Passando por Fatehpur Sikri pela primeira vez, deixei lá um cordãozinho amarrado na tumba do santo milagroso da cidade – Shaikh Salim Chisti. Eu tinha muitos pedidinhos na mente e no coração, resolvi escolher logo três, como se faz com a “fitinha do Bonfim”.
Cheguei a Agra na véspera do Valentine’s Day, 13 de fevereiro de um ano muito auspicioso.
E Agra lançou seu feitiço sobre mim! Casamentos, círculos de fogo, rituais, guirlandas, procissões animadas e dramáticas, coloridas e ruidosas, noivos em cavalos brancos, memória exótica ligada ao chamado de poder e amor do Taj Mahal.
Despertei de madrugada, já era dia 14 de fevereiro daquele ano auspicioso, e com o coração alegre, leve, feliz e cheio de magia. Agasalhei-me para ver o Taj Mahal, o maior símbolo de amor impresso na superfície da terra.
Para completar o percurso do estacionamento de ônibus até a entrada, fui em uma carroça puxada por um camelo muito mal-humorado, mas era tão incrível a situação que achei pitoresco até os resmungos dele. Sabe aqueles momentos que nada pode estragar sua felicidade?
Ainda escuro e com o ticket de entrada nas mãos, eu tremia de frio e alegria. A revista de corpo é obrigatória e tem também uma lista de objetos que não podem ser levados na mochila. Caminhei até o portal de entrada, magnífico, esperei o dia clarear.
O ar ficou mais gelado, mas eis que ele começou a surgir ao longe, rosa suave, como se estivesse esquentando na bruma fria seu mármore translúcido e cheio de cristais brilhantes, do rosa passou ao dourado, suave como um sonho.
Minhas pernas tinham vontade de atender meu coração e sair correndo para tocá-lo, ver de perto, estar, sentir, cheirar, ouvir, cantar Ommmmm dentro dele. E fiz tudo isso: entrei, toquei, cheirei, cantei e constatei que o monumento é mais imponente nos cartões postais, pôsteres e revistas. De perto, de dentro, não é tão grande, tem uma atmosfera acolhedora e que não intimida, convida a experimentar a beleza que pode ser criada pelo homem, como expressão de seu coração e ficar como impressão, como uma explicação para quem virá.
Sei de pessoas que não tiveram a mesma sorte, ou tiveram sorte maior, mas fiquei satisfeita com o que vi. Classifiquei como uma mistura de “extravagância e essencialidade”.
… Ah, os pedidinhos, todos se realizaram: no mesmo ano voltei várias vezes à Fatechpur Sikri, acompanhada por um amor cuidadoso e trilhando novos caminhos externos que abriram outros caminhos internos.
Deixei de ser turista (aquele que quando chega já está pensando na volta) e tornei-me uma viajante (aquele que não tem tempo para voltar).
Com tempo e dedicação comecei a estudar a história, cultura, geografia, filosofia, aspectos populacionais, tudo que pode ajudar a entender a Índia, sua reserva de crenças, lendas e rituais, aprender o vocabulário do mundo, oportunidade de me desfazer de bloqueios, foi como um mergulho no passado, no registro, ou mais simples que isso, a busca de uma verdade que existe em algum lugar.
Did you ever build a castle in the air? Here is one, brought down to earth, and fixed for the wonder of the ages...
(Bayard Taylor, American novelist 1855)
“É uma lágrima no rosto da eternidade!”
(Rabindranath Tagore, poeta indiano, 7 de maio de 1861 – 7 de agosto de 1941)
Marlei é professora de Yoga e guiou muitos grupos pela Índia, Nepal, Tibete, Butão, Tailândia, Indonésia e Sri Lanka.
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