mother A Unique Yoga Guru – a mãe que atrai muitas celebridades, mas trata o mundo como sua família. Clique e confira.

Para tratamento

Kerala Ayurveda Kendra – onde uma hora de massagem vai pacificar sua pele e sua mente do tumulto da cidade. Clique e confira.

Chakrapania Ayurvedaexperimente uma consulta on-line.

Astrologia – mapa astral e leitura de mãos, caso você entenda bem o inglês “indiânico”, – Rajasthan Astrological Council & Research Institute – telefone 266 3338, melhor agendar antecipadamente.

Marlei é professora de Yoga e guiou muitos grupos pela Índia, Nepal, Tibete, Butão, Tailândia, Indonésia e Sri Lanka.
Para ver as histórias de suas viagens, acesse: www.omsharanam.blogspot.com
Para mais informações sobre roteiros: marleicaroli@gmail.com



Cidade Jaipur

Por Marlei Caroli

Fortes e palácios, desertos e florestas, camelos e tigres, joias e cultura vibrantes, bazares e ruelas, é a sempre colorida capital do Rajastão, Jaipur. Casa dos guerreiros Rajputs, um clã originário do sol, da lua e do fogo que controlaram esta porção da Índia por mais de 1.000 anos. Realizando casamentos por conveniência, alianças temporárias, independência, orgulho e energia empregados na conquista territorial ou lutando entre si, o que acabou enfraquecendo-os até se tornarem vassalos dos imperadores mongóis.

Com a decadência do império mongol os Rajputs voltaram a ser independentes até a chegada dos ingleses, que permitiram aos estados praticarem sua independência, desde que sujeitos a certa política e economia com restrições. Esta aliança iniciou o declínio dos Maharajas (marajás = governantes) que no passado gastaram as fortunas viajando, jogando polo, ocupando andares banhados a ouro nos hotéis mais caros do mundo e hoje exploram seus próprios palácios como luxuosos hotéis.

Jai = Vitória e Pur = Cidade – Jaipur, a Cidade da Vitória, é um dos vértices quando triangulamos entre Délhi e Agra. Celebrando assim o Triângulo Dourado mais famoso do planeta: a capital da Índia (Nova Délhi), a capital do Rajastão (Jaipur) e a capital do Amor (Agra).

Em 1876, o Maharaja ordenou que toda a cidade fosse pintada de rosa (cor que remete à hospitalidade) para receber o Príncipe de Gales (Rei Edward VII) e para nosso encantamento a tradição é mantida.

Incrivelmente rosa, cercada por muros e portões, a Old City (Pinky City) é uma obra de arte como cidade planejada, porém está sempre ameaçada pela população que explode os limites de infraestrutura, poluição e tráfego.

A verdadeira Índia, vista nos filmes e livros, seus improvisos, soluções “provinitivas” (misto de provisória com definitiva), coroada por fortes, palácios, mansões, jardins, hotéis, bazares, shopping centers majestosos e muita, muita gente, o que parece incrível e impossível de acontecer.

Línguas: Inglês, Hindi e Rajastani.

Quando ir: outubro a março, para o verão roupas de algodão leves e coloridas vão combinar muito com a explosão de cores. No inverno, malhas de algodão ou lã deixarão você confortável.

Como chegar: avião, trem, ônibus. Fica a 258 km de Délhi e a 236 km de Agra. Concentrada com outras grandes cidades com Udaipur, Jodhpur, Jaisalmer, Ajmer, Bikaner e outras.

Onde ficar:
5 Star – Plus
5 Star
4 Star
Intermediário
Baratinho

Explore a cidade:

Palácio dos Ventos – Hawa Mahal – cartão postal de Jaipur, uma fachada com janelinhas delicadas por onde as “ladies” da corte assistiam a vida, as procissões, festivais, retornos dos guerreiros. A luz do pôr do sol deixa o palácio magnífico para ver e fotografar.

City Palace – com um misto da arquitetura rajastani e mongol, hoje o palácio foi transformado num museu com coleções de vestimentas reais, pashiminas e xales maravilhosos, armas de guerra, manuscritos antigos com cenas da vida dos deuses e grandes objetos em prata utilizados pelos marajás.
Jantar Mantar – observatório astronômico e astrológico construído pelo marajá Jai Singh no século XVIII. Esculturas bizarras, relógios de medição do tempo com precisão de segundos, instrumentos para projeções dos signos do zodíaco, cálculos de eclipses, cada instrumento com um objetivo específico. Num dia de sol é muito interessante observar as variações de sombra e luz.
Amber Fort – está a 15 km de Jaipur, “Amer” Fort é um forte palácio magnífico e em ótimo estado de conservação. Sua construção e fortificação, no alto das colinas, adorna o horizonte, sua cor é mel, seus jardins externos e internos verdes e bem cuidados, os quartos de inverno e verão parecem ainda ter perfume, o harém trás à lembrança os movimentos de sáris de seda esvoaçantes, a cozinha tem um entorno de fofocas palacianas, os templos, halls de audiências públicas e privadas, Shishi Mahal (Palácio dos Espelhos), é tudo tão mágico e encantador que é muito comum encontrar alguma produção de filme (ou novela como a da Glória Peres) sendo gravada neste local.

Para subir você pode optar ir a pé (10 minutos), em Jeeps, mas o mais popular é subir em elefantes. É legal curtir a brisa e o gingado, fotografar e ser fotografado em cima do bichinho, mas chegue cedo para entrar na fila, enquanto espera observe e reflita se isso vai mexer com sua paz interior. Há casos de elefantes que estressaram e ficaram violentos, outros que vivem em grande sofrimento por causa da exploração.
Onde comer:

LMB – Lakshmi Misthan Bandar – puro vegetariano, comida sattwica, desde 1954 com sua atmosfera Deco&Disco, fica no 101, Johari Bazar Road, bem no centro da Pink City – telefone 2565844.

Dr. DOSA – adoro! Dosas são panquecas gigantes tradicionais da culinária do sul da Índia e mais uma grande fusão de comida indiana, chinesa e continental – Gaurav Tower, MI Road – telefone 403 8468

Indiana Restaurant – jantar com danças ciganas, ótima comida e cerveja gelada. Mahaveer Marg J2 34, telefone 2362061

Rambagh Palace Restaurant – privilégio da realeza, tem chá da tarde com champanhe e coquetéis pré-jantar. Reserve com antecedência.

Onde comprar:

“Hot Spot” para compras com muita barganha! Jaipur é mesmo para quem adora compras, para os “shopaholics” é o paraíso. Grandes lojas podem até enviar suas compras para sua casa enquanto você segue descobrindo a Índia.

Bazares da Old City – misture-se com os perfumes, cores, pulseiras, sáris, roupas, sapatos pontudos, tecidos tie dye, talheres, tudo que puder carregar.

Anokhi – essa loja merece ser visitada, os preços são bons e os tecidos de muito boa qualidade. Visite.
Mas... prepare-se:
Eles não pagam propinas aos motoristas de táxis e auto-rickshaws, por isso insistirão em te levar a outras lojas melhores, com preços melhores, lugares onde ganham um dinheirinho cada vez que levam um cliente. Eles costumam dizer:

“Anokhi has closed down”
“They have had a fire”
“They have moved far away”
“It will take you over an hour to get there”
“I will take you somewhere much better – better prices, better designs”
“They are closed today”, etc.


Ligue para Anokhi – 400 7244, 45 ou 275 0860 ou então para Rajjas Travels – call them direct on +91-141-2376707 e peça um táxi, eles tem oferecido um serviço justo e seguro.

* Essas dicas são de lugares onde estive ou que me foram recomendados – se você tiver dúvidas ou sugestões, por favor, escreva-me via e-mail ou através do blog.

Para ler antes ou durante:

A Índia dos Marajás – Jean Pellenc
Marajás Beduínos e Faraós – Carmen Anne Dias Prudente
Paixão Índia – Javier Moro
A Princess Remembers: The Memoirs of the Maharani of Jaipur, by Gayatri Devi
Maharanis – Lucy Moore. Penguin Books

Assistir em DVD

Kama Sutra – Mira Nair (na minha opinião, não tem outro, é este e é demais!)

Não dá para perder:
Encantadores de serpente – na descida do Amber Fort. Tire uma foto e deixe um dinheirinho.

Raj Mandir Cinema – um ícone em Jaipur, aproveite e compre ingressos antes para ver um filme de Bollywood.

Show de bonecas marionetes - se tiver espaço na mala compre um casal bem colorido na descida do Amber Fort.

Miniature Art Painting – quadros pintados com pincéis muito finos, ricos em detalhes finos e delicados. Clique e veja.
Sentir o perfume Jaipur - Boucheron, clique e veja os detalhes preciosos.

Marlei é professora de Yoga e guiou muitos grupos pela Índia, Nepal, Tibete, Butão, Tailândia, Indonésia e Sri Lanka.
Para ver as histórias de suas viagens, acesse: http://www.omsharanam.blogspot.com/
Para mais informações sobre roteiros: marleicaroli@gmail.com



Xamã iogue

Por Madu Cabral

As práticas ancestrais do Xamanismo e Yoga têm muitos pontos em comum e práticas complementares poderosas. "Xamãs que usam o Yoga como uma ferramenta de autorrealização e autoestudo, são os seres mais integrados de todos", explica o professor Matej Jurenka, nascido da Eslováquia e que viaja o mundo todo dando aulas, workshops e retiros de Yoga.

O método por ele desenvolvido – Shrivatsa Yoga – é a expressão de sua própria experiência de integração dos dois caminhos. Matej é profundo devoto da Mãe Terra e seus poderes curativos. Veja a entrevista com o professor que acredita em soluções ecológicas e ambientais, paz global e justiça social.

1. Como você começou a praticar Yoga?

Quando tinha 22 anos tive um sonho em que me vi sentado com as pernas cruzadas em postura de lótus. Naquela época não tinha ideia do que era Yoga, então comecei a pesquisar. Fui inspirado pelo livro A Luz da Yoga de B.K.S. Iyengar. Depois de abrir o livro pela primeira vez, comecei a praticar Yoga diariamente.

2. Como é seu sadhana (prática) diário?

Meu sadhana diário é muito gratificante. Pratico meditação, pranayama (exercícios respiratórios do Yoga), asanas (posturas) e kriyas (exercícios de purificação) diariamente. Tudo que eu faço, como comer ou até mesmo tomar banho, faz parte do meu sadhana – meu caminho espiritual que me traz integridade.

3. Como o xamanismo e o Yoga estão relacionados?

As práticas xamânicas nos ensinam a reconectar com a natureza e muitos iogues concordariam que o Yoga é, de certa forma, também um retorno para a natureza, um retorno ao Self. Os praticantes de xamanismo seguem rituais estritos que também são muito importantes para os iogues. Não tem nada melhor para um xamã do que ser um mestre de Yoga. Yoga proporciona uma integridade forte e boa saúde e a cura xamânica ajuda a curar a alma.

4. Como os praticantes de Yoga podem incluir o xamanismo em suas práticas?

Passar mais tempo na natureza, abraçar árvores diariamente, cantar para elas e para a água, saudar o sol (lembra da saudação ao sol?), agradecer a terra pela comida que ela nos dá... Existem muitas formas de reconectar com o espírito que tudo permeia.

5. O que é Shrivatsa Yoga?

Shrivatsa Yoga é um estilo de Yoga que criei depois de dez anos de prática consistente. Existem muitos símbolos no Shrivatsa Yoga iogues – o nó infinito simboliza o ciclo da natureza em uma realidade tridimensional. Além disso, Shrivatsa Yoga usa uma sequência única de asanas (vinyasa) que não é encontrada em nenhum outro sistema de Yoga. Essa prática também cria uma ponte entre o Yoga tradicional e a cura xamânica.

6. Em sua opinião, o que significa ser um praticante avançado de Yoga?

Praticante avançado de Yoga? Primeiro acredito ser necessário alcançar um certo nível de consciência, um certo nível de entendimento. Também é necessária compaixão, um iogue sem compaixão é igual a uma árvore sem raízes, cedo ou tarde acaba caindo.


Matej dará aulas em São Paulo nos dias 16 e 17 de outubro no Yoga Flow.
Informações:
www.jurenka-yoga.sk
www.yogaflow.com.br
(11) 3849-6857


terça-feira, 5 de outubro de 2010

Demonstração com Matej Jurenka, da Eslováquia



Considerado um dos praticantes de Vinyasa Yoga mais acançados do mundo, Matej Jurenka dará aulas em São Paulo nos dias 16 e 17 de outubro.

Informações:

http://www.jurenka-yoga.sk/index2.htm
http://www.yogaflow.com.br/
(11) 3849-6857