Reduzir a violência não exige a atuação de policiais com o dedo no gatilho. Técnicas de meditação podem baixar consideravelmente os índices de crimes e de outras formas de conflito
Violência é um tema tão onipresente no noticiário mundial que dificilmente se consegue ficar à margem dele. No Brasil, por exemplo, são raras as pessoas que não passaram ou não conhecem quem passou por uma experiência do gênero. Como o problema atinge proporções planetárias, talvez seja recomendável revisitar alguns conceitos propostos há cerca de 40 anos por Maharishi Mahesh Yogi. Para quem não se lembra, esse controvertido guru indiano, que morreu em fevereiro, aos 91 anos, ficou mundialmente famoso por criar a meditação transcendental e associar - interesseiramente, diria John Lennon - sua imagem à dos Beatles, de quem foi instrutor espiritual por um curto espaço de tempo.
Maharishi declarou nos anos 1960 que se 1% da população mundial praticasse sua forma de meditação, as guerras desapareceriam da face da Terra. Como naquela época não havia meditadores suficientes para testar essa afirmação, a idéia pareceu mais uma bravata. Por volta de 1974, porém, mais de 250 mil norte-americanos já praticavam a meditação transcendental, e em muitas pequenas cidades o número de adeptos atingia 1% da população local. Foi a senha para o início dos estudos.
O primeiro deles foi realizado em dezembro de 1974. Os pesquisadores mediram indicadores da qualidade de vida em quatro das cidades que se encaixavam no perfil delineado pelo guru. Foram reunidos índices como estatísticas de crimes, taxas de acidentes e admissões em hospitais, comparados em seguida com os de outras quatro cidades que serviram como controle. Os números mostraram diferenças significativas: as taxas de crimes caíram nas cidades com 1% de meditadores e subiram nas outras (a tendência observada nos Estados Unidos como um todo).
A partir daí, a pesquisa se diversificou, sempre procurando conservar o rigor científico.
Em 1993 os pesquisadores ligados à Universidade Maharishi tiveram a oportunidade de testar a afirmação do guru indiano numa grande cidade com índices preocupantes de violência: Washington, a capital norte-americana. Estudos anteriores mostraram que, durante um período de seis meses em que a temperatura subia na cidade, os níveis de criminalidade também se elevavam - um fenômeno explicado pelo fato de as pessoas ficarem mais tempo nas ruas, agitadas e irritadiças. Um grupo de meditadores foi criado no início do semestre observado e gradativamente ampliado, até atingir 2.500 membros - o número previsto para conseguir o efeito positivo desejado, equivalente a algo em torno de 0,17% da população da capital (no final, o grupo chegou a 4 mil praticantes). Nesse momento, registrou- se uma queda expressiva nos índices de crimes, mesmo levando-se em conta todos os fatores que poderiam interferir nisso, como a meteorologia, fins de semana e feriados.
Segundo Hagelin, o trabalho foi desenvolvido com a polícia de Washington, o FBI e 24 cientistas sociais e criminologistas ligados a instituições como as universidades Temple, do Texas e de Maryland. "Previmos uma queda de 20% no índice de crimes e conseguimos 25%", conta o físico. Entre os surpreendidos com o resultado estava o chefe de polícia de Washington, que, antes do estudo, dissera à televisão algo como 'precisam cair uns 30 centímetros de neve em junho (mês quente em Washington - N. da R.) para reduzir o índice de crimes em 20%'. No fim, seu departamento dobrou-se às evidências e assinou como coautor uma monografia a respeito do caso ("Effects of Group Practice of the Transcendental Meditation Program on Preventing Violent Crime in Washington, D.C.: Results of the National Demonstration Project, June-July 1993", na edição de junho-julho de 1999 da revista Social Indicators Research).
Já existem mais de 60 experiências nas quais um número pequeno de pessoas, usando a meditação transcendental, conseguiu influenciar cidades e até países a reduzir sua violência. Como se explica isso? Hagelin arrisca uma resposta baseada na física quântica. Segundo ele, o fenômeno está ligado à vanguardista Teoria das Supercordas (que representaria a unificação das quatro forças fundamentais da natureza: a gravitação, o eletromagnetismo e as interações forte e fraca). Ela coloca um único e universal campo de inteligência na base de todas as formas e fenômenos conhecidos do universo.
"Experiências regulares do campo unificado relacionadas à técnica de meditação transcendental têm mostrado que dissolvem condições arraigadas de estresse no indivíduo, acarretando reduções marcantes em hipertensão, derrame cerebral, problemas do coração e outras doenças ligadas ao estresse", afirma Hagelin. "Quando praticado coletivamente em grupos, esse mesmo programa tem registrado uma redução efetiva do estresse e das tensões sociais."
Ele explica que, segundo a física, o acesso e o estímulo ao campo unificado promovido pelos grupos de meditadores da paz criam poderosas ondas de unidade e coerência que permeiam a consciência coletiva da população. O resultado imediato disso é uma sensível redução dos índices de crimes e de violência social, além do aprimoramento de tendências positivas entre a sociedade.
Maharishi e seus adeptos mostraram uma trilha promissora no combate à violência. Cabe agora a outros estudiosos e voluntários alargarem-na, verificando, por exemplo, se os mesmos resultados podem ser obtidos usando-se outras formas de meditação. Lugares para testar essas hipóteses não faltam - e a expectativa de retorno certamente vale o investimento.
Trechos retirados do texto Meditação no combate a violência do site: www.orion.med.br
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