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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Cantar para Viver

Por Krishna Das Trecho do livro Cantar para viver: Minha busca por um coração de ouro, de Krishna Das, lançamento da Realejo Livros. Pré-venda AQUI    
 
Há momentos em que sabemos com toda a certeza que aquilo que acontece realmente não tem nada que ver conosco nem com as decisões que acreditamos tomar na vida. Eu estava com Ram Dass e um grupo de outros ocidentais em Bodh Gaya no outono [segundo semestre] de 1970. (Bodh Gaya é o lugar na Índia onde o Buda se sentou embaixo de uma árvore e atingiu a iluminação.) Nós tínhamos feito cinco cursos de dez dias de meditação vipassana seguidos, e parecia estar na hora de tentar encontrar Maharajji mais uma vez.  
Alguém chegou ao lugar com um ônibus Mercedes de turismo e ofereceu uma carona de volta a Déli ao grupo. Nós resolvemos ir para lá e tentar descobrir onde Maharajji podia estar.  
A viagem era longa, demoraria o dia todo. Um dos ocidentais que estavam no ônibus tinha visitado o mela (um grande encontro em um local sagrado em um momento astrológico altamente auspicioso) em Allahabad e disse: “Sabiam que há milhões de babas e sadhus tomando banho no rio naquele lugar sagrado? Que tal pararmos lá? Fica no caminho”. Se nós parássemos no mela, as chances de chegar a Déli naquela noite não seriam muito boas, então Ram Dass decidiu não parar. E, como ele era o mais velho, era o chefe.  
Com isso, uma enorme discussão começou: cada pessoa no ônibus dizia o que queria fazer. Durante muito tempo, Ram Dass foi incisivo na decisão de não parar, mas finalmente cedeu: “Certo, nós vamos até lá e damos uma olhada de alguns minutos, mas depois voltamos para o ônibus e vamos embora”.  
Quando entramos no imenso campo no fim da estrada onde o mela tinha acontecido, descobrimos que estava deserto. Os dez milhões de pessoas que tinham estado ali uns dez dias antes tinham voltado para casa. Então, enquanto o ônibus fazia uma curva enorme e longa no campo para voltar, alguém disse: “Tem um templo de Hanuman ali... que tal nós irmos fazer uma reverência a Hanuman antes de ir embora?”  
O ônibus se virou na direção do templo e estava percorrendo uma trilha para pedestres na beira do campo quando outra pessoa gritou: “Olhem, é Maharajji!”
E, lá estava ele, caminhando de encontro a nós, meio que rindo sozinho. Ele nem ergueu os olhos quando o ônibus passou. Mais tarde, o homem com quem ele estava caminhando, que descobrimos ser Dada, nos contou que Maharajji tinha dito: “Ah, eles vieram”, e continuou caminhando. O ônibus parou e nós todos corremos para fora para falar com ele. Ele disse: “Venham atrás de mim, venham atrás de mim”. Ele entrou em um riquixá pequeno com Dada, que saiu rodando pelas ruas estreitas com aquele ônibus Mercedes enorme e reluzente atrás, com todos aqueles ocidentais malucos dentro.
Nós o seguimos até uma casa, onde ele desceu do riquixá e entrou. Nós não sabíamos o que fazer. Enquanto esperávamos parados do lado do ônibus, a mulher de Dada saiu da casa e disse: “Venham, entrem e peguem sua comida. Hoje de manhã, Maharajji nos disse para preparar comida para 26 pessoas”. Nós éramos 25, mais o motorista. Nós compartilhamos uma ótima refeição e passamos um tempo maravilhoso com Maharajji naquela casa. 
Eu repassei na mente os acontecimentos dos dois dias anteriores e todo o planejamento da viagem a Déli para encontrar Maharajji. Lembrei toda a longa discussão a respeito de parar ou não no mela. Se eu realmente tivesse capacidade para entender, iria ver que ele mandava no show, e talvez assim minha mente se entregasse.  
Krishna Das participará do Yoga pela Paz 2011
20 de agosto: show e lançamento do livro no Espaço APAS. Ingressos AQUI.  21 de agosto: show gratuito no Parque Ibirapuera.
22 e 23 de agosto: workshop no YogaFlow CIYMAM. Inscrições: (11) 3168-5096


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