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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Caminho do Conhecimento

Por Leandro Castello Branco


O Vedanta é o conhecimento contido no final de cada Veda, e diz respeito ao autoconhecimento, ou seja, é o estudo que se propõe a revelar nossa real natureza. E o Vedanta afirma que nossa natureza é plena, fonte real de todas as nossas experiências de paz e felicidade. Isso pode até ser difícil de acreditar, visto que nossa vivência muitas vezes nos aponta o contrário (já dizia Vinícius de Moraes "tristeza não tem fim, felicidade, sim"). Mas, se você reparar bem, a experiência de felicidade que você tem ao tomar um sorvete, ao ganhar alguma coisa que sempre quis, a experiência de dar o primeiro beijo na pessoa que você ama ou de ter o primeiro filho, todas elas têm somente uma coisa em comum: você, feliz, completo.

Em suas mãos
Esse conhecimento nos diz que não são os objetos e conquistas que nos dão a sensação de felicidade, mas eles apenas nos mostram, por um breve momento, a felicidade que nós já somos. Ser feliz, estar bem consigo mesmo, já é algo que nós somos, o problema é que nos identificamos com o corpo, que é limitado, e a mente, que é limitada. E a tristeza é justamente a sensação de limitação, de falta, de carência. Mas, o verdadeiro "eu" é livre de limitação e, portanto, não afetado pela falta ou pela carência.

O Vedanta está sempre atual, pois fala sobre nós mesmos. As questões mais importantes do ser humano são sempre algo na linha de "quem eu sou?", "qual o meu papel nesse mundo?" ou "pra onde vou depois que eu morrer?". São questões sobre as quais o ser humano reflete, mas não tem como achar a resposta por si mesmo. É preciso um pramanam, um meio de conhecimento, e os Vedas são exatamente isso.

Assim como o os olhos são o meio adequado de se ver uma cor, o Vedanta é um meio adequado para conhecer sobre uma questão espiritual: aquela que transcende o poder de percepção dos seus sentidos e a sua capacidade de raciocínio. Se você quer saber sobre uma flor, você pode estudar botânica ou biologia, se quer saber sobre o espaço, pode estudar astronomia e física. Mas, o que você vai estudar quando quer saber de si mesmo? Este é o papel do Vedanta. E sendo que temos que conviver com nós mesmos 100% do nosso tempo, bem... "Quem eu sou?" é uma questão sempre atual.


Em seu devido lugar
O Vedanta nos diz que o problema fundamental do ser humano é a identificação errônea do ser humano com o corpo, com a mente e as emoções. E embora este seja um problema extremamente complexo, ele pode ser resumido em uma única palavra: ignorância. Quando você quer iluminar um quarto, não vai adiantar nada abrir uma lata de refrigerante. Você tem que acender uma luz. Da mesma forma, para dissipar a ignorância é preciso conhecimento, não existe outra opção, e este é o papel do Vedanta.

Dito assim parece simples, porém, nossa identificação com o complexo corpo/mente é extremamente forte, e é justamente por causa dessa conexão que podemos vivenciar o mundo como ele é. Então, além de tudo, é uma conexão necessária. Só que o mundo (e principalmente o mundo atual) nos passa a falsa ideia de que o corpo pode ser eterno, de que a mente pode ter tudo o que ela quer. Isso gera um conflito interno muito grave nas pessoas, pois a propaganda nos mostra algo que percebemos, cedo ou tarde, não ser verdadeiro.

Com o Hatha Yoga, você começa a recolocar cada coisa em seu devido lugar. Você começa a ver o seu corpo como um templo, sua mente como uma ferramenta. Com a prática de asanas (posturas) e pranayama (exercícios respiratórios), você começa a dominar os desejos, o que é fundamental para ter uma mente clara, capaz de discriminar. Então, o Hatha Yoga é uma excelente prática preparatória para o estudo dos Vedas.

A capacidade de discriminar é, fundamentalmente, o que nos separa de todas as outras formas de vida no planeta. E, sem perceber, numa vida turbulenta em que corremos de um lado para o outro, comemos qualquer coisa que nos apareça pela frente e abrimos mão do sono e do descanso, nós simplesmente nos desconectamos dessa capacidade. Quando não estamos trabalhando, estamos dormindo, quando não estamos fazendo nada disso, estamos nos divertindo. Não há mais tempo para a reflexão, para a introspecção. Se você tem uma prática de asanas e pranayamas sólida, essa disciplina provoca uma mudança na sua vida e isso acontece porque ela provoca uma mudança na sua mente.

Com o Hatha Yoga, podemos iniciar esse processo de nos reconectar com a nossa essência, começando por onde é mais fácil: pelo corpo físico. Depois, sutilizando a prática, usamos a respiração para começar a disciplinar a mente. A mente disciplinada acaba se interessando pelo questionamento interno, e do questionamento interno surge o interesse e a capacidade de estudar o Vedanta. Uma vida de Yoga é uma vida de autoestudo.

Cursos Relacionados:
Oficina de Vedanta
Dia: 15 de outubro
Local: YogaFlow CIYMAM (SP)
Informações: (11) 3849-6857

Retiro de Yoga e Vedanta com Leandro Castello Branco e Bruno Jones
Dias 21, 22 e 23 de outubro.
Local: Sítio Santanna, próximo a Itaipava (reg. serrana do Rio)
Informações - contato@saraswatistudio.com

Leandro é coordenador do Saraswati Studio de Yoga no Rio de Janeiro e pratica yoga desde o ano 2000. Morou seis meses na Índia em 2006 e desde então teve a oportunidade de viajar estudando vedanta, yoga e meditação com diversos mestres como Swami Dayananda Saraswati, S.S. o Dalai Lama e o mestre zen Thich Nhat Hanh. No início de 2009 recebeu iniciação como Brahmane, através do ritual Védico tradicional "Upanayanam". Estuda regularmente desde 2006 com a prof. Gloria Arieira, no Rio.
www.saraswatistudio.com e http://blog.bolsademulher.com/yogaeespiritualidade/


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