Desacelerando os momentos “comuns”

Por Parmatma Cris

Recebendo como um bálsamo o calor dos raios de sol no meu rosto em uma tarde de inverno, coloco o laptop no colo e inspiro devagar.... Segue uma longa exalação e começo a digitar.

Logo vêm à mente as palavras de Dan Millman “não existem momentos comuns” e, absorta nesse pensamento, percebo o gato siamês chegando devagarzinho. Ele salta em meu colo e, como uma pluma, vai leve e sem pressa se ajeitando no calor da minha barriga. Apoia a cabeça sobre meu antebraço e ali permanece feliz da vida, me aquecendo o ventre enquanto eu sigo digitando milagrosamente confortável.

Não leva mais do que alguns poucos segundos para que eu me perceba na riqueza deste momento “comum” e, assim como o gato, feliz da vida, desacelero ainda mais minha respiração e pouso o olhar em cada detalhe que o presente me oferece aos sentidos. Por mais alguns breves segundos, o tempo parece parar; eu abro um enorme sorriso e agradeço.

Venho percebendo que em meio aos muitos estímulos e compromissos do dia a dia, mais espaço, mais tempo e mais condições energéticas de vitalidade, criatividade e felicidade se abrem proporcionalmente quanto mais notamos que, de fato, não há mesmo momentos "comuns”. O mesmo acontece na prática do Vinyasa Flow Yoga.

Quando nos abrimos a um ritmo mais lento na respiração e nos movimentos, nosso olhar se torna mais leve e, assim, a mente se torna mais disponível a uma prática mais profunda e meditativa. Geramos espaço para mais equilíbrio e sinergia na dança de opostos, como leveza e intensidade, movimento e quietude, inspiração e exalação, desintegrando padrões de esforço e expandindo fluidez no vinyasa (movimentos em sincronia com a respiração) e em todos os demais momentos “comuns” e incomuns de nossa existência aqui na Terra.

Seja na prática do Yoga no tapetinho ou fora dela, sempre ao recebermos o presente extraordinário de cada sopro de vida, sempre que desaceleramos e tornamos nossa respiração mais fluida, profunda e livre, abrimos espaço e percebemos no corpo, na mente e no coração que não há momentos comuns, e que Espaço é o que Somos.

Om Shanti, Om Sat Chit Ananda, Namaste

P.S. E o gato continua deitado; só levantou para se espreguiçar e mudar de braço. Ainda bem! 

Curso relacionado:

Aulão de Slow Down Mandala Namaskar com Parmatma Cris

das 10h as 12h

Saiba mais AQUI.

Parmatma Cris Hatha participará do Yoga pela Paz 2011, é yogini desde a infância, foi bailarina pela Royal Academy de Londres. Há 15 anos vem se dedicando ao caminho do Yoga, da dança, antropologia e meditação, sendo Kundalini Shakti Yogini iniciada em diversas vertentes do Yoga. Foi Kharma Yogini residente do Parmarth Niketan de Rishikesh (Índia), onde conduziu sadhanas de Kundalini, Hatha, Kriya Yoga e Cinco Ritos Tibetanos sob a orientação de Sadhavi A. Saraswati, Gurmukh Kaur Khalsa e outros mestres queridos. Recebeu os ensinamentos de Kalachakra LaguTantra diretamente de Sua Santidade, o Dalai-Lama, em Dharamsala e NaadYoga de Guru Dev Singh, na Tailândia. Há três anos no Brasil, Cris vem compartilhando uma linguagem única na prática dos Cinco Ritos Tibetanos e do Vinyasa Flow, integrando a prática psicofísica e o bhakti yoga (yoga devocional), ao caminho do Yoga no dia a dia. Compartilha em suas aulas e retiros, a consciência de gratidão, comunhão e plenitude na ação.