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terça-feira, 23 de março de 2010

Vitalidade Sutil

Por Núbia Teixeira

A palavra pranayama deriva de dois termos sânscritos: prana, que significa energia vital, e ayama, que significa controle e expansão. A intenção dessa prática é respirar de forma consciente.

O volume de prana que circula por nossos corpos determina nosso nível de vitalidade. Podemos extrair essa energia vital de diversas fontes: da luz e do calor do sol, dos elementos que comemos, da água que tomamos e principalmente do ar que respiramos.

Na forma mecânica como respiramos normalmente, incorporamos superficialmente energia vital ao nosso sistema. Quando levamos nossa atenção à assimilação de prana por meio da respiração, o nível dessa energia se torna mais forte em nossos corpos.

[O pranayama consta de] modificações externas, internas ou retenção [da força vital]. É regulado por lugar, estação e números [e torna-se progressivamente] mais prolongado e sutil.
(Yoga Sutra – trad. Pedro Kupfer)

Como as artérias carregam o sangue por nosso corpo físico, nosso corpo energético (sutil) possui as nadis (meridianos) que são como rios que carregam prana pelo corpo.

Ao direcionar o fluxo de energia em nosso corpo sutil, o pranayama ajuda a despertar as nadis. Isso energiza os sete chakras, que são centros de purificação, estoque e distribuição de prana para o corpo físico.

Se nossa respiração está bloqueada, nossa sensibilidade, intuição, conexão com o mundo interior e exterior se tornam difíceis.

Normalmente, procuramos desenvolver a sabedoria por meios externos. O que esquecemos é que todo o universo pode se desdobrar a nossa frente por meio do conhecimento interior. Pranayama é uma ferramenta poderosa para alcançar esse conhecimento.

O movimento da mente está relacionado com nossa respiração. Se a respiração for suave e calma, as ondas em nossa mente seguirão o mesmo ritmo e vice-versa. Desta forma, quando a respiração transcende o nível de controle consciente, nossa mente também transcende a forma regular de observação. Isso nos prepara para mergulhar em nós mesmos de forma diferente, com menos obstáculos e barreiras para encontrarmos a real natureza de nossas almas.

Ao inspirar e expirar de forma correta – profundamente, pelas narinas – podemos melhorar nossa saúde e vitalidade. Normalmente, nossa respiração é superficial e curta, não completamos uma expiração completa. Como resultado, sempre mantemos uma quantidade pequena de ar nos pulmões. Isso pode produzir toxinas em nossos órgãos internos e bloquear a passagem de energia nas nadis.

Se prestar atenção a uma pessoa com alto nível de estresse ou desequilíbrio emocional, notará uma respiração curta e disrítmica. Comparativamente, uma pessoa calma e equilibrada tem uma respiração longa e com ritmo.

Respirar de forma correta e profunda significa se relacionar profundamente com o mundo ao seu redor, sem medo, restrições ou reservas. Assim, convida e permite que a energia do universo permeie e nutra seu ser. Segurar ou restringir sua respiração fará com que segure emoções que podem afetar negativamente as funções saudáveis de todo seu corpo físico.

Sua inspiração está relacionada à forma como se permite receber coisas do universo e das outras pessoas. Sua expiração está relacionada com a forma como se dá e como se expressa ao mundo e pessoas a sua volta.

Apesar de a respiração ser uma função do corpo vegetativa, automática e inconsciente, quando a moldamos intencionalmente com pranayama, podemos trazer espaço e abertura para a mente, tranquilidade para nossas emoções e cura ao nosso corpo físico.

Curso Relacionado:
Bhakti Bliss na Bahia, com Jai Uttal, Nubia Teixeira e Daniel Paul
Local: Eco Village Piracanga 
Data: 27/12/11 a 04/01/12
Infos: nubiacoruja@gmail.com 

Nubia Teixeira começou a praticar Yoga aos 16 anos e passou os últimos 20 anos se dedicando às artes de cura, Bhakti Yoga (Yoga Devocional) e à dança clássica indiana conhecida como Odissi.


Intenção III

Por Regina Shakti

A intenção da prática de asanas (posturas do Yoga) deve ser de atenção no efeito desejado. Por exemplo, se estou fazendo o pachimotanasana (postura da pinça) e alcanço os pés com dificuldade, devo concentrar minha atenção em pensar na postura perfeita e desejar fazê-la. O desejo de conseguir sucesso na prática é a melhor das intenções. A intenção de afastar pensamentos inúteis e desnecessários também ajuda, pois a mente se fortalece quando temos a intenção de focar no que estamos fazendo, porque estamos fazendo, e onde queremos chegar.


Regina Shakti é presidente do Instituto de Yoga de São Paulo há 30 anos. Pratica Yoga desde criança e tem dedicado sua vida a aprender e ensinar vários tipos de Yoga. Vive em um retiro nas montanhas de Campos do Jordão há 12 anos, onde idealizou o Krishna Shakti Ashram, que recebe pessoas do mundo inteiro interessadas em praticar Yoga.


Intenção II

Por Anderson Allegro

A intenção de toda a prática do Yoga deve ser a de crescimento pessoal, tornar-se um ser humano melhor. Usamos as técnicas como ferramentas para alcançar esse objetivo. Os asanas (posturas do Yoga) trazem saúde e longevidade ao corpo, as respirações nos energizam, a meditação nos torna mais serenos e desenvolve a compaixão. Praticar asana para ficar em forma é uma maneira de nos aproximarmos do Yoga, mas os praticantes com um pouco mais de tempo, acabam deixando essa ideia de lado ao descobrirem que Yoga tem uma abordagem mais ampla.

Afirmar o sankalpa (resolução interior) no início é uma boa maneira de trazer a intenção para a prática. Praticar sem competir com o outro nem consigo mesmo é o resultado dessa nova visão sobre os asanas.


Anderson Allegro é professor de Yoga há mais de 20 anos e biólogo. Aprendeu Ashtanga Yoga com Baptiste Marceau, professor francês, discípulo de Pattabhi Jois e participou do Planet Yoga Teacher Training com Leeann Carey em Hermosa Beach, Califórnia. Atualmente, dirige o Aruna Yoga, onde ministra o Curso Livre para Formação de Instrutores de Power Yoga há mais de dez anos. É diretor e um dos idealizadores da Aliança do Yoga. www.arunayoga.com.br


Intenção I

Por Gerson D'Addio

A intenção na prática de asanas (posturas do Yoga) depende da compreensão de um sistema filosófico que ampara esta prática. Asanas devem ser executados sem a influência das nossas expectativas, norteados pelas sensações presentes, sem valorizar aspectos externos que possam servir como parâmetros de comparação com outrem, respeitando-se a própria integridade, sem ser violento, sendo verdadeiro ao reconhecer os limites e explorar as potencialidades. Se somente fizermos posições com o corpo, sem incorporar estes valores inerentes aos sistemas de Yoga, nossa prática não será de Yoga.

Para permear a prática com esta intenção, devemos buscar constantemente inspiração nas fontes consagradas, tais como a Gita e o Yoga Sutra. Devemos também meditar regularmente, colocando a intenção e a atenção à frente de tudo o que fazemos, porém, sempre conscientes de que alimentar desejos de resultados, apego ao que já se logrou um dia ou preocupações, dúvidas e desânimo, são todos fatores que nos desviam de um caminho de aprofundamento na prática de asanas.


Gerson D'Addio da Silva é comunicador social e educador físico formado pela USP, pratica Yoga há 19 anos e leciona há 14. Formado em Yoga pela UniFMU e Kaivalyadhama Institute de Lonavla – Índia – é mestre em ciências pela FMUSP. Coordena o curso livre de formação da Humaniversidade e é professor no Colégio Marista Arquidiocesano e em vários cursos na área.


Comunicação correta

Segundo Mahatma Gandhi "felicidade é quando o que você pensa, o que você diz e o que você faz estão em harmonia". A comunicação é uma das principais formas de interagirmos com o mundo e, por isso, foi o tema escolhido para o Sadhana 2010, encontro que acontece em maio em Florianópolis, SC, para aprofundamento da filosofia do Yoga e suas vertentes.

Camila Reitz, idealizadora do projeto, fala sobre a importância e a responsabilidade da comunicação de acordo com os princípios do Yoga.

Qual a importância da comunicação clara nos dias de hoje?
Hoje e sempre a comunicação clara faz parte de todas as boas relações. A comunicação verdadeira, útil e gentil é essencial para haver harmonia entre os seres. É uma receita para o entendimento entre todas as pessoas.

Como nossa comunicação pode ser afetada pelos hábitos sociais de hoje?
Hoje existe uma imensidão de meios de comunicação: telefone, e-mail, internet, TV. A comunicação interpessoal está cada vez mais impessoal. Também existe o hábito de se falar pequenas mentiras para sair temporariamente de problemas. Mas sabemos que somente os fracos fogem dos problemas através de mentiras. Existem pessoas que falam mentiras e pessoas que falam verdades de forma agressiva, o que também não é bom. Hoje, princípios básicos de uma conduta correta estão esquecidos.

O que é e quais os riscos de uma má comunicação?
Quando a comunicação não é clara e não falamos aquilo que sentimos, acabamos demonstrando através de atos aquilo que queremos. Dessa forma, a outra pessoa percebe que há algo errado, mas não sabe o que, e também não tem como resolver a situação. A falta de uma comunicação clara acarreta, além de mal-estar, a impossibilidade de compreensão e harmonia.

Quais os princípios do Yoga que podem ajudar a nos comunicamos?
Satyam pryam hitam, estes são os princípios básicos para uma boa comunicação. Falar aquilo que é satyam (verdadeiro), pryam (de forma agradável) e hitam (somente se for útil).

Como esses princípios nos ajudam?
Primeiramente, nos lembram de falar somente aquilo que é verdade, mas a verdade por si só não é útil, e dependendo de como esta verdade for falada, pode causar danos muito grandes, pode ofender ou agredir e não ter um bom resultado. Então, a verdade deve ser falada de forma agradável, de forma que a outra pessoa possa ouvir e compreender. Também é extremamente importante que esta verdade seja útil, para isso, observe qual o objetivo por trás da verdade que se quer falar. Desse modo, temos uma comunicação clara, verdadeira, agradável, útil e amorosa.

Camila Reitz é idealizadora do Sadhana – encontro para o crescimento e bem-estar, fundou e dirigiu por 12 anos o Yogashala (www.yogashala.com.br), tradicional centro de Yoga em Florianópolis. Seu objetivo como professora é fazer com que os praticantes se apaixonem pela prática e, através dela, tornem-se livres para viver seu potencial.

Para mais informações sobre o evento, que acontecerá de 21 a 23 de maio, clique aqui.


15 dicas importantes para estabelecer seu sankalpa

Por Pedro Kupfer
Matéria publicada no site www.yoga.pro.br


A palavra sankalpa significa "construção mental", mas pode traduzir-se corretamente como "resolução interior". O sankalpa é uma fôrmula breve, clara e carregada de significado, que tem como objetivo principal potencializar os aspectos mais positivos da personalidade.


Deve manter-se o mesmo sankalpa de dez a quinze vezes seguidas, durante a prática de meditação ou relaxamento, e deve ser repetida pelo menos três vezes ao iniciar e três ao finalizar a prática.


Devem ser poucas palavras, e sempre as mesmas, para fixá-las no pensamento: uma frase curta, do gênero "tudo está perfeitamente bem agora" ou "me aceito exatamente como sou".


A resolução interior deve ser sempre afirmativa. Por exemplo, é infinitamente melhor repetir mentalmente "estou saudável" ao invés de "não estou doente".


1. focalize a força de vontade.
2. separe o essencial do supérfluo.
3. trabalhe nos níveis inconsciente, subconsciente e consciente.
4. repita seu sankalpa em estado de relaxamento profundo.
5. lembre que, quem cria sua realidade, é você mesmo.
6. evite quaiquer conflitos com suas afirmações interiores.
7. busque a causa mais profunda ao construir sua resolução interior.
8. o sankalpa deve ser curto, claro e simples.
9. faça sempre afirmações positivas.
10. conjugue sua resolução nos três tempos (passado, presente, futuro)
11. conjugue sua resolução nas três pessoas do singular (eu, tu, ele).
12. escreva sua resolução e cole na porta da geladeira, no espelho do banheiro e perto do computador.
13. associe uma visualização a seu sankalpa.
14. nunca tente reprimir emoções negativas que possam surgir.
15. tenha cuidado com o que você pede, pois você pode conseguir!


Curso com Pedro Kupfer


Yoga Ayurveda e Liberdade

Márcia De Luca e Pedro Kupfer

Data: 29 e 30 de outubro
Horário: sábado das 9h às 17h domingo das 9h às 13h
Local: Yoga Flow CIYMAM (São Paulo-SP)
Infos AQUI



Pedro Kupfer é professor de Yoga, mora em Mariscal - SC e é editor do site http://www.yoga.pro.br/inicial.php.


quinta-feira, 18 de março de 2010

Insônia Segundo o Ayurveda

Por Dra. Maria de Fátima Martinhão

Segundo o Ayurveda, a insônia é um sintoma característico de distúrbio nervoso vata, a qual normalmente vem acompanhada de nervosismo, ansiedade, hipersensibilidade, excesso de pensamentos e preocupações. Esse distúrbio do sono compreende três padrões:

- Dificuldade para iniciar o sono.
- Sono superficial ou leve.
- Dificuldade para voltar a dormir ao acordar no meio da noite.

Origem
As causas da insônia estão relacionadas com desequilíbrios nos três doshas (biótipos do Ayurveda):

- Desequilíbrio em vata dosha está relacionado com: estresse, excesso de pensamentos, ingestão de drogas ou estimulantes, excesso de viagens, ansiedade, excesso de trabalho, dieta muito leve com alimentos leves, secos e frios e excesso de estímulos sensoriais.
- Desequilíbrio em pitta dosha está relacionado com: emoções mal resolvidas, desejos descontrolados, consumo excessivo de alimentos quentes e estimulantes e exposição ao calor e ao sol.
- Desequilíbrio em kapha dosha: esse dosha tende mais ao excesso de sono; a insônia pode ocorrer como um distúrbio congestivo que bloqueia os canais mentais.

Consequências
Com o passar do tempo, o insone crônico começa a apresentar sinais e sintomas de degeneração física e nervosa. Esses sintomas diferem de acordo com o dosha, tanto da pessoa (prakrutti) quanto do distúrbio (vikrutti):

- O tipo vata apresentará mais nervosismo, medo, lapsos de memória, ansiedade, emagrecimento e envelhecimento precoce da pele.
- O tipo pitta apresentará mais irritabilidade, ciúmes, raiva e ressentimento.
- O tipo kapha apresentará bloqueios mentais.

Soluções
O tratamento ayurvédico considera sempre o indivíduo em sua integridade física, psíquica, social e espiritual. Desta forma, de acordo com cada desequilíbrio predominante, serão prescritos:

- Ervas.
- Asanas (posturas do Yoga).
- Dieta mais pesada que ajude a assentar com raízes de vegetais, grãos integrais e evitar alimentos muito estimulantes.
- Meditação tranquila antes de dormir para liberar conscientemente as tensões e preocupações. É recomendada a prática de entrega da mente ao divino em completa fé.
- Pranayamas que esfriem o cérebro e diminuam a acidez do organismo como o sitali e o chandra pranayama.
- Prática de mantras de acordo com cada dosha.

Dra. Maria Fátima Martinhão é formada em medicina com residência médica em clínica e patologia clínica. Estuda fitoterapia há 15 anos e Ayurveda há 5. Seus estudos de medicina ayurvédica começaram com o Dr. José Ruguê, seguidos de cursos na Gujarat Ayurveda Universety, especialização em panchakarma em Kerala e aulas particulares com o dr. Vasant Lad.


quarta-feira, 17 de março de 2010

Hora de Dormir

Por Madu Cabral

Já escrevemos alguns textos sobre a importância de uma boa noite de sono, mas quando se trata do sono das crianças o assunto fica ainda mais sério. As crianças devem dormir de oito a dez horas por noite para manter o equilíbrio geral da saúde.

Enquanto se dorme, o metabolismo diminui e o organismo descansa. É também durante o sono que o hormônio do crescimento é produzido e, portanto, precisamos dormir para crescer.

Mas colocar a criançada na cama nem sempre é tarefa fácil, muitos preferem dormir na frente da televisão ou lutam contra o sono no sofá da sala até acabar as forças. “Um bom começo é transformar a casa em um ambiente mais tranquilo”, explica a professora de Yoga para crianças Melissa Franchi. Com um pouco de disposição dos pais, pode ser criada uma rotina saudável para preparar uma boa noite de sono. “Algumas posturas bem simples podem ser feitas na cama para acalmar, seguidas de uma historinha que é como uma meditação”, indica Melissa. Veja algumas dicas da professora para essa rotina:

Prepare o ambiente

Se a casa inteira estiver mais calma, sem sons muito altos ou luzes muito fortes, a criança também se acalmará. O quarto do pequeno também deve ter uma luz mais fraca.

Voz que acalma

Quem for cumprir o papel de professor nesse momento deve se lembrar de manter a voz baixa e suave.

Yoga na cama

Algumas posturas podem ajudar a relaxar as tensões do corpo e preparar para a noite que segue:

Vajrasana (postura do diamante): peça para a criança sentar sobre os calcanhares, de joelhos no colchão e fazer movimentos circulares, bem lentos, com a cabeça. Três círculos para cada lado são suficientes.

Paschimottanasana (postura da pinça): depois, o pequeno pode se sentar com as pernas estendidas e inclinar o tronco, com a cabeça bem relaxada, caminhando com as mãos na direção dos pés. Vale segurar na altura dos joelhos, nas canelas ou nos pés, onde for confortável, enquanto faz cinco respirações bem profundas.

Apanasana (postura do vento descendente): agora já é hora de deitar. Com a barriga para cima a criança pode trazer os joelhos em direção ao peito, soltando bem o corpinho no colchão. Peça que inspire lentamente pelas narinas e solte o ar pela boca. Cinco respirações são suficientes para relaxar.

História para dormir

Essa “historinha da imaginação” serve como uma breve meditação guiada e pode ajudar a cair no sono. Conduza a criança ao relaxamento desta forma: “Feche os olhos e imagine que seu colchão começa a flutuar como um tapete mágico. Veja-o passando pelas nuvens em uma viagem encantada. Sinta as nuvens passando bem pertinho, leves e fofinhas e agora sinta seu corpo leve como elas. Veja que as estrelas começam a brilhar e o céu está ficando escuro. Já é hora de dormir”.

Massagem

O óleo essencial de lavanda é ótimo para acalmar e é ótimo para finalizar o dia com uma massagem nos pés. Misture cinco gotas de óleo essencial de lavanda a uma colher de sopa de óleo vegetal (como amêndoas ou girassol) e esfregue lentamente os pés da criança. Nenhuma técnica é necessária, só um carinho profundo nos pezinhos. Massageie bastante cada um dos dedos.

Melissa é professora de Yoga, dá aula para crianças no CIYMAM e fez especialização no Radiant Child Institute com Shakta k. Khalsa.
franchimelissa@hotmail.com
www.ciymam.com.br


Energia para Dois

Por Maíra Duarte

O elemento ar é responsável pelo movimento e coordenação do organismo, dos movimentos voluntários e involuntários. Segundo o Ayurveda, além da inalação e exalação, outras importantes funções são reguladas pelo ar em nossos corpos, como o fluxo dos pensamentos, o movimento peristáltico dos intestinos e o ritmo cardíaco. O ar é também responsável pela movimentação dos outros elementos em nosso organismo e, portanto, tem papel fundamental na manutenção da nossa saúde.

De que adianta ingerir alimentos saudáveis se o organismo não movimenta adequadamente as toxinas e os nutrientes? De que adianta ter órgãos estruturalmente saudáveis se eles não se movimentam adequadamente? Por isso, é fundamental para o bem-estar físico, mental e emocional a prática regular de exercícios respiratórios.

É importante salientar que o mesmo poder que um exercício respiratório, quando bem feito, tem de nos equilibrar, quando mal feito pode nos desequilibrar. Ou seja, nunca se esforce demais durante os exercícios respiratórios, não altere a estrutura do exercício sem alguém experiente orientando e não ultrapasse 15 minutos de prática. Cinco minutos de exercícios, praticados de uma a três vezes ao dia, são suficientes para usufruir dos benefícios. Os exercícios respiratórios são praticados principalmente para equilibrar o elemento ar e aumentar os níveis de prana (energia vital inteligente) no organismo.

Respiração Completa

Sente-se confortavelmente com tronco ereto. Inspire continuamente pelas narinas. Encha a parte inferior dos pulmões e perceba a expansão da região pélvica. A seguir, encha a parte mediana dos pulmões, ampliando o tórax e empurrando as costelas baixas e o externo. Finalmente, encha a parte superior dos pulmões, projetando a parte superior do tórax e erguendo-o junto com as costelas superiores.

Você perceberá três movimentos distintos, mas a inalação deve ser contínua e fluida ampliando o tórax inteiro, do diafragma para o ponto mais alto do tórax em um movimento uniforme. Com o tempo de prática, o movimento se torna mais fluido. Segure a respiração durante alguns segundos e exale lentamente pela boca. Pratique se possível na frente de um espelho com suas mãos em cima do abdômen para sentir todos os movimentos.

Exalando com Som

Inspire profundamente. Encontre um som que lhe pareça adequado e ao expirar deixe-o ecoar. Perceba que a respiração vibra com o som. Deixe a vibração percorrer seu corpo, começando na garganta, percorrendo todo o corpo em um movimento descendente até sair pelo colo do útero. Permita que o som tome conta do corpo e que sua vibração desbloqueie qualquer foco de obstrução física ou energética.

Os sons podem variar entre gemidos, suspiros ou até mesmo gritos. Sinta os sons que seu corpo precisa e permita que ele trabalhe terapeuticamente aliado à respiração.

Durante a gestação, treine os gemidos sozinha ou acompanhada. Perceba a melhor forma de deixá-los fluir naturalmente, acostume-se com isso. Assim, no momento do parto, essa prática será orgânica e mais fácil de aplicar. Ajuda muito no alívio da dor e no movimento de descida do bebê pela abertura do útero e canal vaginal.

Maíra é terapeuta ayurvédica formada pela Escola Yoga Brahma Vidyalaya e no Curso Avançado de Ayurveda pela Academia Internacional de Ayurveda, na Índia. Especializou-se nos cuidados ayurvédicos com a gestante (Perfect Pregnancy Program). Doula formada pelo Gama (Grupo de Apoio à Maternidade Ativa) e pela ONG Amigas do Parto, Maíra realiza acompanhamento de gestantes durante a gravidez, trabalho de parto e pós-parto. mairaduarte@gmail.com, (11) 8415-8222.


Para Dormir Bem

Por Madu Cabral

Um leitinho morno é, há tempos, uma ótima forma de embalar o sono dos pequenos. O problema é que o achocolatado tradicional dificulta a digestão do leite (que já não é fácil de digerir) e pode gerar muco e outras toxinas.

O ideal é que o leite seja "temperado" para facilitar a digestão e ajudar a acalmar o corpo e a mente antes da hora de ir para cama. A nutricionista ayurvédica Ana Carolina Alencar, sugere a seguinte receita:

Em uma caneca de leite acrescente um pouco de baunilha em fava (abra a fava e raspe com a ponta de uma colher as sementes), uma pitada de cúrcuma (também conhecida como açafrão da terra) e um pedacinho de pau de canela (a canela em pó pode coalhar o leite). Se adicionar uma colher de chá rasa de castanhas laminadas ao leite, fica ainda mais nutritivo. Aqueça até levantar fervura.

Ana Carolina Alencar: carualencar@hotmail.com


quinta-feira, 11 de março de 2010

Vida sem Carne

Por Maria Laura Packer
Ilustração: Madu Cabral

O Yoga e o vegetarianismo estão tão próximos que é difícil separar um do outro. O vegetarianismo sempre foi proclamado na Índia como a forma mais adequada de se alimentar, sustentado por um dos princípios mais importantes da filosofia yóguica, o ahimsa (não-violência).

Ahimsa é a ética do hinduísmo, do jainismo e do budismo, que estabelece o respeito pela vida e exalta a importância evitarmos produzir sofrimento e dor aos outros seres, tanto física como emocionalmente. Esse mesmo princípio nos conduz a uma ação ativa de benevolência e compaixão por todas as criaturas viventes.

As Leis de Manu, um dos textos sagrados do hinduísmo, afirmam que "sem matar os seres vivos, a carne não pode ser utilizada, e como matar é contrário aos princípios de ahimsa, deve-se, então, renunciar o consumo de carne".

Já no Yoga Sutra, texto autorizado do Yoga do século III a.C., encontramos que "Estando (o yogue) firmemente estabelecido na não-violência, deixa de existir hostilidade e sua presença". II-35

Nos Corpos
Quando a carne é ingerida, ingere-se junto toda a adrenalina retida no músculo do animal, impregnada de medo e violência. Este medo mantém o homem em um contínuo estado reativo frente às situações da vida. Essa alteração bioquímica produz males físicos e psíquicos.

O constante estado de inquietude e medo torna-o muito sensível às vibrações mais terrenas que ativam o consumo de bebidas e outros hábitos autodestrutivos.

No corpo sutil, o consumo da carne estimula cobiça, ira, medo, luta e fuga e desejos inferiores da alma. O corpo astral do animal é muito forte e aquele que se alimenta de carne embrutece seu corpo emocional, tornando-o mais insensível às vibrações sutis e tênues da vida espiritual.

Na mente
A Chandogya Upanishad diz que a parte mais sutil do alimento forma a matéria mental, ou seja, nossa mente é formada por aquilo que comemos. Assim, o nível vibracional do alimento determina a qualidade dos nossos sentimentos e emoções.

A carne predispõe o homem a agir instintivamente, impulsionado pelo medo, aversão, raiva e outros sentimentos que impregnam os corpos mais sutis. O homem necessita manifestar a intuição e não o instinto, que é o elemento motivador do reino animal.

A carne é um alimento que se opõe à lei eterna da vida (dharma), é geradora e fruto de sofrimento dos maus tratos vividos pelo animal. Não é considerada um alimento adequado à vida espiritual e tampouco aos que desejam trilhar um caminho sustentado na benevolência e na paz. Seu consumo embrutece a natureza humana.

Na alma
A indústria pecuária, só no Brasil, produz cerca de 200 toneladas de excrementos por segundo. Os resíduos gerados por um rebanho de 10 mil cabeças de gado equivalem aos de uma cidade de 110 mil habitantes. Além disso, a pecuária é responsável por 18% das emissões de gases metanos que atuam diretamente no efeito estufa.

A quantidade de grãos usados para alimentar um boi é suficiente para alimentar 40 pessoas. Esse mesmo boi precisa de um a quatro hectares de terra para produzir em média 210 kg de carne. Com a mesma quantidade de terra e no mesmo tempo, poderiam ser produzidas 23 toneladas de trigo, 19 toneladas de arroz, 44 toneladas de batata e 56 toneladas de tomate.

Enfim, não justifica mais querermos comer carne ou manter a crença que a carne é necessária para a manutenção do corpo. Precisamos sair da esfera egoísta pessoal e começar a cuidar do planeta.

Hari OM

Maria Laura Garcia Packer
Professora de Yoga há 23 anos e vegetariana há 29 anos.
Autora dos livros Vegetarianismo - Sustentando a Vida e A Senda do Yoga - Filosofia, Prática e Terapêutica.
www.casadeyogashantiom.com.br


Satsang com Swami Ramakrishnananda

San Ramon, EUA, Junho 2009

Durante uma seção de perguntas e respostas em Seattle (EUA) alguém perguntou à Amma sobre os quatro yugas - ou quatro ciclos da criação: satya yuga, que é o período da Verdade, dvapara yuga, treta yuga e kali yuga. Amma disse que esses quatro períodos não são apenas externos, mas também internos.

Internamente estamos em constante mudança de um yuga para outro, todos os quatro vêm e vão dentro de nós. Amma deu alguns exemplos: em um minuto estamos cheios de amor e bondade, isso é como satya yuga, o período da Verdade. No minuto seguinte, sentimos ódio e vingança, esee é nosso kali yuga (o atual período de escuridão do mundo). Amma complementou que, na verdade, a dualidade e os yugas só existem onde existe a mente.

Amma está além do tempo. Isso significa além dos yugas também, ou seja, sem início, meio ou fim. Nós temos um começo, um meio e um fim, um estado imanifesto, depois um estado manifesto e novamente o estado imanifesto. Antes de nascermos, onde nós estávamos? No estado imanifesto. Então, saímos do ventre de nossas mães e entramos no estado manifesto. Este é o meio, e então seguimos para a morte, retornando ao estado imanifesto.

Mas uma Alma Realizada, mesmo que o corpo possa mudar ou padecer, é imutável e completamente desapegada do corpo. Amma ilustra isso com o exemplo da eletricidade e da lâmpada. A eletricidade não tem absolutamente nenhuma conexão com a lâmpada, existe por si só. A lâmpada pode queimar, mas a eletricidade continuará existindo.
Nós somos presos ao tempo enquanto Amma está além dele. Ela é o substrato imutável que está no topo de onde todas as mudanças ocorrem. Nossos desejos e metas estão sempre mudando: em minuto queremos ficar sozinhos, no minuto seguinte queremos companhia; hoje queremos estar casados, amanhã queremos nos divorciar; agora queremos fazer práticas espirituais, logo em seguida nos perguntamos: "Será que eu preciso disso? Pra quê tudo isso? Quer saber, preciso de férias". Se observar sua mente verá que isso realmente acontece.

Somos muito inseguros quanto aos nossos próprios sentimentos, nossas emoções, nosso descontentamento, nosso amor, nossa bondade.

Mas Amma se mantém sempre a mesma, com o objetivo de elevar a sociedade e nos ajudar a descobrir nossa verdadeira natureza. Nossas metas são egoístas, as metas da Amma não possuem nenhum interesse pessoal. Nossas metas vêm da nossa sensação de falta de plenitude, as metas da Amma vêm de uma sensação de completa plenitude. E por quê? Porque as metas da Amma, as metas do Universo e as metas de Deus são Uma e a mesma: colocar o Universo no caminho correto. Isso é dharma. Quando nossas metas se unem às metas do Universo, os obstáculos desaparecem.

Amma sempre nos pede para desenvolvermos a inocência da criança, mas ao mesmo tempo Ela nos lembra que não devemos ser infantis em nossas ações e idéias. Ouçam esta história:

"Em uma tarde, um pequeno garoto brincava no quintal de sua casa, ao ar livre. Ele usava a vassoura da mãe para imitar um cavalo e se divertiu por um bom tempo. Até que escureceu e ele largou a vassoura no quintal e entrou em casa. Sua mãe estava limpando a cozinha e se deu conta de que a vassoura tinha sumido. Ela perguntou ao garoto onde estava a vassoura e ele disse que havia deixado no quintal. A mãe pediu para ele pegá-la. O menino disse que não ia buscar a vassoura porque tinha medo do escuro. A mãe sorriu e disse: "Deus está lá fora também, não tenha medo." O garoto então abriu a porta e disse: "Deus, se você estiver aí fora, me passa a vassoura?".
Na inocência, existe fé firme. E onde existe fé firme não existe medo e a maturidade aflora, abrindo a oportunidade de compartilhar nossos pensamentos e sentimentos. Quando agimos assim, descobrimos que os desejos e objetivos de todos nós geralmente não são tão diferentes quanto pensávamos. Compreender isso vai ajudar os dois lados a atingir o que está além de tudo.

Aum Amriteshwaryai Namah

Cursos relacionados:
São Paulo
23/09, sexta, 20h30: "A mudança que precisamos"
24/09, sábado, 18h30: "Como viver melhor"
Infos.: (11) 5543-4088

Local: Espaço Singular
Rua Estados Unidos, 1097, Jardim Paulista
Entrada: 1kg de alimento não perecível ou roupa em bom estado. Todas as doações serão entregues à Cruz Vermelha.
 
Rio de Janeiro
25/09, domingo, 18h: "A mudança que precisamos"
Infos.: (21) 4042-6987 ou (21) 8858-2709

Local: Forte do Leme - Leme

26/09, segunda, 19h: "Como viver melhor"
Infos.: (22) 9976-0551

Local: Templo Amrita - Rua Simonides Nunes de A. Filho, 296, Fonte Limpa, Araruama - RJ. O evento inclui cerimônia para prosperidade.

Há mais de 30 anos Swami Ramakrishananda dedica sua vida ao autoconhecimento e ao serviço ao próximo, sob orienteção direta de Amma. Um monge que cativa a todos por onde passa, divulgando a mensagem de paz, amor e compaixão de Amma, ensinando com é possível – e mais feliz – vivermos nos dias de hoje a partir dos princípios espirituais.




Hipertensão

Por Gustavo Ponce

A pressão sanguínea sobe e baixa naturalmente ao longo do dia, dependendo da atividade realizada. Mas, quando se mantém elevada de forma consistente, esse quadro é chamado de pressão alta ou hipertensão.

Essa condição do sistema circulatório (ou cardiovascular) coloca um grande peso sobre o coração, que tem que trabalhar mais arduamente para bombear sangue pelo corpo. Esse quadro pode levar a sérias complicações como infarto, problemas nos rins e nos olhos. O coração é uma bomba que envia sangue por uma grande rede de artérias que cobre cada parte do corpo. As paredes das artérias têm músculos que as dilatam e contraem.

Quando se contraem, o sangue não consegue fluir com facilidade, aumentando a pressão sanguínea. Exercícios físicos, excitação, tensão e outras condições emocionais aumentam os batimentos cardíacos e, ainda que temporariamente, a pressão sanguínea. A maior parte das pessoas volta à pressão normal quando descansam. Mas nas pessoas que sofrem de hipertensão, a pressão se mantém elevada o tempo todo.

Entre as pessoas que sofrem de hipertensão, encontramos estresse, altos níveis de colesterol (que bloqueiam as artérias), excesso de sal ou de álcool, cigarro, sobrepeso e outras condições médicas.

Essa condição - principalmente quando em pessoas com mais de 40 anos, histórico familiar de pressão alta ou de problemas cardíacos - pode ser prevenida. Sem dúvida, o Yoga, junto com uma dieta apropriada e massagens, é uma ferramenta natural à nossa disposição para prevenir e, no caso da doença já instalada, ajuda a lidar com o problema.

Principalmente o Yoga pode trazer benefícios em dobro, pois fortalece e relaxa o corpo, além de ajudar a acalmar a mente com técnicas de pranayama (exercícios respiratórios) e meditação.

Posturas recomendadas



1. Supta baddha konasana (postura reclinada do ângulo): mantenha de 3 a 5 minutos;



2. Viparita dandasana (postura invertida do bastão), com almofadão: mantenha de 2 a 3 minutos;



3. Setubandha sarvangasana (postura da ponte): mantenha por 2 minutos;



4. Supta virasana (postura reclinada do herói), com almofadões: mantenha por 2 minutos;



5. Viparita dandasana (postura invertida do bastão), com cadeira: mantenha por 1 minuto;



6. Viparita karani (postura das pernas contra a parede) com almofadão: mantenha de 2 a 3 minutos;

7. Ujjayi pranayama (respiração vitoriosa): faça de 5 a 10 minutos;

8. Viloma pranayama (respiração das narinas alternadas): faça por 3 minutos;

9. Savasana (postura do cadáver): mantenha por pelo menos 5 minutos.

http://www.canalom.com/
Modelo: Anita Carvalho
Fotos: Madu Cabral


quinta-feira, 4 de março de 2010

Yoga nas Alturas

Por Madu Cabral

A primeira vez na vida que escutei uma pessoa falar sobre escalada foi um argentino que morava nas montanhas e vivia para escalar. Ele disse que achava a escalada um exercício físico maravilhoso, pois o corpo, quando em uma via, deve estar firme, mas confortável.



Apesar dessa pessoa nunca ter feito Yoga na vida, ele descreveu um dos mais famosos textos da literatura yógica, o Yoga Sutras de Patanjali, que diz que "asana (postura do Yoga) é a postura firme e confortável" (Yoga Sutra, II:46).

As semelhanças não param por aí, uma prática pode complementar muito bem a outra, física e mentalmente.



Equilíbrio Físico

A consciência corporal que o Yoga promove facilita a coordenação entre os movimentos de pernas e braços, muito importante na prática de escalada, tanto para saber como se deslocar agarrado a uma pedra quanto para economizar energia.

Essa mesma consciência pode prevenir muitas lesões, como explica o escalador Luciano Fernandes: "Na escalada são comuns as tendinites e torções nas articulações. Muitas dessas lesões acontecem porque os escaladores ultrapassam seus limites físicos para vencer os desafios da escalada".

Luciano, que é editor de um blog especializado em escalada, também ensina que o preparo físico para quem quer escalar vai além do fortalecimento dos braços. "Boa flexibilidade e alongamento, tensão corporal e equilíbrio isométrico são muito mais importantes do que força sobrecomum nos braços". Quem busca esse preparo físico equilibrado, que vai além da pura força muscular, pode encontrar no Yoga um forte aliado.

Entre essas qualidades, o alongamento merece um destaque especial. "Com mais alongamento ganha-se mais amplitude de movimento e consequentemente mais opções de como posicionar o corpo", explica o professor de Yoga e escalador Eduardo Sobrosa.



Um Forte Aliado

O foco na respiração durante uma via de escalada, para manter a calma diante dos riscos de estar pendurado a muitos metros do chão, é essencial.

"Para manter o foco no movimento que está executando, para manter a calma e evitar a ansiedade (controlando o medo principalmente), a respiração é fundamental", acrescenta Luciano. Além disso, a sincronia entre a respiração e os movimentos – o que no Yoga é conhecido como vinyasa – dá força e ajuda a vencer desafios que, com a respiração errada, seriam impossíveis.



Atenção!

A escalada promove uma vivência intensa de um dos principais objetivos do Yoga: a atenção no momento presente.

Podemos levar nosso corpo para uma prática de asanas e deixar nossa mente em qualquer outro lugar. Claro que isso aumenta os riscos de lesões, além de ser uma tremenda perda de tempo. Mas a atenção plena toma outra dimensão quando sua vida depende disso. A prática de escalada não tem espaço para distrações e devaneios, a mente tem que estar totalmente desperta, desde o primeiro nó na corda até o último movimento no topo da montanha. Quando o que está em risco é a própria vida, a mente parece se domesticar por alguns momentos.



Luciano Fernandes: blogdescalada.blogspot.com
Eduardo Sobrosa: http://www.yogakailash.com.br





quarta-feira, 3 de março de 2010

Quarto dos Sonhos

Por Krishnaprem

O Vastu Shastra ou "Ciência do Bem Viver" é a milenar Ciência Védica da Arquitetura, que lida com as influências espirituais e energéticas das paisagens e como harmonizá-las.

Assim como o Feng Shui, o Vastu Shastra nos oferece ferramentas para harmonizar o ambiente, influenciando nossas vidas, equilibrando os elementos fora e dentro do corpo, no ambiente de residência ou de trabalho.

Estudando as escrituras como Vishwakarma Vastu Shastra Mayamatam, podemos encontrar diversas dicas sobre o quarto de dormir. Entendendo estas dicas, começaremos a entender alguns preceitos básicos do Vastu Shastra.

Local do Quarto

Dentro do modo de vida prescrito nas escrituras, o ser humano passa por quatro estágios ou ashrams antes de abandonar o corpo. O primeiro estágio é o de estudante ou brahmacharya, de zero até 25 anos. Neste estágio, alguns dos objetivos práticos são servir aos pais e mestres, ter vigor para os estudos através de uma alimentação sátvica (equilibrada), praticar exercícios, abster-se de ter relações sexuais, estudar as escrituras e praticar karma, bhakti, jnana e raja Yogas (respectivamente o Yoga da ação, da devoção, do conhecimento e real).

Nesta fase, de acordo com o Vastu, o estudante deve dormir no quarto leste (poorva) da casa. O leste é regido por surya (sol) e é o local de início. O leste é repleto de energia solar positiva devido à incidência de raios ultravioletas. A energia do sol dá vitalidade para os estudos e demais atividades da vida de estudante.

O próximo estágio é o de chefe de família ou grihastha. Aos 25 anos, o estudante se casa e inicia sua família. No estágio inicial do casamento, o objetivo do casal é procriar, logo, as relações sexuais e o carinho são importantes. O quarto do casal recém-casado deve ser no noroeste (vayavya) que é regido por chandra (lua). A lua é o planeta mais rápido do zodíaco védico e o noroeste é 100% energia de rajas (energia de movimento) e 100% elemento ar. O casal precisa deste movimento para conseguir ter mais relações sexuais e mais chances de engravidar.

Uma vez que a esposa engravide, o casal muda para o quarto no sudoeste (nairitya). O sudoeste é regido por rahu e é o local mais escuro e protegido da casa. De acordo com as escrituras, o sudoeste deve ter as paredes mais grossas, menos aberturas como janelas, pois este local recebe a maior incidência de raios infravermelhos (maléficos). O sudoeste é 100% energia de tamas (inércia) e 100% elemento terra, ambos concedem a proteção, estabilidade e inércia necessárias para o descanso profundo sem preocupações.

O filho do casal, depois que crescer mais, deve ter seu quarto no leste, como dito anteriormente. Quando chegar à idade de se casar ou sair de casa para estudar, o filho ou filha deve se mudar para o quarto noroeste para que a combinação de lua, rajas e o elemento ar o ajude a sair logo de casa. O quarto noroeste também é o melhor quarto para hóspedes, pois eles não ficam muito tempo na casa.

Depois do estágio de chefe de família, vem o estágio de eremita ou vanaprastha. Nesta fase, aos 50 anos, o casal deve se dedicar às atividades espirituais, tais como meditação, cânticos devocionais, pujas (rituais) etc. Nesta idade, como não há mais a necessidade de procriar, as escrituras dizem que se deve voltar para o celibato. O casal, então, muda para o nordeste (ishan) da casa que é o local para práticas espirituais. O nordeste é o local mais sagrado de acordo com o Vastu Shastra. É regido por Júpiter e pelo deus Shiva. O nordeste é 100% satva e 100% água, o local mais puro da residência. Neste local há a maior incidência de raios ultravioletas que são altamente benéficos.

O último estágio é o de renunciante ou sannyasa. Nos tempos antigos, nesta fase, dos 75 aos 100 anos, os sannyases renunciavam então a seu lar e família e iam para floresta. Nesta fase, o renunciante não dorme em quartos, mas sim na natureza. Hoje em dia, na Índia, nesta idade as pessoas deixam suas casas e tomam abrigo em monastérios conhecidos como ashrams.

Preceitos Gerais para Quartos de Dormir

Os principais problemas de insônia podem ser causados por não dormir com a cabeça para o sul e por aparelhos eletrônicos nos quartos. Também existe um grave problema, principalmente em prédios e cidades, que são as tubulações de esgoto que às vezes descem em colunas próximas à cama ou embaixo dela. Seria ideal pedir a um radiestesista para verificar isto ou linhas maléficas, utilizando uma antena dual e outros equipamentos.

Listamos abaixo algumas dicas gerais sobre quartos, que servem para todas as idades e quartos em qualquer direção.

- A cama deve ficar posicionada de modo que a cabeça de quem dorme fique para o sul e os pés para o norte. O sul é governado por Yama, o senhor da morte e o sono é uma pequena morte. Além disto, o fluxo de energia geomagnética dá-se do norte para o sul e, no corpo humano, esta energia entra pelos pés e sai pela cabeça.

- A cama não deve ficar encostada na parede, assim como nenhum móvel e a própria casa deve ter espaço ao seu redor. Esta área livre entre a parede e os móveis, ou entre os muros e a casa, é chamada de paichatsthana ou morada dos demônios. Este espaço deve ficar livre permitindo que o prana (energia vital) flua de modo adequado. As leis modernas seguem este princípio com seus recuos e taxas de ocupação. De acordo com o Vastu uma casa deve ocupar no máximo 50% do terreno.

- Prefira as cores azuis claras e brancas para pintar as paredes.

- Não guarde muitas coisas no quarto. Tudo que não é utilizado deve ser dado para alguém ou reciclado.

- Não tenha no quarto aparelhos eletrônicos tais como computador, televisão, aparelho de som etc. Estes aparelhos causam distúrbios magnéticos que atrapalham muito o sono. Caso seja impossível não ter estes aparelhos no quarto, retire-os da tomada três horas antes de dormir e cubra-os com um cobertor.

- As camas tipo "Box", muito comuns hoje, são rejeitadas pelo Vastu. As camas devem ter espaço aberto em baixo, como as antigas camas de madeira. Materiais naturais como madeira, algodão, bambu são preferíveis às espumas e materiais sintéticos.


Krishnaprem é consultor de Vastu Shastra e professor de Yoga Sivananda formado em Uttarkashi, Himalaias. Gerente de projetos do Instituto Pindorama e professor de Vastu Shastra juntamente com Sandeep Garg no Ancient Astrology Institute. Atualmente, dedica-se também ao estudo de habitações sustentáveis com materiais ecológicos.

Para mais informações sobre Vastu Shastra e o Curso de Formação, visite o Portal Índia no endereço www.portalindia.com.br. Para informações sobre o Curso de Estruturas com Bambu e Bioconstrução, visite www.pindorama.org.br.


Criado no Yoga

Por Madu Cabral

A prática de Ashtanga Vinyasa Yoga se tornou muito popular no ocidente por ser uma prática fisicamente exigente. A tradição está baseada em seis sequencias fixas de asanas (posturas do Yoga) que evoluem em grau de dificuldade. As posturas são feitas com a prática de vinyasa, ou seja, são sincronizadas com a respiração.

Esse sistema foi organizado pelo famoso guru indiano Patthabi Jois e seu mestre, o pai do Yoga moderno, Krishnamacharya e inspirou a criação de muitos métodos de Yoga moderno como o Power Yoga e o Vinyasa Flow.

Com a morte de Patthabi no ano passado, seu filho Manju Jois se compromete a continuar os ensinamentos da tradição e viaja o mundo ensinando o método.



Qual a origem do Ashtanga Vinyasa Yoga?
O Ashtanga nasceu na Índia e é um sistema de prática para o corpo e o espírito. Foi uma prática sistematizada pelo guruji Patthabi Jois, falecido em 2009, para oferecer para os alunos uma maneira simples de praticar Yoga. Sou o filho mais velho de Patthabi e pretendo continuar os ensinamentos dessa tradição.

Qual o propósito dessa prática?
O Ashtanga Yoga é uma disciplina que ajuda o corpo a estar em bom estado para que os pensamentos se acalmem. Essa tradição ajuda os alunos a terem foco e equilíbrio em seu dia a dia. Quando a mente se acalma podemos ter uma vida onde corpo e espírito estão unidos.

Como seu pai lhe apresentou a prática?
Quando eu tinha sete anos comecei a imitar meu pai enquanto ele praticava asanas. Aos 12 ele começou a me ensinar a tradição do método do Ashtanga.



Como a prática se desenvolveu ao redor do mundo?
Não era uma cultura muito conhecida no ocidente até 1975, quando eu e meu pai fomos para os EUA, foi um grande evento. Sr. Iyengar já tinha ido antes de nós. Plantamos uma semente e lentamente o Yoga foi crescendo, as pessoas começaram a entender que essa é a melhor coisa que podem fazer por seus corpos e mentes.

Como é sua prática pessoal?
Pratico todos os dias os asanas (posturas), exercícios de pranayamas (respiratórios) e recitação dos mantras védicos.

Tiveram modificações nas sequências do Ashtanga com o decorrer do tempo?
Sim, muitos professores de Yoga complicaram o sistema e com isso corremos o risco de que os ensinamentos originais se percam. A forma como você aprende deve se exatamente igual à forma como você ensina. Em minhas aulas, ensino a maneira tradicional assim como meu pai me ensinou.


Manju Jois estará em Florianópolis (SC) pela terceira vez esse ano, de 09 a 15 de abril. Mais informações: http://ashtangasoul.blogspot.com/p/cursos-e-eventos.html
Contato: anaclaudiayoga@gmail.com
Fone: (48) 9981-7777


O Sono do Yogi

Por Anderson Allegro

A Yoga Nidra é uma técnica de relaxamento profundo desenvolvida por Swami Satyananda Saraswati nos anos 60, baseada no antigo sistema do Tantra e em pesquisas contemporâneas. Swami Satyananda sistematizou e simplificou esse conhecimento para que fosse possível ser praticado por todos, sem perder sua grande eficácia.

Suas sequências padronizadas nos conduzem por vários estágios de treinamento: relaxamos o corpo, treinamos as habilidades do cérebro, transformamos emoções conturbadas e semeamos novas atitudes para uma vida mais saudável e significativa.

Por todo o mundo, a Yoga Nidra tem auxiliado homens, mulheres e crianças a recuperarem seu equilíbrio. É a mais poderosa técnica de relaxamento conhecida nos dias de hoje. Entre os benefícios da prática constante dessa técnica, podemos citar o combate a doenças coronárias, hipertensão, úlceras, enxaquecas, artrites, redução dos níveis de ansiedade, controle de distúrbios do sono e prevenção de doenças degenerativas. É também uma ferramenta poderosa para remodelar nossa personalidade e estabilizar nossa mente, maltratada pelo excesso de estímulos do mundo externo e do estilo de vida moderno.

Antiestresse

O estresse é nossa inabilidade de lidar física, mental e emocionalmente com os fatos do cotidiano. Quando praticamos Yoga Nidra, nossa mente se torna mais apta a ver o mundo com clareza e descobrir as maneiras adequadas de agir. Ao invés de fazermos as coisas com preocupação e ansiedade, podemos fazer as mesmas atividades, em menos tempo, se estivermos serenos e relaxados. Os yogis sabem disso há milênios.

A prática permite beneficiarmo-nos das qualidades de um sono profundo, num curto espaço de tempo, quinze minutos de Yoga Nidra equivalem à uma hora de sono comum. Além disso, a Yoga Nidra, quando praticada antes de dormir, elimina tensões físicas, mentais e emocionais, melhorando a qualidade do sono. Além de reeducar nosso sono, essa prática harmoniza o complexo corpo-mente.


Anderson Allegro é professor de Yoga há mais de 20 anos. Atualmente, dirige o Aruna Yoga, onde receberá a renomada professora Micheline Flak para uma Formação em Yoga Nidra e Técnicas de Relaxamento.
Local: Aruna Power Yoga
Datas: 5,6 e 7 de março (módulo 1) e 15, 16 e 17 de outubro (módulo 2)
Informações: (11) 5579-5975, info@arunayoga.com.br, www.arunayoga.com.br