Páginas

terça-feira, 4 de maio de 2010

Spanda: o Yoga da vibração – Parte I

Por Christopher Tompkins, MTS, MA, PhD (sânscrito)

De acordo com o cerne da filosofia tântrica do Spanda, a "vibração" da consciência divina se manifesta em todo o Universo, incluindo o corpo físico e sutil de todos os seres humanos. O tantra nos ensina que existe uma unicidade contínua entre nosso corpo físico, as atividades de nossa mente e emoções e todas as formas de consciência interna. Todas elas são formas de manifestação da fonte; apesar de todos sermos vibrações microcósmicas do todo, expressões em forma incorporada, dentro das dimensões ilusórias de tempo e espaço da consciência universal (Parama Shiva).

De acordo com os ensinamentos primários de Spanda - trabalho em língua caxemira do século IX conhecido como os "Ensinamentos sobre a vibração" - a vibração suprema (Spanda) unifica e inclui tudo que emergiu dela e devolve continuamente a totalidade manifesta de tudo que existe para a luz suprema da consciência.

A própria energia (Shakti) de consciência flui em expressões condensadas de si mesma em ondas de contração (nimesha) que reconhecemos como os constituintes do mundo a nossa volta, incluindo corpos, sentimentos e pensamentos. Quando Shakti busca ganhar expansão (unmesha) em seu potencial infinito, para identificar com níveis mais expansivos de consciência de si mesma por meio de nossa própria intenção, praticamos Yoga.

Spanda é comumente chamado de sphuratta, o "pulso cintilante" da Luz Suprema que tremula conscientemente em sua própria incandescência. Essa mesma vibração forma a totalidade de todos os seres. Desta maneira, o Spanda Universal vibra com graça todos os aspectos do sujeito. Mesmo os sentimentos e pensamentos "negativos" são parte de Spanda; quando se contrai (nimesha) em formas de pensamentos e sentimentos negativos, esses são usados como trampolim para mover a um estado expandido, desta forma completando a dança da vida. Mas a própria doutrina de Spanda é baseada no fato de que contração-expansão é a pulsação do divino.

Podemos apenas descobrir nós mesmos unificados com a fonte Universal quando equilibramos a ação entre ambos. Então a elevação (udyama) da consciência vem, no ponto imóvel (bindu), quando a respiração, o coração e a mente se tornam uma pulsação.

Levado para dentro, o yogi descobre que o mais delicado e poderoso fio de individualidade é absorvido pela infinita e vasta vibração (spanda) da consciência divina.

A recitação de mantras (especialmente 'om namah shivaya') e a meditação servem como um farol interno para iluminar o caminho pelas vibrações mais sutis da consciência interna, levando à experiência de parispanda, que a tradição chama de "pulsação de bem-aventurança da iluminação". É chamada de pulso extático que movimenta a quietude do absoluto. Observar conscientemente esse pulso interno promove experiências cada vez mais profundas de absorção meditativa até que a experiência de qualquer tipo de limitação seja quebrada para sempre.

Christopher Tompkins é praticante de Yoga desde os 14 anos e erudito em sânscrito. Possui três diplomas em religião e sânscrito, incluindo Master’s Degree em Harvard e UC Berkeley. Completará seu PhD na UC Berkeley em maio de 2010 acerca das Origens Tântricas do Hatha Yoga, ideia que surgiu de sua coleção de centenas de manuscritos tântricos. Chris participará do Yoga pela Paz 2010 e do II Congresso de Yoga e Ayurveda
www.yogasthana.org, www.shaivayoga.com.


Nenhum comentário:

Postar um comentário