Por Tiago Bastos
Correr já se tornou uma atividade facilmente relacionada com lesões. O impacto repetitivo nos pés causa compressão nos tornozelos, joelhos, quadris e parte baixa das costas. A falta de equilíbrio entre os maiores músculos utilizados também é responsável por essas lesões, principalmente canelas inflamadas e a síndrome da banda íliotibial. Com o tempo os atletas podem acabar entrando no grupo dos esportistas machucados em seus tendões e tecidos conectivos. Na esperança de frear essas consequências muitos atletas estão optando por uma prática de Yoga como complemento ao treino de corrida.
Em uma prática específica para corredores, o maior objetivo durante os asanas (posturas do Yoga) deve ser despertar a consciência corporal para evitar lesões durante a prática de esportes.
Para que o movimento aconteça usamos as articulações, junções entre um osso e outro compostas por ossos, músculos, tendões e ligamentos. Os ligamentos, assim como os tendões, são estruturas fibrosas que se alongam somente 4%. São superimportantes para firmeza e estabilidade das articulações e têm como característica se alongarem, mas não se retraem novamente. Todo o alongamento que queremos em uma prática de Yoga deve ser focado no centro do músculo e não perto das articulações. Pois uma vez que o tendão ou o ligamento é excessivamente alongado, ele não volta ao tamanho normal, produzindo instabilidade na articulação. Caso isso aconteça, é muito importante fortalecer os músculos que envolvem essa articulação.
Vice-versa
Esse fortalecimento é importante também para quem pratica Yoga. Infelizmente temos a ideia de que para ser um "bom iogue" devemos ser flexíveis, mas a flexibilidade excessiva pode ser prejudicial à saúde, pois instabilidade nas articulações produz lesões com o tempo. Portanto, a prática da corrida pode também equilibrar o corpo do praticante de Yoga.
Um músculo somente flexível não é saudável, pois não sustenta adequadamente os ossos, que são passivos e dependem totalmente dos músculos para produzirem movimentos e serem sustentados. Então, tenha em mente que os músculos devem sustentar os ossos e não o contrário.
Percebemos então que é muito importante o equilíbrio entre força e flexibilidade. Para conseguir manter esse equilíbrio, ao praticar e ao correr observe em que regiões do corpo você é bastante flexível, e então equilibre esta flexibilidade trabalhando a força, e vice-versa, para que seus músculos e tendões continuem protegendo suas articulações, cumprindo sua verdadeira função.
Para o corpo de quem corre
Algumas posturas podem contribuir para uma sessão de alongamento equilibrado antes do treino.
Posturas do guerreiro I e II (virabadrasana) para abrir o quadril, permitindo uma passada mais larga na corrida. Os corredores podem elevar o dedão dos pés nessas posturas para tirar a pressão do joelho flexionado.
Postura do cachorro olhando para baixo (adhomuka svanasana) para alongar os músculos posteriores das coxas.
Postura da cabeça da vaca (gomukasana) alonga os braços e alto do peito, pode ser feita antes do treino de corrida, facilitando o movimento dos músculos respiratórios e a coordenação equilibrada dos membros inferiores e superiores durante a corrida.
Depois do treino é recomendado fazer eka pada raja kapodasana (postura da pomba real), uma torção sentada e pashimottanasana (postura da pinça).
Durante a corrida os atletas referem-se a “estar na zona” ou a sensação de runners high. Nesse estado a mente chega num ponto de ondas alfa que frequentemente estão presentes na meditação. Uma sugestão é iniciar o treino com saudações ao sol para corrigir e equanimizar as respirações e cultivar o equilíbrio de mente, corpo e respiração.
Tiago é formado em psicologia (puc-sp), professor de yoga ha 10 anos, inciado em meditação Vipassana em Dharansala (india) e massagista na abordagem da yoga massagem.
sirshasana@hotmail.com
(11)9558-8855
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