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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Administrando o tempo em paz

Por Camila Reitz

O tempo está cada vez mais escasso para todos nós. O mundo, com tantas novidades tecnológicas, por um lado nos ajuda a fazer tudo de forma mais rápida e desperdiçando menos tempo. Por outro lado, faz com que tenhamos cada vez mais coisas para fazer, além é claro, da obrigação de fazermos tudo com mais eficiência e rapidez.

Antigamente escrevíamos cartas para amigos no exterior ou em alguma cidade distante. Lembro que era prazeroso escrever em papel, fazer um desenho e enviar uma foto junto. Demorava um tempão para a resposta chegar, demorava tanto que nem ficávamos preocupados esperando a tal resposta, e era uma alegria ver o carteiro chegando. Hoje, carteiros só trazem contas para pagar. E o meio de comunicação é o computador. Escrevemos mais e-mail de trabalho do que qualquer outra coisa. Uma amiga disse um dia: “é ótimo quando você responde o e-mail, pois você passa o problema para frente, e ele só volta quando a resposta voltar”.

Mas mantenha a calma, pois há de existir uma forma de resolver essa situação de falta de tempo. A principal forma é termos a consciência de que o tempo tem duas características que não mudam nunca: o tempo não para, e nunca volta atrás. Temos que aceitar e saber lidar com o que já passou e também administrar a falta de tempo em paz.

No momento estou numa situação de falta de tempo terrível. Parece que tudo está acontecendo ao mesmo tempo, e realmente está! O prazo para entrega desse texto está esgotado, e com calma tenho que escrever. Então as dicas que escrevo aqui são as que eu mesma estou utilizando. A primeira coisa a fazer é escrever todas as tarefas num papel. A grande vantagem de fazer uma lista é retirar as tarefas da cabeça para criar espaço e leveza para solucioná-las. Tome um tempo para refletir o que é realmente imprescindível fazer agora e o que pode ser feito depois, priorizando as tarefas. Parar para relaxar e tomar um tempo para si tem uma extrema importância durante o processo de executar tarefas. Dessa forma a mente fica mais calma e quanto mais calma, mais alerta e capaz para solucionar problemas.

Muitas vezes menos é mais. Aprendi isso com um aluno da formação para professores. Pedi para todos escrevessem os compromissos que iriam assumir durante o curso, e ele falou: “vou me comprometer a fazer ao menos o mínimo”. Pensei, como assim, vai se comprometer a fazer o mínimo? E ele complementou: “mas vou tentar ao máximo, fazer o máximo”. Então, observe a sua lista de tarefas e comprometa-se a fazer pelo menos o mínimo que é necessário ser feito, e se puder, faça o máximo, o melhor que puder.

Sugeri para mim mesma e sugiro para você fazer uma resolução interior. No Yoga chamamos essa resolução de samkalpa, existe uma forma específica de fazer essa resolução. Deve ser uma frase curta, positiva e conjugada no presente, pois o subconsciente só capta informações no presente. Para manter a paz sugiro algo como: “faço uma coisa de cada vez” ou “resolvo tudo em paz”. Repita seu samkalpa pelo menos três vezes ao dia, ou sempre que estiver ansioso para resolver algo. Respire fundo, feche os olhos e visualize-se em paz resolvendo qualquer situação que possa aparecer. Com certeza isso irá ajudá-lo.

Existem teorias que dizem que os dias não têm mais 24 horas. Chego a pensar que isso realmente pode ser verdade. Afinal não dá mais tempo de fazer tudo o que temos que fazer, quem diria fazer tudo o que queremos fazer. Mas será que a solução não seria querer menos?

Bem, talvez essa seja uma das soluções, afinal muitas vezes menos é mais. Mas no momento não tenho tempo para refletir sobre isso, vou colocar essa reflexão na minha lista de tarefas, assim o assunto não vai ficar pendurado na minha cabeça, ocupando espaço que deveria estar preenchido de paz.


Camila Reitz pratica Yoga há 16 anos, estudou no Brasil, Índia, Estados Unidos e Austrália, criou a marca Devi e ministra curso de formação para professores de Yoga. www.devi.com.br


Um comentário:

  1. Bom saber que não estou sozinha na busca do equilíbrio entre o que quero, preciso e gostaria de fazer, enquanto o tempo escorre por entre os dedos...Namastê.

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