A violência, assim como a paz, vem de dentro de cada um de nós.
Por Prem Baba
Vejo a cultura de paz se espalhando de forma bastante expressiva no Brasil, principalmente nesses dois últimos anos. É expressivo o aumento do número de pessoas que querem se aprofundar no estudo de si mesmo, compreendendo que os obstáculos para a realização da paz estão dentro, assim como a paz vem de dentro. Nosso ashram na Índia, na cidade de Rishikesh, recebe gente de todo o mundo, mas nesses dois últimos anos, fiquei surpreso com a quantidade de brasileiros que passaram por lá em busca de autoconhecimento e de aprimoramento no estudo e na prática do Yoga.
A aceitação do Yoga como uma filosofia de paz e bem-estar no Brasil acontece porque o Yoga, assim como alguns outros elementos do hinduísmo, é universal. Embora tenham chegado até nós através da tradição hindu, estes elementos pertencem a toda humanidade, são encontrados entre as tradições primitivas de muitos povos. Como a verdade que está além da forma, a inteligência que está além da mente pode captar a essência do que é transmitido, mesmo vindo de uma cultura tão diferente e distante quanto a indiana.
O problema
Sempre existiu violência no mundo, a diferença é que agora temos acesso à informação. A violência tem origem no esquecimento da nossa real natureza. Tudo aquilo que entendemos como maldade nesse mundo, são mecanismos de defesa criados contra choques de dor (abandono, rejeição, exclusão, humilhação). Assim, todo ato violento é um grito de socorro, é a única forma que a entidade humana em evolução encontra para pedir ajuda.
Quanto maior a violência, maior é a dor que uma pessoa carrega, maior é a sua inabilidade para lidar com a situação e maior o esquecimento de si mesmo. Isso se torna um círculo vicioso.
Se existe um agravante hoje em dia, diria que seria o consumismo exacerbado, que faz com que fiquemos encantados com o mundo exterior ao invés de buscarmos a paz dentro de nós mesmos.
A solução
A paz é possível quando nos libertamos da necessidade infantil de ser amado exclusivamente, que se manifesta na forma de querer que o outro faça do nosso jeito, na hora que queremos e como queremos. Pode ser de grande utilidade para a vivência da paz a experiência de deixarmos o outro livre, inclusive para não nos amar. Até porque amor forçado não é amor e porque aquilo que esperamos receber de fora (amor, reconhecimento ou a capacidade de realização) está dentro de nós.
A porta de acesso ao mundo interior, fonte de tudo de que necessitamos é a meditação.
A dica mais simples possível para quem quer começar a se aproximar da paz é parar por cinco minutos, quatro vezes ao dia e simplesmente ficar em silêncio observando o que se passa dentro de você. Ou algo um pouco mais desafiador: experimente deixar o outro ter a última palavra.
A sociedade é formada por indivíduos e somente mudando a si mesmo é que podemos influenciar o todo. Estamos condicionados a acreditar que a violência só acontece do lado de fora, no país vizinho e que são obras de assassinos, terroristas e pessoas de caráter duvidoso.
Não nos damos conta de que a indiferença com que tratamos nossos pares ou o jogo de acusações que fazemos para fugir da autoresponsabilidade em relação à nossa incapacidade de amar ou de ser feliz é a principal causa da violência no mundo. Somos sim cocriadores de tudo que acontece fora. A ideia de separação é só uma ilusão.
Assim, a paz começa dentro de nós mesmos. E pouco a pouco você poderá fazer paz com quem está perto de você, sua mulher, seus filhos e toda a sua constelação familiar, até que você deixe de se opor a quem quer que seja e aceite que cada um tem o seu destino. E se você não pode ajudar o outro a brilhar, ao menos não tente apagar a sua luz.
Prem Baba é um líder espiritual, espalha sua mensagem de paz por todo o mundo, é autor do livro "Acordando para a Paz, as Bases para a Construção de um Mundo sem Guerras" e participará do Yoga pela Paz 2009.
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