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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Saúde e o Nosso Fogo Digestivo

Por Dra. Maísa Misiara

Contam os textos védicos, que existe um fogo em todo o nosso organismo, conhecido como agni. Esse fogo digestivo governa todas as transformações que acontecem no corpo, do sistema digestivo ao processamento mental sutil das informações. É também o responsável por manter a temperatura do corpo, seu sistema imunológico, metaboliza o que sentimos, o que pensamos, percebemos e o que vemos.

É mágico pensar que o corpo conta com essa força tão transformadora para nos manter aptos a digerir, ou seja, transformar qualquer situação adversa da nossa vida em energia. No entanto, quando agni está alterado, a saúde se deteriora. Visão clara, determinação e discernimento demonstram seu bom funcionamento e saúde do agni.

O agni é a principal força da vida, responsável pela tão sonhada longevidade. O trabalho dos médicos ayurvédicos tem como um dos principais focos manter, acender e tratar esse importante fogo, que em cada um de nós apaga por uma razão particular.

Conhecer e estudar essa ancestral ciência nos auxilia a ler o organismo de uma maneira viva. Cuidar da saúde do corpo é mais sábio do que cuidar do seu adoecimento.

Dra Maísa Misiara, Médica Homeopata e Ayurvédica, responsável pela Clínica Cítara Saúde em São Paulo; Docente do Instituto de Cultura e Escola de Homeopatia.

Site: www.citarasaude.com.br

Tel: 11 3814-0700



Consciência Alimentar

Por Marise Berg

O Ayurveda tem uma visão exclusiva sobre a constituição psicofísica dos seres humanos. São reconhecidas cinco forças da natureza que se combinam dinamicamente para formar o nosso organismo: éter (ou espaço), ar, fogo, água e terra. Esta combinação, chamada prakritti (ou dosha), organiza todas as funções físicas, mentais e emocionais necessárias para a vida.

Descobrir a nossa prakritti é uma oportunidade para entendermos melhor a nossa individualidade. Ao nos familiarizarmos com a nossa natureza, aprendemos a nos manter em harmonia, conquistando uma vida equilibrada, bem-estar e saúde.

A dieta adequada – um dos principais pilares da boa saúde – depende dessa compreensão. Tudo o que somos é o resultado da síntese dos alimentos físicos e/ou energéticos que ingerimos. Eles fornecem para o organismo o material necessário para o processo metabólico que nutre a vida. São os melhores medicamentos. Quando são adequados ao nosso corpo e devidamente digeridos, contribuem para nos tornarmos mais saudáveis. Quando a dieta não é compatível com a nossa constituição individual, sofremos de desequilíbrios físicos e psicológicos. Nossa saúde, nosso peso ideal, nossa estabilidade emocional, nossa acuidade mental e nosso bem-estar geral dependem do que conseguimos e do que não conseguimos digerir.

Mas, tão importante quanto a quantidade e a qualidade dos alimentos que ingerimos é o porquê da nossa alimentação.

Um plano de Consciência Alimentar começa ao desligar o “piloto automático” que vem nos guiando ao longo da vida moderna e instalar a atenção plena. Devemos prestar atenção à potência da nossa fome, à quais alimentos nos caem melhor, qual é a quantidade de alimento que nos satisfaz e qual o sabor que mais nos convém.

Estou com fome? Do que me alimento? Por que estou comendo? O que estou comendo? Estou feliz, triste ou ansioso? Como eu me sinto em relação à minha alimentação?

A Consciência Alimentar é um poderoso instrumento para a manutenção da boa saúde e também para quem quer perder ou ganhar peso. Ela é um “farol” que já existe dentro de nós. Só precisamos despertá-la. Vamos usá-la para iluminar a nossa vida a cada momento! Dessa forma, vamos encontrar o verdadeiro sabor da vida. Isso não vai nos ajudar somente a conquistar o bem-estar físico – vai trazer à superfície a compreensão da riqueza e abundância da vida.

Marise Berg - Terapeuta Ayurvédica dedicada à prática da Alimentação Natural Ayurvédica e de Rasayana (rejuvenescimento). Formada pela Escola Yoga Brahma Vidyalaya – Fundação Sri Vájera e Ciymam (curso creditado pela International Academy of Ayurveda – Índia); com extensões em Rasayana (rejuvenescimento) pela Kerala Ayurvedic Chikitsalayam – Pune, Índia; em Ayurveda pela Vishwanath Panchakarma Centre – Rishikesh, Índia; e em Nutrição Ayurvédica pela International Academy of Ayurveda – Pune, Índia. Atualmente, cursa a graduação em Nutrição no Centro Integrado São Camilo, São Paulo.

E-mail:mariseberg@hotmail.com

Blog: www.ayurvedicamente.blogspot.com

Tel.: (11) 8201-3647

Local de atendimento: Cítara Saúde, Vila Madalena, São Paulo



Ustrasana - Filosofia

Por Carlos Eduardo Barbosa

A postura do camelo ou dromedário remete a uma localização geográfica na Índia, o Rajastão. Pouca gente sabe que o Rajastão foi um reduto da seita dos Nathas, aquela que criou e difundiu o Hatha Yoga. E mais do que apenas isso, sua capital, Jaipur, teria sido o local de nascimento de Matsyendranatha – que tem seu nome ligado ao reino védico dos Matsyas, cuja capital é, justamente, a atual cidade de Jaipur.

O nome ustra (camelo) aparece designando uma postura na Gheranda Samhita e em nenhum texto anterior a este. Costuma-se dizer que seu nome se deve ao formato assumido pelo corpo durante sua execução, que lembra a corcova daquele animal, mas isso parece pouco provável, considerando uma provável leitura tântrica da palavra: A raiz verbal "ush" que dá origem a esse nome significa "aquecer", e descreve o efeito do surgimento do Sol ao amanhecer (amanhecer é "usha"), semelhante à cor das brasas de uma fogueira. A deusa Usha é filha do Sol com a Noite – o que nos remete à imagem do deus Savita, que é o Sol quando está abaixo da linha do horizonte, à noite. A força inspiradora desse Sol antes do amanhecer (evocada, por exemplo, no mantra Gayatri) parece ser o verdadeiro foco do nome deste asana, no qual o formato do corpo também evoca o desenho da abóbada celestial noturna.

Um outro trajeto de interpretação nos leva ao verbo “uksh”, que significa “espargir” ou “gotejar”, que lembra a imagem da beberagem mística do Soma, que é espremido entre placas de couro e goteja num pote ritual. Aquele que bebe do Soma ganha inspiração poética e se torna capaz de ouvir a voz dos antepassados.

O gotejamento também está associado ao orvalho matutino, mas, sobretudo à fertilização dos rebanhos, razão pela qual a palavra ushta significa “touro” ou “macho reprodutor”. A crença frequente entre os agricultores hindus de que a fertilidade masculina está ligada à capacidade de retenção de líquidos no corpo, nos leva de volta ao camelo, que tem como principal característica justamente sua capacidade de reter e armazenar a água – justamente em sua corcova.

Portanto, seja para ser fértil no campo da criação artística, seja para assegurar a continuidade e o fortalecimento da família, faça a postura do camelo com muita convicção. Você certamente, além da fertilidade, estará ganhando a resistência e a tenacidade de um camelo para levar até o final, com sucesso, cada um de seus projetos pessoais.

Carlos Eduardo Gonzales Barbosa dá aulas de Sânscrito e de Culturas da Índia desde 1982 e desde 2004 tem foco no Sânscrito falado. Dedica-se ao estudo da tradição do Yoga, em especial dentro da perspectiva dos Nathas.
Contato: carlos.eduardo@mais.comsite: www.yogaforum.org




Ayur-Yoga

Essa postura deve ser praticada com cuidado pelas pessoas de constituição predominantemente vata, que não devem mantê-la por longas permanências, pois todas as posturas de retroflexão, quando praticadas em excesso, trazem os elementos ar e espaço para nossa constituição, que já estão em excesso nos vatas.

É boa postura para pitta quando feita com moderação, usando a humildade para aceitar os limites do corpo e sem acirramento da competitividade.

É excelente para kapha, pois abre o peito e libera a mucosidade inerente a esse dosha.

Márcia De Luca é professora, praticante de Yoga e especializada em Ayur-Yoga. Dá um Curso de Formação de Professores sobre o assunto. É autora do livro Ayurveda – Cultura de Bem Viver (Editora de Cultura) e apresenta na Rádio Eldorado os Boletins Filosofia de Bem Viver. HYPERLINK "http://www.ciymam.com.br/" www.ciymam.com.br



Ustrasana - Alinhamentos e anatomia

Alinhamentos

Por Pedro Bara

Ustrasana quer dizer “postura do camelo”. O camelo apoia sua canela toda no chão quando ajoelha. Precisamos dessa base firme como uma “canela” de camelo para estender a coluna.

Em ustrasana separamos os pés na largura da bacia e criamos a pata de camelo: todos os dedos dos pés apontam para trás, bem abertos e apoiados no chão. Mantenha os joelhos no chão (se for preciso use uma manta dos pés aos joelhos) e o quadril sobre os joelhos com as mãos na bacia. Pressionando as canelas no chão, traga as coxas posteriores para frente e o cóccix para dentro, abrindo as virilhas anteriores.

Aproxime mais os cotovelos um na direção do outro e erga a caixa torácica longe da pélvis. Nessa postura a extensão acontece na coluna torácica. Traga mais firme as escápulas dentro das costas, eleve as costelas afastando-as do abdômen.

Mantenha a cabeça para frente e as mãos na bacia, empurrando os glúteos para baixo e afastados da lombar. Conforme o tronco se estende, leve as pontas dos dedos sobre os calcanhares (com o tempo de prática a palma da mão toca a sola dos pés).

Firme as mãos nos pés e traga a bacia para frente (geralmente ela se projeta para trás na descida), as coxas precisam estar perpendiculares ao chão. Quando na postura, a parte superior dos glúteos precisa relaxar e descer para longe da lombar.

É importante não contrair os glúteos um na direção do outro, pois isso comprime o sacro. Reafirme a ação das escápulas para dentro das costas e relaxe a cabeça para trás (somente se não tiver problemas na região cervical).

Para retornar, pressione as tíbias no chão, mantenha o esterno elevado e traga o tronco para a vertical e as mãos na bacia.

Anatomia

Fonte: Os Músculos Chave do Yoga - Ray Long (Traço Editora)

O ustrasana alonga o iliopsoas por meio da contração dos extensores do quadril e do tronco, incluindo o glúteo máximo. O alongamento é acentuado pela contração do quadríceps (incluindo o reto femoral, o qual está contraído de forma excêntrica).

Pedro Bara Zanotto graduado em Esporte pela USP. Praticante de Iyengar Yoga há 11 anos e certificado pela Associação Brasileira de Iyengar Yoga no nível Intermediate Junior 2. Professor e coordenador do Centro Iyengar Pôr do Sol. Ministra curso de formação de professores em Iyengar Yoga. www.centroiyengar.com.br



Ustrasana – Como praticar

Quando Usar

Por Analu Matsubara

O ustrasana é uma boa postura de extensão, que serve como ponte entre as chamadas baby backbends (como shalabasana, makarasana) e as extensões mais exigentes (urdhva dhanurasana, kapotanasana). Essa postura revigora o corpo, remove a fadiga e deve ser usada pelas pessoas com tendência a estados frequentes de melancolia.

Para Preparar

Por Márcia De Luca

Experimente fazer as seguintes posturas antes de praticar o ustrasana:

1. bhujangasana (postura da cobra)

Deite-se com a barriga contra o chão, apoie as mãos também no chão, abaixo dos ombros, faça uma respiração completa e leve sua consciência para a região lombar. Na próxima inspiração, empurre as mãos contra o chão e eleve o peito, mantenha a cervical alongada no prolongamento da coluna e leve os ombros para longe das orelhas. Uma variação menos intensa dessa postura pode ser feita mantendo os antebraços no chão. Mantenha a postura por cinco respirações, desfaça e descanse com a testa apoiada sobre as mãos. Repita mais duas vezes a postura. A postura da cobra prepara para o ustrasana flexibilizando a coluna e abrindo o esterno.

2. shalabasana (postura do gafanhoto)

Ainda deitado com a barriga no chão, mantenha os braços estendidos ao longo do corpo e as palmas das mãos voltadas para cima. Novamente faça uma respiração completa com a atenção na região da lombar. Na próxima inspiração, empurre o dorso das mãos contra o chão elevando o peito e os pés do chão. Mantenha o pescoço no prolongamento da coluna, sem tensão e contraia os glúteos. Alongue todo o corpo em um arco harmônico, como se quisesse aumentar a distância entre os pés e o topo da cabeça. Mantenha a postura por cinco respirações profundas, desfaça a postura e descanse com a testa apoiada sobre as mãos. Repita mais duas vezes a postura. O shalabasana ajuda a fortalecer a lombar e os glúteos.

Depois da postura completa pratique:

1. balasana (postura da criança)

Com os glúteos sobre os calcanhares, incline o tronco sobre as coxas apoiando a testa no chão. Mantenha os braços relaxados ao longo do corpo com o dorso das mãos apoiados no chão. O balasana compensa o esforço de hiperextensão da coluna causado pela prática do ustrasana.

Analu Matsubara formou-se pelo Studio Surya e é certificada internacionalmente pelo Ramamani Iyengar Yoga Institute em Puna, Índia. Hoje dá aulas regulares e uma Formação de Professores em Iyengar Yoga. http://tinyurl.com/yhwhmws

Márcia De Luca é professora, praticante de Yoga e especializada em Ayur-Yoga. Dá um Curso de Formação de Professores sobre o assunto. É autora do livro Ayurveda – Cultura de Bem Viver (Editora de Cultura) e apresenta na Rádio Eldorado os Boletins Filosofia de Bem Viver. www.ciymam.com.br



sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Agra para Iogues

Yoga no Amarvilas – Com um Yoga-menu especialmente criado por um Yogacharya residente, para equilibrar corpo, mente e espírito.

Water Yoga com Harish Chaturvedi – ele ensina a praticar Yoga na água e acredita que “Water Yoga” realmente ativa a energia e ajuda a afastar as doenças. Trabalha mais com crianças, mas você pode conhecer seu trabalho na piscina do Sports Stadium.Para tratamento

Taj Mahal – Descolorido pela poluição da cidade, o monumento também tem recebido um tratamento ayurvédico:

Multani Mitti é uma excelente máscara facial de limpeza com alta absorção de óleo da pele, muito usada por mulheres indianas, é a base da preparação para limpeza do monumento. Uma mistura de argila, cereais, leite e limão.

Atualmente, apenas veículos que não poluem o ar, carros elétricos, carroças puxadas por cavalos e camelos, rickshaws de bicicleta com homens pedalando e levando famílias podem aproximar-se do Taj Mahal.

Os veículos automotores ficam num estacionamento a 3 km de distância.

Melhores tratamentos e massagens:

Jaypee Hotel – tratamentos e terapias como shirodhara (tratamento feito com um fluxo contínuo de óleo na testa), ayurvedic body wraps, massagem com óleos quentes. Os terapeutas são muito bons e a acolhida é imperdível!

Ayurvedic Chikitsa Kendra – oferece consultas e tratamentos.

Não dá para perder

Fatehpur Sikri – A cidade fantasma de Fatehpur Sikri, fica a 40 km de Agra, se você vem de Jaipur, obrigatoriamente passa por ela. Construída pelo grande imperador mongol Akbar em honra a um santo – Saint Shaikh Salim Chisti. Hoje é uma cidade fantasma em perfeito estado de conservação. Foi habitada por vinte anos e abandonada pela escassez de água.


Após fazer o tour com seu guia, que vai contando tudo sobre a cidade e seus prédios, visite a mesquita e não deixe de ir ao túmulo de Shaikh Salim Chishti. Diz a história que ele ajudou uma das esposas do imperador a engravidar de um filho homem e até hoje as pessoas amarram um fio de algodão numa das treliças de mármore expressando seus pedidos e desejos e o santo concede sua benção e realização. É preciso dar uma pequena doação para ganhar seu fiozinho.


Templo Mankameshwar Mandir – Dedicado ao Lord Shiva, dizem que o Lingam coberto por metal prateado foi encontrado pelo próprio Lord shiva durante a era de Dwapara, quando Krishna nasceu em Mathura. Shiva veio do Monte Kailash para comemorações do nascimento e decidiu deixar o Lingam para que Krishna pudesse brincar em seu colo. Declarou que quem quer que vá até o Lingam com um desejo, este será realizado.


Uma dica: em visitas aos templos evite usar roupas ou acessórios de couro, bermudas, camisetas sem mangas, use chinelos fáceis de pôr e tirar.


Brahmakumaris Spiritual Museum, Telipara, Tajganj – indo para o Taj Mahal você vai ver à sua esquerda esse museu. Vale muito a pena visitá-lo, é um oásis de calma e bondade na agitada Agra.

Gallery of Spiritual Love and Wisdom.



Marlei é professora de Yoga e guiou muitos grupos pela Índia, Nepal, Tibete, Butão, Tailândia, Indonésia e Sri Lanka.
Para ver as histórias de suas viagens, acesse: www.omsharanam.blogspot.com
Para mais informações sobre roteiros: marleicaroli@gmail.com